Tarado do banheiro espionou outros estudantes em sanitários da UnB
Assédios ocorridos dentro e ao redor de banheiros da instituição foram relatados por alunos: “Fui assediado quando estava urinando”
atualizado
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O episódio envolvendo a estudante, de 22 anos, que denunciou, por meio das redes sociais, ter sido vítima de assédio dentro do Campus Darcy Ribeiro, na Asa Norte, não é um caso isolado. Após a coluna revelar o incidente, novas vítimas surgiram, entre elas dois homens.
O suspeito, de acordo com os investigadores, é Jonathan Alves Ramos, 29. O homem coleciona ocorrências policiais de importunação sexual, sempre em banheiros de instituições públicas ou estabelecimentos comerciais.
De acordo com os relatos, o modus operandi do assediador é sempre o mesmo. Ele espera as vítimas entrarem nas cabines e usa uma fresta da porta para observar as pessoas dentro do espaço sanitário. Ou ainda usa um aparelho celular para fotografar e filmar dentro do local reservado. O último ataque ocorreu nessa terça-feira (7/6), segundo dia de aula, após mais de dois anos sem aulas presenciais na UnB.
Em outro episódio, um estudante contou ter sido alvo do tarado quando estava a caminho do subsolo do Instituto Central de Ciências (ICC) Sul. “Entre uma aula e outra, cortei caminho pelo mezanino. Então, decidi ir a um banheiro. Quando estava utilizando a cabine, percebi que tinha um tarado me observando pela brecha da cabine. No começo, não acreditei, fiquei incrédulo. Mas o homem começou a olhar fixamente na brecha e eu dei um grito”, lembrou.
Veja relato das vítimas:
Mais vítimas
Outro homem vítima do tarado do banheiro contou detalhes semelhantes ao do outro rapaz. O estudante de design havia deixado uma reunião no ICC Norte quando foi ao banheiro. “Quando me aproximei do mictório, e abri a calça, um homem se aproximou e passou a usar o mictório do meu lado, mesmo com todos os outros vazios. Isso me deixou desconfiado”, explicou.
O aluno disse que percebeu que o homem o olhava “de canto de olho” por cima da barreira de granito que separava os mictórios. “Perdi a vontade de urinar. O cara estava com o ombro mexendo, em um movimento contínuo. Minha reação foi só voltar para a sala”, lembrou.
Mesmo após deixar o banheiro, o homem ainda seguiu “secando” o estudante. “Vi o cara na porta do banheiro, me encarando. Infelizmente é muito chato falar isso, mas não é uma situação que homens também não merecem passar, exatamente como as mulheres jamais devem experimentar”, desabafou.
Mulher assediada
No caso dessa terça (7/6), a estudante do curso de serviço social da Universidade de Brasília (UnB) detalhou que foi vítima do crime no ICC Sul. “Quando me dirigi ao banheiro superior e estava dentro do box usando o sanitário, vi que alguém estava me filmando ou tirando fotos num momento de privacidade, pela parte de cima do box. Fiquei pasma, sem reação. Gritei”, narrou.
Segundo a jovem, ao sair do box, o pervertido já estava longe. A universitária explica que conseguiu ver que ele estava de calça escura, blusa preta e máscara. “Muitas pessoas o viram correndo, mas não sabiam do que se tratava então não fizeram nada. A segurança? Eles agiram como se fosse mais um caso”, reclamou.
A estudante ressaltou que um professor da universidade precisou sair de aula para acompanhá-la até a sala da segurança, pois, “sozinha, ela não teria sido levada a sério”. A vítima narra que “estava em prantos” e descreveu o episódio como “situação horrorosa e humilhante”.
Caso em apuração
A Universidade de Brasília (UnB) confirmou que “está apurando o ocorrido com uma estudante nas dependências do ICC na noite de ontem (7).”
“As imagens captadas pelas câmeras de segurança da Universidade serão entregues para investigação da Polícia Civil ainda hoje. A UnB repudia qualquer tipo de violência e reitera seu compromisso com a defesa dos direitos humanos. A Diretoria de Atenção à Saúde da Comunidade Universitária (Dasu) já está em contato com a estudante para realizar o acolhimento necessário”, informou a UnB.
Além disso, a instituição de ensino superior reforçou que “vem aprimorando a segurança nos campi, com medidas como a instalação de mais de 550 câmeras de monitoramento, troca de lâmpadas e o estabelecimento de protocolos para lidar com situações de assédio. Também procura trabalhar a conscientização da comunidade acadêmica, com debates e cursos sobre o combate e a prevenção à violência contra a mulher e a outros grupos vulneráveis.”
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