Veja como a Inteligência Artificial ajuda a desvendar crimes no DF
Criado no começo deste ano, o Núcleo de Inteligência Artificial do Instituto de Criminalística conta com peritos experientes e estudiosos
atualizado
Compartilhar notícia
A tecnologia está revolucionando a forma como crimes são desvendados no Distrito Federal. No epicentro das inovações, está o recém-instituído Núcleo de Inteligência Artificial do Instituto de Criminalística (IC), da Polícia Civil do DF (PCDF). Criado no começo deste ano, o grupo, que conta com peritos experientes e estudiosos do tema, marca uma transição importante para a modernização das atividades periciais.
Mesmo com poucos meses em atividade, o setor especializado em IA já conquistou marcos significativos em seus projetos, conforme relatado por Leandro Dias Carneiro, perito criminal, a tecnologia permitiu a identificação, por meio de imagens, dos principais estelionatários que usavam documentos de moradores do DF.
A descoberta permitiu uma investigação mais direcionada pelas delegacias especializadas. O objetivo dos peritos é desenvolver soluções inovadoras para todas as áreas do instituto.
Além do sistema de reconhecimento facial, que classifica faces presentes em documentos periciais, o grupo criou uma ferramenta de transcrição, que transforma áudio em texto, facilitando a análise e busca por palavras-chave em investigações.
Apesar dos avanços, o setor enfrenta desafios, como explicou Carneiro: “O grande conhecimento em IA ainda está nas universidades. Também estamos em processo de aquisição de novos hardware, essenciais para projetos mais ambiciosos”.
Atualmente, a equipe opera com hardware limitado, o que impede a plena expansão das capacidades do núcleo.
Biologia Forense
Outro sistema inovador, criado no Instituto de Criminalística (IC), mudou a forma como a perícia biológica é feita – sobretudo em casos sensíveis e que despertam comoção pública, como abuso sexual de crianças e estupros.
Batizado de Spitz, a solução consegue identificar, em poucos minutos, a presença de sêmen em itens apreendidos nas cenas de crimes e, assim, materializar a ligação entre o autor e à vítima.
Halinna Dornelles Wawruk, perita do laboratório de Biologia Forense, destacou como a IA está transformando a interpretação de evidências biológicas. “Com a tecnologia, podemos padronizar resultados e analisar múltiplas amostras simultaneamente, o que antes era manual e sujeito a erros humanos”, afirmou.
Ana Carolina Manes, também do laboratório de Biologia Forense, destacou que “antigamente, a busca por espermatozoides era demorada e exaustiva. Agora, com o software, a análise é automatizada e eficiente.
Recentemente, em um caso trágico, encontramos evidências cruciais de violência sexual em uma criança de 4 anos que morreu após ser abusada pelo padrasto“, narrou.
Projetos em Expansão
Além dos projetos em operação, o núcleo está desenvolvendo novas iniciativas como a detecção de pedofilia e de “anomalias” em vídeos. Os projetos visam aumentar a eficiência das investigações e reduzir o tempo necessário para análise de grandes volumes de dados.
“Tivemos um caso de repercussão, ano passado. Investigação sobre uma chacina que vitimou uma família inteira em Planaltina. Recebemos um material em vídeo com duração de três dias. Tivemos de assistir de forma acelerada para dar uma resposta em tempo hábil. Se o programa já tivesse sido implementado, seria possível detectar os pontos de interesse em poucos minutos”, lembrou Cardoso.