Vereadores e candidato fizeram acordo com “Meia Folha” do PCC, diz MP
O criminoso foi assassinado em março deste ano no momento em que estava em uma lanchonete do Guarujá
atualizado
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Uma investigação conduzida pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), do Ministério Público de São Paulo (MPSP), aponta que pelo menos três vereadores e um candidato a prefeito em Guarujá (SP) teriam direcionado licitações da Câmara Municipal e da prefeitura da cidade para uma empresa que pertencia a um líder do Primeiro Comando da Capital (PCC), identificado como Cristiano Lopes Costa (foto em destaque), conhecido como “Meia Folha”. Ele foi assassinado em março deste ano.
A ação, deflagrada nesta terça-feira (1º/10), contou com apoio das polícias Militar e Civil, e cumpriu 26 mandados de busca e apreensão nas cidades da Baixada Santista e na capital paulista.
As apurações apontam, ainda, para possível favorecimento de agentes públicos com o recebimento de propinas para viabilizar as fraudes. Os nomes dos políticos e das empresas alvo não foram divulgados.
Participaram da operação 15 integrantes do Ministério Público, 76 policiais militares do Comando de Policiamento de Choque (Rota, COE e Gate) e 50 policiais civis da Delegacia Seccional de Praia Grande e do Departamento de Operações Policiais Estratégicas (Dope).
Contratos com a prefeitura
A HC Transporte e Locação Eirelli, que pertencia a Meia Folha, prestava serviços de controlador de acesso e de limpeza das unidades de saúde do município. Os contratos foram celebrados em 2022, com vigência de um ano – podendo ser prorrogados até cinco anos.
A Prefeitura do Guarujá afirma que a empresa venceu as licitações relativas à prestação dos serviços e, para homologar os contratos, foram cumpridas várias exigências legais. O protocolo para a assinatura de um contrato não prevê análise sobre as pessoas físicas vinculadas às empresas, a não ser no que diz respeito a um eventual grau de parentesco com servidores municipais.
Em 14 de março último, quando o Metrópoles noticiou os contratos firmados entre a Prefeitura de Guarujá e a empresa de Meia Folha, a sede do poder Executivo local emitiu uma nota, informando que, “das empresas vencedoras de processos licitatórios no município, é exigido um rol de documentos, sempre relacionados ao seu CNPJ, no sentido de comprovar a regularidade perante os órgãos competentes. Análises referentes à pessoa física (CPF) de seus responsáveis não constam do rol de exigências legais”, explicou, em nota.
À época, a gestão municipal não chegou a informar se os contratos com a HC Transporte e Locação Eirelli seriam mantidos após a descoberta da fraude.
Nesta terça, quando o MPSP deflagrou operação contra três vereadores e um candidato a prefeito, a prefeitura municipal emitiu uma nova nota: “A Prefeitura de Guarujá informa que não recebeu qualquer notificação a respeito desta operação e reitera que nenhuma incursão foi realizada na data de hoje, nas dependências do Poder Executivo”.
Morte
O Meia Folha foi baleado e morto na noite de 12 de março, em uma lanchonete de Vicente de Carvalho. Testemunhas disseram que os disparos foram feitos por um homem que passou pelo local de moto. De acordo com o relato à polícia, o autor se aproximou da lanchonete e, sem descer do veículo, efetuou vários tiros em direção à vítima.
Imagens e vídeos feitos por moradores logo após o crime mostram que havia várias pessoas no local. No ataque, o ex-vereador do Guarujá Geraldo Soares Galvão também acabou baleado.