Youtuber tenta reaver Lamborghini de R$ 3 milhões, mas Justiça nega
A defesa alegou que a manutenção dos carros sob o cuidado do Estado oferece riscos, pois eles estariam expostos a adversidades climáticas
atualizado
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A Justiça do Distrito Federal negou, pela segunda vez, o pedido feito pela defesa do youtuber Kleber Rodrigues de Moraes, mais conhecido como Klebim, para restituir a Lamborghini Huracán e mais 19 veículos de luxo apreendidos pela Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) na “Operação Huracán”, que apurou lavagem de dinheiro fruto de rifas clandestinas.
O superesportivo avaliado em cerca de R$ 3 milhões era usado pelo influencer, apontado como líder da suposta organização criminosa. A defesa dele alegou que a manutenção dos carros sob o cuidado do Estado “traz elevado risco de avarias nos bens”, pois estariam expostos a adversidades climáticas, em local aberto e sem qualquer tipo de proteção.
O Ministério Público do DF e Territórios (MPDFT) requereu o indeferimento do pedido, alegando que os bens estavam diretamente relacionados à prática das atividades ilícitas. Chamada a se manifestar, a PCDF apontou que os automóveis estão abrigados em depósito coberto e protegidos da ação do tempo.
Por meio de nota, a defesa de Klebim disse que não tentou reaver a Lamborghini, tampouco pediu para devolver os veículos apreendidos na ocasião em que foi deflagrada a operação Huracán.
Leia a nota na íntegra:
“A defesa do influencer Klebim vem esclarecer que não tentou reaver o veículo Lamborghini, tampouco pediu para devolver os veículos apreendidos na ocasião em que foi deflagrada a operação Huracán. Em verdade, o único pedido formulado perante a Justiça do DF foi no sentido de que alguns dos veículos apreendidos fossem colocados na posse do influencer, na condição de fiel depositário, tão somente para preservar a integridade dos bens, que estavam deteriorando a céu aberto no pátio do Polícia Civil. O referido pedido, contudo, foi superado em razão de a Autoridade Policial ter providenciado, poucos dias após o pleito, o armazenamento dos veículos em um galpão coberto, medida condizente com a pretensão inicial da defesa. É importante destacar que o veículo Lamborghini não constava do pedido formulado, uma vez que foi guardado em local coberto desde o dia da apreensão”, disse.
Veja fotos da operação:
A operação
Em março deste ano, a PCDF cumpriu quatro mandados de prisões temporárias e sete de busca e apreensão. Também determinou o sequestro de nove carros de luxo, como Ferrari, Lamborghini e Mercedes, assim como o arresto de uma mansão no Park Way avaliada em R$ 4 milhões. A corporação ainda pediu o bloqueio de R$ 10 milhões das contas de quatro investigados e de três empresas envolvidas no esquema criminoso.
As investigações da Operação Huracán apontaram que o influenciador digital utilizava seus perfis nas redes sociais para promover e realizar sorteios de veículos de luxo, com sofisticados sistemas de som e customização. Klebim e outros três alvos foram presos temporariamente pelos crimes de lavagem de dinheiro e exploração de jogos de azar.
Lavagem de dinheiro
De acordo com as apurações, os sorteios não eram autorizados pelos órgãos competentes. Além disso, o youtuber não recolhe impostos. Klebim, segundo a polícia, lavava o dinheiro dos sorteios com a aquisição de veículos superesportivos, que eram registrados em nome de laranjas – incluindo a mãe do influenciador – e empresas de fachada.
Além de Klebim, também foram presos Pedro Henrique Barroso Neiva, Vinícius Couto Farago e Alex Bruno da Silva Vale, acusados de integrar o esquema criminoso. Todos teriam ajudado a movimentar as rifas clandestinas e auxiliado na entrega dos veículos; posteriormente, receberam comissões em dinheiro, pagas pelo influenciador digital.
A DRF identificou que o esquema era altamente lucrativo e apurou que os criminosos movimentaram R$ 20 milhões em apenas dois anos.
Rifa clandestina
A rifa é prática ilegal, de acordo com o Ministério da Economia, responsável por regrar e fiscalizar loterias e jogos de azar no país. Segundo a pasta, ainda que o dinheiro sirva para bancar projetos de veículos, ou que o montante seja total ou parcialmente direcionado para caridade, a prática é considerada clandestina e irregular.
A legislação permite sorteios e rifas com venda de cotas apenas para instituições filantrópicas e mediante autorização especial – nesse caso, os sorteios devem ser realizados necessariamente via Loteria Federal. De acordo com o órgão, “a exploração de bingos, loterias e sorteios é atividade ilegal e constitui contravenção penal”, além de ser um “serviço público exclusivo da União”.
Por meio de nota, o ministério informou que, se houver comprovação de prejuízos a qualquer participante, poderá ser configurado ilícito penal ou, “no mínimo”, lesão ao consumidor.