Na Rodoviária, mulheres se manifestam contra crimes de maníaco
Cerca de 50 participantes se reuniram em ato e entoaram cantos como: “Parem de nos matar”
atualizado
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Cerca de 50 mulheres se manifestaram na Rodoviária do Plano Piloto, nesta quarta-feira (28/08/2019), contra os recentes casos de violência praticados por Marinésio dos Santos Olinto, 41 anos. Organizado pelas redes sociais, o ato pediu maior atenção à segurança do público feminino.
A escolha do terminal de ônibus para o protesto não foi por acaso. Como explica uma das líderes do grupo feminista 8M Unificado, Natália Stanzioni, 33, a finalidade da inciativa foi chamar a atenção para a insegurança do transporte pirata. “Muitas mulheres do DF têm a mesma rotina das vítimas: saem de casa cedo e voltam tarde e estão sujeitas a situações iguais. Precisamos de nos unir para que consigamos nos sentir seguras nas ruas”, frisa.
Segundo Natália, a ideia é também dialogar com homens, para que seja assegurada a liberdade das mulheres de ir e vir. “Estamos aqui pedindo para que parem de nos matar. Vieram várias militantes e outras se juntaram a nós depois de ver o grupo. É uma forma de jogar luz ao problema”, salienta.
A assistente administrativa Kaynnar Costa, 29, ficou sabendo do protesto e decidiu participar. Emocionada, especialmente pela morte de Letícia Souza Curado de Melo, 26, ela conta que as ações de Marinésio são mais um exemplo da falta de respeito que as mulheres sofrem na sociedade.
“Estou cansada de andar com medo na rua, de pensar duas vezes na roupa que vou usar, no caminho que vou fazer… Esse protesto, mesmo que pequeno, tem o objetivo de despertar a consciência nas pessoas”, enfatiza.
Já a aposentada Ana Liesi Thurler, 75, se diz revoltada por precisar realizar esses protestos desde os anos 1980. “Há mais de 30 anos, participei de um ato igual, após a morte de uma estudante da Universidade de Brasília (UnB). É um quadro de persistência da violência. Não podemos admitir que a morte das mulheres seja naturalizada”, destaca.
O acusado
Marinésio pode ser o responsável por ao menos 13 ataques a mulheres, incluindo Letícia, que morreu assassinada na última sexta-feira (23/08/2019), e outras que estão desaparecidas até hoje – além de vítimas que conseguiram fugir das agressões do criminoso. As acusações são de assédio sexual, estupro e homicídios.
Ele morava com a esposa e a filha, uma adolescente de 16 anos, em uma casa humilde no Vale do Amanhecer. Tinha uma vida acima de qualquer suspeita. O homem de 1,60 m de altura é considerado calmo. “Vivi com ele muitos anos [19, no total] e não sabia de nada. Era um bom marido e bom pai. Nunca agrediu minha filha. Estamos arrasadas”, disse a companheira de Marinésio.
Após ser preso, o cozinheiro desempregado confessou ter matado duas mulheres e afirmou que pagará pelos crimes. “Só peço desculpas a todos. Minha família não merecia estar passando por isso. Vou pagar o que eu fiz”, disse. Marinésio foi detido na madrugada de domingo (25/08/2019) pelo assassinato de Letícia Sousa Curado, funcionária terceirizada do Ministério da Educação (MEC) que estava desaparecida desde a sexta-feira (23/08/2019).
As declarações foram dadas na segunda (26/08/2019), na 31ª Delegacia de Polícia (Planaltina), região administrativa onde Letícia morava com o marido e o filho, uma criança de apenas 3 anos.
O criminoso agia sempre com o mesmo modus operandi: as vítimas eram abordadas em paradas de ônibus ou em rodoviárias pelo suspeito, que se passava por loteiro (motorista de lotação).
O homem usava sua Blazer prata, placa JFZ 3420-DF, nos crimes. O carro passou por análise minuciosa do Instituto de Criminalística da Polícia Civil. Os peritos buscam principalmente material genético das vítimas no veículo. Fios de cabelos e sangue, caso sejam encontrados, podem ser confrontados com o DNA das pessoas que acusam o maníaco de crimes graves, como abuso sexual.