“Tropa do Riquinho”: acusados por tráfico são condenados a até 20 anos
Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) desarticulou quadrilha especializada em lavagem de dinheiro e tráfico de drogas e armas em 2023
atualizado
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A juíza da 5ª Vara de Entorpecentes do Distrito Federal condenou nove integrantes de uma quadrilha especializada nos crimes de lavagem de dinheiro e tráfico de drogas e armas que agia na capital do país. Todos os presos foram condenados a até 20 anos de reclusão, além da perda de imóveis, automóveis, dinheiro em espécie e diversos outros itens, como armas de fogo e drogas.
A quadrilha foi desarticulada por policiais da Coordenação de Repressão às Drogas (Cord), em agosto de 2023. Além do Distrito Federal, os investigados também agiam em Alto Paraíso (GO).
As investigações revelaram que a organização criminosa usava empresas de diversos ramos, desde o da construção civil até os de distribuição de produtos farmacêuticos e produção de eventos culturais, para ocultar a origem e o destino de milhões de reais que serviam para financiar o tráfico de drogas.
O grupo criminoso tinha, entre os associados, contadores para abrir e operar empresas de fachada, assim como falsificar documentos e demonstrações financeiras, o que propiciava a lavagem de dinheiro.
Os financiadores da quadrilha também atuavam como agiotas. Em uma das contas dos investigados, por exemplo, a Justiça bloqueou mais de R$ 1 milhão, quantia que se tornou patrimônio público a partir de então.
“Tropa do Riquinho”: PCDF prende empresários do tráfico. Vídeo
Saiba quem são os condenados:
- Guilherme Batista Rodrigues Cardoso (14 anos e 10 dias de reclusão e 73 dias-multa);
- William Vinícius Silva Gomes (14 anos e 10 dias de reclusão e 73 dias-multa);
- Ruth Alves Garcia (12 anos, 3 meses e 22 dias de reclusão e 65 dias-multa);
- Armindo Macêdo Ribeiro (12 anos, 3 meses e 22 dias de reclusão e 65 dias-multa);
- Jackson John Teixeira Amaral (20 anos, 3 meses e 22 dias de reclusão e 1.920 dias-multa);
- Ronaldo Couto de Lima (20 anos, 3 meses e 22 dias de reclusão e 1.920 dias-multa),
- Gustavo Batista Ramos (12 anos, 3 meses e 22 dias de reclusão e 65 dias-multa);
- Vinícius Amarante Garcia Batista (10 anos, 3 meses e 22 dias de reclusão e 45 dias-multa);
- Brunna Stephanye Pereira Cruz (3 anos de reclusão e 10 dias-multa).
Os líderes da quadrilha evitavam ter registrado qualquer bem nos respectivos nomes e usavam “laranjas” para comprar veículos de luxo ou imóveis, para fazer obras e para obter ativos financeiros. Os investigadores descobriram, ainda, que todos os testas de ferro eram parentes dos integrantes da organização criminosa.
Ao longo de um ano e meio de apurações, a PCDF apreendeu carregamentos de drogas e bens do grupo, o que materializou as ações de tráfico de drogas que ocorreram em diversas unidades da Federação.
A operação, que contou com técnicas especiais de investigação e colaboração do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), identificou 13 integrantes da quadrilha e cinco empresas envolvidas, assim como bloqueou contas bancárias de pessoas jurídicas e físicas, sequestrou bens imóveis e apreendeu veículos de luxo.
Advogado do crime
Um advogado que colaborava com as ações criminosas da rede também foi identificado e indiciado. Ele monitorava ações policiais contra os integrantes do grupo e levava informações do presídio para os chefes do bando, quando estavam soltos, o que ajudava na cobrança de dívidas e nas ações de lavagem de dinheiro, com informações sobre como escapar de ações de policiais, devido a orientações para ocultar bens e eliminar provas contra si mesmos.
Apesar da engenharia criminosa desenvolvida pela organização, que atuava com diversas técnicas para lavar dinheiro, inclusive com a construção de uma pousada avaliada em R$ 2,5 milhões na cidade de Alto Paraíso, na região da Chapada dos Veadeiros.
O uso do sistema financeiro pela quadrilha permitiu identificar criminosos com funções diversas e pessoas jurídicas envolvidas, sequestrar imóveis, bem como apreender drogas, armas de fogo, munições, dinheiro em espécie, joias e automóveis. Com a perda de bens dos condenados, em decorrência das investigações, a Justiça decretou a retenção de itens que podem gerar mais de R$ 15 milhões aos cofres públicos.