Vice-diretor passa mão em professora e diz: “Saia curta do Flamengo”
Em resposta, o vice-diretor justificou que pegou na bunda da coordenadora da escola em razão de uma “saia mais curta”. PCDF investiga o caso
atualizado
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A Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) investiga um caso de importunação sexual ocorrido nas dependências de uma escola pública, na Candangolândia. Uma coordenadora foi abraçada e teve as nádegas fortemente apertadas pelo vice-diretor da instituição, dentro da sala de coordenação escolar, na frente de outros servidores. O inquérito que apura o abuso corre na 11ª Delegacia de Polícia (Núcleo Bandeirante).
A vítima, que preferiu não se identificar explicou que a violência ocorreu em 23 de abril deste ano, mas a denúncia formal ocorreu em junho, após o servidor que a atacou não ter sido afastado ou transferido da regional de ensino. A coordenadora relatou que, em 23 de abril, participaria de uma reunião marcada para ocorrer às 14h, na sala de coordenação, junto ao grupo de professores.
Quando a professora estava em pé, o vice-diretor entrou na sala e disse para ela: “Nossa, hoje você está tão..”. Logo em seguida, o servidor a agarrou. “Ele colocou o braço direito sobre os meus ombros e a mão esquerda foi descendo da cintura para a minha bunda, percebi isso com estranheza e o afastei levemente para sair daquela situação depressa e tentar entender o que estava acontecendo”, contou.
Saia do Flamengo
Mesmo após a recusa, o vice-diretor teria forçado a importunação sexual. “Então, com o braço direito, ele me puxou para dentro do abraço novamente e passou a mão na minha bunda de forma mais profunda. Dessa vez eu o empurrei com mais força perguntando se ele estava louco”, ressaltou a coordenadora.
Em resposta, o vice-diretor justificou que pegou nas partes íntimas da mulher em razão dela estar usando “saia mais curta”. “É que hoje você está com uma saia mais curta, vermelha, do Flamengo”, teria dito o servidor. Após a importunação, a coordenadora ainda participou da reunião por cerca de 1h30 até que o agressor resolveu se desculpar afirmando que tudo não passava de uma “brincadeira”.
Após o episódio, a coordenadora passou a sofrer com trauma provocado pelo abuso no ambiente de trabalho. “Depois disso, tentei esquecer o que tinha acontecido, mas essa cena, esse acontecimento, não saia de minha cabeça, por mais que eu tentasse pensar em outra coisa, me distrair, aquilo voltava à mente e me incomodava muito. Não consegui falar daquilo com ninguém em casa, me sentia culpada, envergonhada, sem chão, eu não conseguia acreditar ainda no que tinha acontecido”, desabafou.
Ajuda psiquiátrica
A professora procurou ajuda psiquiátrica que a afastou do trabalho para assegurar o distanciamento do agressor e tratar a saúde mental abalada pelo abuso. Com o passar dos dias, e devido ao afastamento repentino da coordenadora, o diretor da escola tomou conhecimento do ocorrido e tomou as providencias cabíveis, comunicando também ao diretor da regional de ensino.
Foi marcada uma reunião com a presença do diretor da regional, da secretária dele, do diretor da escola, a supervisora que estava presente no momento da importunação, uma representante do sindicato e a vítima. “Nesta reunião fizemos um acordo registrado em ata, no qual o vice-diretor pediria exoneração do cargo e seria removido para outra regional de ensino e eu não faria a denúncia”, disse.
Cerca de 30 dias depois, o vice-diretor pediu exoneração e saiu da escola, mas permaneceu na mesma regional de ensino. “Decidi, então, formalizar esta denúncia para que os fatos sejam devidamente apurados, e para que o agressor responda pelo crime de importunação sexual cometido contra mim. Situação na qual ele me agrediu, tocou meu corpo, me constrangeu, me desmoralizou e me expos no meu local de trabalho, me causando consequências físicas e psicológicas”, desabafou.
O outro lado
Procurada, a Secretaria de Educação afirmou que existe um Processo Administrativo Disciplinar (PAD) em andamento que está apurando o caso.