TJDFT inocenta motorista de BMW que furou blitz e atingiu policial
Para juiz, empresário Raimundo Cleofás não cometeu crime contra a vida de PM, mas de lesão corporal, desobediência e embriaguez ao volante
atualizado
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O Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios (TJDFT) inocentou Raimundo Cleofás Alves Aristides Júnior (foto em destaque) da acusação de tentativa de homicídio contra o policial militar Yuri Basílio Cardoso. Ele era considerado réu por tentar matar o PM na DF-010, ao fugir de uma blitz com a BMW que dirigia.
O caso ocorreu em 28 de outubro de 2023, e a sentença é desta segunda-feira (12/8). Na ocasião, policiais que participavam da blitz atiraram contra o veículo e atingiram Islan da Cruz Nogueira, à época com 24 anos. O jovem estava no banco do carona e morreu na hora.
Para o juiz de direito Paulo Rogério Santos Giordano, que analisou o processo, o empresário não cometeu crime contra a vida, mas de lesão corporal, desobediência e embriaguez ao volante. O magistrado ainda reforçou que a atitude do réu foi “extremamente reprovável, arriscada e irresponsável”. Agora, Raimundo responderá na Justiça por esses crimes.
“É possível ver nitidamente que o réu, de fato, fez uma manobra para o lado direito, mas apenas com intenção de ‘sair da traseira’ do [Renault] Kwid [que estava a frente], em nenhum momento lançando o veículo [o BMW] na direção do policial. [Ele] encostou levemente o para-choque dianteiro nas pernas do policial, nitidamente com o propósito de que o policial se afastasse para o lado, e, assim, pudesse fugir. O policial assim fez, e o contato superficial sequer foi capaz de empurrá-lo, muito menos de derrubá-lo”, destacou o juiz na decisão.
Em julho, o Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) havia desconsiderado a existência da intenção de matar na ação de Raimundo e desclassificou a tentativa de homicídio dolosa – intencional – na denúncia apresentada pela instituição.
Para a acusação, o atropelamento não ocorreu propositadamente; por isso, seria crime culposo. Além disso, o MPDFT considerou que o PM atropelado mentiu no depoimento sobre a dinâmica dos fatos. Uma gravação mostra o momento exato em que condutor e os policiais agiram.
Assista:
Blitz
No dia do ocorrido, a Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF) havia montado uma blitz da Operação Álcool Zero na DF-010, em área perto de bares. Por volta das 23h, Raimundo foi parado.
Os PMs chegaram a pedir que ele descesse do veículo. No entanto, o empresário não obedeceu ao comando e arrancou com o carro. O motorista atropelou um policial militar e tentou fugir.
Pouco depois, policiais atiraram contra o veículo e iniciaram uma perseguição a BMW. Pouco depois de escapar, já na altura do Eixo Monumental, Raimundo parou o automóvel e se entregou. Em seguida, os PMs encontraram um passageiro ferido por tiros dentro do carro do empresário.