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Na miséria. GDF suspende pão, reduz leite destinado a creches e ONGs e não paga há dois meses benefício a famílias carentes

Cortes têm obrigado instituições a adotarem medidas alternativas para manter funcionamento. Algumas reduziram número de atendimentos. Outras estão sobrevivendo com doações

atualizado

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1 de 1 homemade milk in glass - Foto: iStock

Nem os programas sociais do Governo do DF escaparam da tesoura do governador Rodrigo Rollemberg (PSB). Com o orçamento curto, a distribuição de pão, leite, queijo e iorgurte a creches e entidades filantrópicas que atuam na reabilitação de viciados e alcoólatras está comprometida. Alguns contratos se encerraram e não foram renovados. E não é só isso. Há dois meses não é feito o pagamento do benefício do DF sem Miséria (programa de combate à extrema pobreza) a 62 mil famílias carentes.

Os cortes têm obrigado as instituições a adotarem medidas alternativas para manter o funcionamento. Algumas reduziram o número de atendimentos. Outras estão sobrevivendo com doações da comunidade. E tem aquelas que podem fechar as portas a qualquer momento por falta da ajuda que recebem do governo.

Desde abril do ano passado, as 191 instituições atendidas pelo Programa de Provimento Alimentar Institucional (Provisan) não recebem o pão que era doado pelo GDF. Sabrina Saraiva, de 31 anos, responsável técnica da ONG Meio Ambiente e Tratamento das Adicções (MATA), afirma que a situação ficou mais complicada após o corte do benefício.

A gente trabalhava na reabilitação de 18 homens. Agora, tendo que comprar os ingredientes para confeccionar o pão, tivemos que reduzir o número de vagas para 10. Uma cozinheira colaboradora vem até a instituição e produz os pães para os internos.

Sabrina Saraiva, responsável técnica da ONG MATA
Sabrina Saraiva/Arquivo Pessoal
Na ONG de Sabrina, uma cozinheira voluntária faz o pão para os internos

 

De acordo com Sabrina, a verba foi cortada após a troca de comando no Palácio do Buriti no ano passado: “Antes, recebíamos o pão e o leite. Como o contrato com a empresa que fornecia o pão foi cancelado, houve o corte no auxílio”.

Sem previsão
A dificuldade é compartilhada pelos colegas. Um representante de outra instituição, que preferiu não ter o nome revelado, afirmou que a ajuda vinha com o pão, o leite, o iogurte e o queijo. “O leite e os derivados agora vêm em quantidades menores e não há previsão de quando será normalizado”, relata, indignado. A situação se repete desde outubro do ano passado, segundo ele.

“O governo gasta R$ 12 milhões com publicidade e corta o nosso pão?”. De acordo com ele, os produtos são importantes, já que os R$ 30 que recebem por dia para receber os pacientes são insuficientes para mantê-los.

Por conta disso, está tendo dificuldades para levar pacientes a consultas externas, para comprar alimentos e pagar funcionários. Os salários estão atrasados e está difícil fechar as contas da instituição no fim do mês. Estamos em um colapso financeiro tremendo”, completou.

Segundo a Secretaria do Trabalho, Desenvolvimento Social, Mulheres, Igualdade Racial e Direitos Humanos (SEDHS), o fornecimento de pão encontra-se suspenso em função da rescisão do contrato anterior. Em nota, a pasta completou que está reformulando um novo contrato para que o auxílio seja retomado.

Falta de pagamento
Os atrasos não atingem apenas o pão e o leite. Mais de 62 mil beneficiários do DF Sem Miséria – complemento do Bolsa Família no Distrito Federal – também têm sofrido com a falta de pagamento. São duas parcelas atrasadas, correspondentes aos meses de novembro e dezembro do ano passado.

De acordo com a SEDHS, os benefícios do décimo primeiro mês de 2015 serão depositados na próxima semana. O programa concede auxílios mensais que variam de R$ 20 a R$ 800.

A pasta afirma ainda que “por recomendação do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS), o Palácio do Buriti está fazendo a averiguação cadastral de 7.903 beneficiados pelo Bolsa Família”.

A nota diz ainda que, “paralelamente, a SEDHS, responsável pelos programas sociais do DF, também está fazendo a revisão de 21.148 beneficiados.”

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