Naja e Víbora-verde são recolhidas do Zoológico e viajam para São Paulo
As duas serpentes serão utilizadas pelo Instituto Butantan. Elas saem de Brasília após serem apreendidas pela PCDF
atualizado
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As cobras Naja kaouthia e Víbora-verde-de-Vogel, apreendidas após investigações da Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) que apontam Pedro Henrique Santos Krambeck Lehmkuhl como suspeito de tráfico de animais exóticos, foram levadas do Zoológico de Brasília no fim da tarde desta terça-feira (11/8). Elas irão para o Instituto Butantan, em São Paulo.
Os animais estavam no serpentário do zoo desde o dia 7 de julho. As serpentes foram colocadas em caixas especiais com sistema duplo de segurança para a viagem: a ideia é evitar que qualquer acidente ocorra no transporte delas por avião.
“O sistema é composto de uma trinca onde será colocado o cadeado e também tem um sistema de parafuso, que não permite elas saírem”, explica Carlos Eduardo Nóbrega, diretor de répteis e anfíbios do Zoológico.
Vários jornais também foram colocados na caixa para evitar pancadas bruscas contra a madeira. Por fim, a equipe fez pequenos furos nos recipientes para permitir a entrada de ar.
Além das duas serpentes, outras cinco cobras-do-milho também viajarão para São Paulo. Elas são produto de entrega voluntária de criadores. “Nessa caixa que é das corns (cobras-do-milho), tem um poleiro para os animais ficarem na parte de cima, caso queiram”, explica o biólogo.
Veja imagens:
Na semana passada, o Zoológico de Brasília havia manifestado o desejo de não ficar com as serpentes. A escolha de animais que integram o plantel do local é feita com base em um documento interno chamado Plano de Populações.
Ele é elaborado pela equipe técnica com propósitos de “conservação, educação e pesquisa, que priorizam espécies da fauna local e espécies contempladas por programas de conservação nacionais e internacionais que dependam de esforços humanos para não serem extintas”.
Segundo o zoo, espécies com alto potencial para educação ambiental e pesquisas científicas voltadas à conservação “também são prioridade para a instituição”. O conceito de apenas realizar a exibição de animais não é avaliado.
A instituição com a maior quantidade de serpentes registradas no país para fins científicos é o Instituto Butantan, referência em pesquisa biológica no Brasil, com 790 indivíduos. É de lá, inclusive, que veio o soro aplicado no estudante brasiliense após ele ter sido picado pela Naja que criava como animal de estimação. Em seguida estão a Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, com 271 cobras, e a Universidade Federal da Bahia, com 181.
Desde 2010, mais de mil pessoas morreram por conta de acidentes com cobras no país. Até julho deste ano, DF registrou 97 casos de pessoas picadas por serpentes em 2020.
“Fica, Naja”
Apesar de todas as justificativas, os brasilienses têm se manifestado a favor de poder visitar e conhecer a famosa Naja. A Ouvidoria-Geral do Distrito Federal (Ouv-DF) passou a receber pedidos para que a cobra permaneça em exposição na capital federal. Há solicitações, até, para que seja feita uma vaquinha virtual “para construção de um recinto especial para a mesma”.
Nas justificativas, os cidadãos argumentam que a cobra “será sempre motivo de curiosidade e, inclusive, de orgulho para todos os brasilienses, pois foi por meio dela que todo um esquema de tráfico de animais foi desarticulado pela Polícia Ambiental”, afirma um dos pedidos.
Nas investidas, os moradores do DF também preveem um aumento de visitantes no Jardim Zoológico de Brasília após o fim do período mais crítico da pandemia do novo coronavírus. “Acredito que após o retorno normal das atividades do Zoológico no período pós-pandemia, as visitas ao local aumentarão consideravelmente, o que poderia aumentar também o fluxo de caixa”, completa uma das solicitações.
Contudo, não há mais a possibilidade de permanência. A previsão, segundo a assessoria do Butantan, é que a Naja e demais cobras cheguem ao instituto na manhã desta quarta-feira (12/8).