Na pandemia, DF atinge maior taxa de mortes causadas por uso de álcool
Informe da Secretaria de Saúde mostra que, em 2020, cerca de 20 a cada 100 mil pessoas morreram de doenças causadas pelo abuso da substância
atualizado
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Durante o início da pandemia de Covid-19, o Distrito Federal atingiu a maior taxa de mortalidade por uso excessivo de bebidas alcoólicas. De acordo com um informe técnico publicado pela Secretaria de Saúde do DF (SES/DF), em 2020, a cada 100 mil habitantes, 20,2 morreram por doenças causadas pelo abuso da substância.
Em 2019, essa taxa era de 19,2. Em 2012, quando teve início a série histórica, era de 17,3. Entre 2012 e 2020, o aumento foi de 2,9 óbitos a cada 100 mil habitantes.
As regiões de Taguatinga, Recanto das Emas e Samambaia são as com maior mortalidade ao longo dos anos. Márcia Vieira, gerente de Vigilância de Doenças e Agravos não Transmissíveis e Promoção à Saúde da SES/DF, explica que a pandemia do novo coronavírus é um dos fatores que contribuiu para o aumento da taxa em 2020.
“As pessoas ficaram em casa, mais deprimidas, e o consumo passou a ser maior e com menos controle. As doenças consideradas neste estudo são aquelas geradas pelo consumo excessivo, como cirrose hepática e degeneração do sistema nervoso. As áreas de maior prevalência são da periferia”, diz.
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A gestora explica que, considerando apenas a questão de saúde, há um máximo de doses de bebida alcoólica que uma pessoa pode ingerir por mês, a média seriam de cinco doses. “Essas doses variam por bebida, mas são milímetros. Em uma ida ao bar, é comum se beber bem mais que isso e, assim, ter um consumo prejudicial à saúde”, completa Márcia.
Doenças
De acordo com a Organização Pan-Americana de Saúde (Opas), o consumo de álcool é um fator causal em mais de 200 doenças e lesões. Algumas delas são:
- Cirrose hepática
- Câncer de cavidade oral ou laringe
- Pancreatite
- Degeneração do sistema nervoso
- Fibrose e esclerose no fígado
- Gordura no fígado
- Transtorno psicótico
- Gastrite
- Acidentes de trânsito
Álcool entre adolescentes
Segundo Márcia, em 2019, cerca de 67,4% dos adolescentes brasilienses de 13 a 17 anos já haviam experimentado bebida alcoólica. “Com certeza, nos últimos anos, essa porcentagem aumentou. Esse grupo está tendo cada vez mais contato com essa substância e, como os adolescentes ficaram dois anos sem aulas presenciais, que é onde eles aprendem sobre os malefícios dessa prática, o consumo pode ter aumentado”, diz.
O informe da secretaria apresenta algumas recomendações a serem consideradas pela pasta a fim de diminuir o problema. Entre elas, há o fortalecimento de apoio às legislações que regulem e fiscalizem o consumo de álcool; a promoção de ações preventivas em todas as regiões administrativas; e foco da assistência social na população considerada vulnerável e com maior taxa de mortalidade.
Atualmente, uma das formas de combate da pasta é a disponibilização de grupos de Alcoólicos Anônimos. O Centro de Atenção Psicossocial Álcool e outras Drogas (Caps Ads) atende pessoas maiores de 16 anos, que apresentam intenso sofrimento psíquico decorrente do uso nocivo e dependência de álcool e outras drogas. Os profissionais oferecerem apoio de forma contínua, incluindo feriados e finais de semana, além de acolhimento noturno.
Esse centro tem unidades na Asa Norte; Brazlândia; Ceilândia; Guará; Itapoã; Paranoá; Planaltina; Recanto das Emas; Riacho Fundo I; Samambaia; Sobradinho; e Taguatinga. Os endereços e contatos de cada centro podem ser acessados neste link.
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