Vídeo: advogado pichador interrompe coletiva de senadores e ataca PT
Claudemir Parisotto foi identificado, detido e apontado como responsável por vandalizar monumentos na Esplanada dos Ministérios
atualizado
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Em uma abordagem constrangedora, o advogado Claudemir Antônio Parisotto, de 48 anos, investigado pela Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) por pichações com ataques ao Partido dos Trabalhadores (PT), interpelou senadores com comentários sobre uma suposta “droga comunista”.
O defensor, que chegou a ser levado para a 5ª Delegacia de Polícia (Área Central), foi filmado durante coletiva de imprensa concedida pelos senadores Lasier Martins e Eduardo Girão, ambos do Podemos. Antes de os repórteres fazerem qualquer pergunta, o advogado bolsonarista chamou a atenção dos parlamentares ao afirmar que ele e o vice-presidente eleito Geraldo Alckmin haviam sido “drogados por petistas”.
Parisotto, que deixou os senadores visivelmente constrangidos, disse, ainda, que tentaram evitar que ele chegasse ao DF. “Senador Martins, esta Casa talvez não esteja sabendo, eu sou advogado de Chapecó (SC) e está circulando no meu corpo e no corpo do Geraldo Alckmin a droga LSD. Ela controla o racional da pessoa. Desembarquei no aeroporto no dia 4 de maio e me deram a droga no voo para eu não estar aqui, agora. Mas eu me recuperei. A droga não vicia, mas controla o subconsciente”, disse.
Veja a abordagem do advogado aos senadores:
Exame sanguíneo
Visivelmente constrangido com a paralisação da coletiva, o senador Lasier Martins resolveu responder Claudemir . “Sugiro que o senhor se submeta a um exame médico para extração do sangue e que possa verificar a confirmação do que o senhor está falando”, respondeu.
O advogado se tornou alvo de investigação da PCDF após as primeiras pichações estamparem a fachada dos ministérios da Saúde e da Agricultura. Integrantes do 6º Batalhão da Polícia Militar (BPM) começaram a patrulhar a região a fim de tentar localizar o vândalo. Poucos dias depois, policiais legislativos do Senado Federal chegaram a correr atrás do suspeito, mas não o alcançaram. No entanto, o pichador deixou cair uma mochila.
Com a pista, as autoridades descobriram a identidade do homem que estava manchando os monumentos com ataques ao PT e alguns políticos ligados à legenda. Mesmo assim, ele não parou e ainda sujou as paredes do Museu Nacional da República, os Anexos do Senado e da Câmara dos Deputados. O Ministério das Relações Exteriores e a Catedral de Brasília também não escaparam.
Veja imagens das pichações:
Saiba quem é o pichador:
Lata de spray
Todos os ataques ocorreram entre os dias 22 e 24 de novembro. Já na quarta-feira (1º/12), PMs patrulhavam a região quando viram o pichador em frente ao Ministério da Defesa. Depois de abordado, o homem se identificou como advogado. Ele portava uma lata de tinta spray idêntica à que foi usada para pichar os ministérios. Com isso, ele foi levado para a delegacia.
Em depoimento, o advogado confessou que era o autor das pichações, mas negou que estivesse prestes a vandalizar o prédio do Ministério da Defesa. Aos policiais, o profissional do direito não apresentou qualquer documento de identidade, somente uma cópia de impressão do que ele alegava ser de uma consulta ao banco de cadastro de advogados.
Entenda o caso
Os ministérios da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, o Ministério da Saúde e o Museu Nacional da República foram alvo de pichações contra o vice-presidente eleito, Geraldo Alckmin. Com letras em vermelho, os suspeitos escreveram frases como: “O Alckmin foi drogado com LSD, a droga da reeducação comunista”.
Em outro monumento, havia, ainda, os dizeres: “O fruto proibido domina a mente por sete dias” e que “Alckmin foi drogado pelo PT com LSD”.
Alckmin tem assumido um importante papel na transição do governo Lula. Tomou, inclusive, a dianteira da interlocução com os militares. Nas conversas com o vice-presidente eleito, militares defenderam a nomeação de um civil de perfil “moderado” para comandar o Ministério da Defesa no governo petista.
O presidente eleito já deixou claro que pretende retomar a tradição de um civil comandar a pasta. Essa tradição foi quebrada em 2019, no início do governo Bolsonaro, que só indicou generais como ministros. O próprio Alckmin é um dos cotados para ser ministro da Defesa de Lula. O nome do vice-presidente eleito é bem-visto por militares por ser moderado e ter histórico de boa relação com a caserna.