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Vítima fala de ameaças do bombeiro golpista: “Dizia que ia matar e enterrar no quintal de casa”

Vítima relatou ter se relacionado com o bombeiro por cinco meses. “No início, era um príncipe”, contou à coluna Na Mira

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Sob condição de anonimato, por motivos de segurança, uma servidora da Secretaria de Saúde do Distrito Federal (SES-DF) relatou à coluna Na Mira momentos de terror vividos ao lado do terceiro-sargento do Corpo de Bombeiros do Distrito Federal (CBMDF) Raphael Martins Zille Ferreira, 38. O bombeiro é acusado de estelionato amoroso por 18 mulheres.

A vítima relatou ter se relacionado com o militar por cinco meses. “No início, era um príncipe. Até que diversas mulheres me procuraram no Instagram. Avisaram sobre os golpes. Eu o questionei, mas ele negava tudo, dizia que eu era louca, que não existia outra mulher na vida dele”, contou.

“Toda semana, a gente saía junto, como casal, e ele não se importava em tirar fotos. Paguei várias vezes restaurantes caros. Ele falava que passaria o Pix depois, e nada”, continuou a vítima.

A servidora pública acrescentou ter ajudado financeiramente o suspeito a construir uma casa. Ainda de acordo com o relato da vítima, o sargento tem uma coleção de facas e gostava de exibir os armamentos para as companheiras.

“Certa vez, ele falou que as facas eram ótimas e [que] me cortaria fácil. Também tem armas. Ele chegou a ameaçar uma outra mulher, dizendo que a mataria e enterraria no quintal de casa”, revelou.

Confira alguns dos relatos das vítimas:

Histórico

Sedução, lábia afiada e muito jogo de cintura são traços fortes da personalidade do terceiro-sargento do CBMDF. Ao menos cinco ocorrências contra ele foram registradas na Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF). Todas apuram o caso do militar que chegou a noivar, simultaneamente, com seis mulheres em um ano.

Raphael figura como investigado em uma das ocorrências policiais registrada por uma vítima. A mulher em questão se relacionou com o militar por cinco anos e tem uma filha com ele.

Além de ter uma série de namoradas – muitas na condição de noivas –, o terceiro-sargento desenvolveu uma espécie de “pirâmide do amor”, que funcionava com uso do dinheiro das vítimas. Ao pedir valores em espécie ou presentes para uma delas, o militar repassava os mimos para outra, e assim por diante.

Por exemplo: uma das vítimas contou ter comprado dois smartwatches a pedido do bombeiro. No entanto, ela descobriu que o militar havia dado os relógios de presente para outra namorada.

A vida fácil do sargento seguia o mesmo ritmo quando ele queria almoçar ou jantar em restaurantes caros. Geralmente, a conta era paga pela namorada que o acompanhava.

Veja fotos do bombeiro acusado de estelionato amoroso por 18 mulheres:

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Militar é acusado por 18 mulheres de ter cometido estelionato amoroso
O sargento chegou a manter, simultaneamente, relacionamento com seis noivas
As mulheres acusam o militar de ameaça. Ele chegou a pedir dinheiro emprestado a uma das namoradas, com o objetivo de comprar aliança para outra
As vítimas bancaram o acabamento da casa do bombeiro e identificaram o que cada uma delas comprou
O sargento participava de várias festas como noivo de pelo menos seis mulheres ao mesmo tempo
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O bombeiro ameaçou matar uma das vítimas caso ela terminasse o relacionamento

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Militar é acusado por 18 mulheres de ter cometido estelionato amoroso

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O sargento chegou a manter, simultaneamente, relacionamento com seis noivas

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As mulheres acusam o militar de ameaça. Ele chegou a pedir dinheiro emprestado a uma das namoradas, com o objetivo de comprar aliança para outra

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As vítimas bancaram o acabamento da casa do bombeiro e identificaram o que cada uma delas comprou

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O sargento participava de várias festas como noivo de pelo menos seis mulheres ao mesmo tempo

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Casa bancada

Os presentes e pedidos de dinheiro emprestado não eram suficientes para conter a sanha do militar em explorar as mulheres. O bombeiro construiu uma casa no Jardim Botânico e usou várias das namoradas para bancar benfeitorias no imóvel.

As vítimas pagaram desde uma banheira para a mansão, passando pela instalação do piso, até cortinas, pias e torneiras. Quase todo o acabamento teria sido financiado por algumas das mulheres, que acreditavam estar em um relacionamento sério e promissor.

A rede de mentiras tecida pelo militar era calculada friamente, segundo uma das vítimas ouvida pela coluna Na Mira. “Ele não tinha a menor preocupação de ser fotografado, filmado ou sair de mãos dadas com as tantas namoradas e noivas em lugar público. O Raphael chegava a republicar fotos no Instagram, mas bloqueava temporariamente as mulheres com que ele se relacionava e, depois, desbloqueava, quando as fotos saíam dos Stories”, contou.

O bombeiro enredava as mulheres de tal forma que participava de eventos familiares com cada uma das vítimas, viajava com elas e ainda encontrava tempo para marcar presença nos fins de semana.

“Depois, descobriram que ele tomava café com uma, almoçava com outra e jantava com a próxima da lista. Ele sempre foi muito frio e conseguia criar desculpas para sustentar a falsa relação”, relatou uma das mulheres que comprou uma série de eletrodomésticos para a casa do militar.

Ameaça e coação

Quando uma das mulheres descobria as traições, o bombeiro se tornava ainda mais abusivo. De acordo com uma das vítimas, que demorou a se libertar do relacionamento, o terceiro-sargento fazia questão de frisar que tinha uma arma e uma grande coleção de facas.

Ao tentar terminar a relação, a vítima teria ouvido do militar: “Se você arrumar outro homem, vou te matar e te enterrar no quintal da minha casa”.

As ameaças e coações ocorriam, quase sempre, pessoalmente, para evitar que as mulheres juntassem provas contra o bombeiro. Em algumas ocasiões, as vítimas eram vigiadas, perseguidas e tinham a casa rondada ou até invadida pelo militar.

“Muitas mulheres que se relacionaram com ele ficaram com medo e, até hoje, não conseguiram ter coragem de denunciá-lo, mas outras tomaram a frente e estão registrando ocorrência, para tentar acabar com esse ciclo de abusos e violência”, disse uma das vítimas.

A coluna Na Mira apurou que o militar tem seis filhos, com seis mulheres diferentes, e reconheceu a paternidade de apenas um. Após o pedido de medidas protetivas por parte de uma das vítimas, o bombeiro passou a evitar citá-la, para que a medida não entre, oficialmente, em vigor.

A investigação do caso corre na Delegacia Especial de Atendimento à Mulher (Deam), onde cinco vítimas registraram ocorrência e prestaram depoimento.

O Metrópoles tentou contato com Raphael Zille, por meio de redes sociais atribuídas ao militar, mas, até a mais recente atualização desta reportagem, o bombeiro não havia respondido. O espaço segue aberto para eventuais manifestações.

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