Vídeo. Pai de militar da FAB morto no Ministério da Defesa: “Perdoo o assassino”
O pai do militar disse que recebeu a notícia sobre a tragédia por telefone, por um parente. “Me disseram que eu precisava ser forte”
atualizado
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Emocionado e abraçado a uma fotografia do filho, Wilson Ferreira Duarte, 51 anos, afirmou em entrevista exclusiva ao Metrópoles que perdoa o militar Felipe de Carvalho Sales, 19, assassino do rapaz. O soldado da Aeronáutica, Kauan Jesus de Cunha Duarte, 19, foi morto com um tiro na cabeça, durante a troca de turno no Ministério da Defesa. O crime aconteceu no último sábado (19/11) , por volta das 7h, no alojamento da guarda.
Wilson contou que ficou sabendo sobre a tragédia por telefone, em uma ligação feita por um parente. “Me disseram que eu precisava ser forte. Logo desconfiei que havia acontecido alguma coisa com meu filho. Sempre acreditei que ele estava seguro quando estava de serviço, rodeado de militares. Cheguei a questionar a Deus o motivo pelo qual meu filho havia sido levado dessa forma. Mas hoje eu perdoo o Felipe”, desabafou.
O pai do rapaz contou que pretendia levar o filho a um jogo de futebol no último domingo, dia em que acabou enterrando Kauan. “Ele era muito querido por todos que o cercavam. Uma multidão foi ao velório, inclusive colegas de farda. Apesar da dor, preciso agradecer à Aeronáutica pelo suporte, pelas homenagens e pela pronta resposta em apurar o crime com rigor”, disse.
O pai do militar contou que, apesar de muito jovem, Kauan era arrimo de família e ajudava a pagar as contas em casa, além de ajudar alguns parentes, como uma tia. “Ele era o pilar de sustentação da família e tinha um senso de responsabilidade. O Kauan estava realizando um sonho, ao entrar para as Forças Armadas. Ele brincava dizendo que eu não precisaria mais trabalhar. Agora todos os sonhos se foram”, emocionou-se.
Assista à entrevista com o pai de Kauan Jesus:
Advogados surpresos
Os advogados que defendem a família do militar, Wilibrando Bruno e Walisson dos Reis, se disseram surpresos ao descobrir que o autor do disparo que matou Kauan tinha o hábito de “brincar” com a pistola nove milímetros. “A informação é que o Felipe costumava apontar a arma para os colegas, dizendo que poderia acontecer tal consequência se ele disparasse, como a pessoa ficar paraplégica ou morrer”, disse Wilibrando.
O disparo contra a vítima, efetuado por Felipe, não seria um fato isolado, segundo Walisson. “Pelo que apuramos, Kauan estava ao lado de um colega assistindo a um vídeo pelo celular quando foi atingido e caiu, já sem vida, no colo do outro soldado. Esses jovens passam a ter contato com armas de fogo muito cedo. A informação que temos é que o o autor tinha esse costume, de brincar com a pistola”, ressaltou.
Veja a entrevista com os advogados:
O caso
O militar Felipe de Carvalho encostou o cano de uma pistola na lateral da cabeça de Kauan ao executá-lo. A coluna teve acesso a detalhes da perícia feita pelo Instituto de Criminalística da Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF), que mostram como ocorreu o homicídio.
Na manhã do último sábado, por volta das 7h, Felipe brigou com Kauan durante a troca de turno, antes de sacar a pistola e atirar contra a cabeça do colega. O corpo da vítima foi encontrado dentro do anexo do ministério. O Corpo de Bombeiros foi acionado, mas o soldado já estava morto quando a ambulância chegou.
Veja imagens do caso:
Como se trata de um crime militar, o inquérito será conduzido pela FAB. Em nota, o Ministério da Defesa lamentou a morte do militar e afirmou que vai acompanhar as investigações sobre o caso.
“É com profundo sentimento de tristeza e pesar que o Ministério da Defesa lamenta o incidente ocorrido, na manhã deste sábado (19/11), no alojamento da guarda, localizado no prédio anexo da pasta, e que vitimou, por meio de disparo de arma de fogo, um militar da Força Aérea Brasileira (FAB)”, diz a nota.
“O Ministério rende as condolências aos familiares e amigos, pela irreparável perda. Neste momento de dor, a Defesa une-se às manifestações de solidariedade e de apoio à família, bem como acompanha a apuração e a investigação dos fatos, a serem conduzidas pela Força Aérea”, completa o texto.