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Solto, pastor do golpe reaparece e arranca dinheiro de fiéis pelo YouTube

Após o YouTube derrubar o canal do pastor, usado para angariar novas vítimas, o religioso criou um novo perfil para seguir com os golpes

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Pastor de blusa preta
1 de 1 Pastor de blusa preta - Foto: Reprodução

A facilidade em enganar fiéis com uma fala mansa e convincente permanece inalterável. A garantia de um pagamento milionário em vias de ocorrer também segue sem se concretizar. Nada mudou na forma de agir do pastor evangélico goiano Osório José Lopes Júnior, mais conhecido como “Pastor do Golpe”.

Após o YouTube derrubar o canal usado pelo religioso para “angariar” quantias transferidas por novas vítimas, o suposto religioso voltou à plataforma com um outro perfil, recheado de novos vídeos e já com mais de 60 mil inscritos. Osório segue alimentando diariamente as redes sociais, com fotos e vídeos.

Nas gravações, o religioso acalma o coração de milhares de fiéis que desembolsaram fortunas após serem convencidos a investir em uma espécie de título apresentado por ele como Letra do Tesouro Mundial. Supostamente lastreado em ouro, os papéis teriam um valor “bilionário”. O pastor dizia que os títulos já contariam com uma suposta autorização do governo federal.

Veja um dos novos vídeos gravados pelo pastor do golpe:

8 mil “clientes”

Há pelo menos nove anos, o pastor viaja país afora e, com a ajuda de arregimentadores, capta novos investidores interessados em receber até 100 vezes o valor aportado assim que os títulos estiverem prontos para ser resgatados. Em sua maioria, os compradores são fiéis de igrejas evangélicas, além de parentes e amigos próximos ao pastor. Em apenas um dos grupos criados no Telegram, há cerca de 8 mil “clientes”.

Carismático, com oratória afiada e abusando de passagens bíblicas para reforçar um discurso de fé, o pastor ganhou fama e dinheiro nos últimos anos. De acordo com vítimas que viram suas economias descerem ralo abaixo após falsas promessas de rentabilidade, o pastor moraria em uma confortável casa num dos condomínios fechados de Alphaville, em São Paulo.

A coluna conversou com uma das vítimas que caiu no conto do religioso. Morador de um estado do Nordeste, um homem de 38 anos contou que conheceu o negócio oferecido pelo religioso por meio de um amigo. “Ele botou R$ 80 mil acreditando que receberia entre R$ 500 mil e R$ 1 milhão. Eu investi pouco, cerca de R$ 1 mil. A transferência foi por Pix, direto para a conta do pastor”, disse.

Prisão de comparsa

Nesta semana, policiais civis da 1ª Delegacia de Polícia (Asa Sul) prenderam, em flagrante, um dos comparsas do pastor Osório. Um  influenciador digital identificado como Paulo Salomão apresentava, em uma agência bancária, um falso extrato com saldo de R$ 17 bilhões. A prisão ocorreu nessa quinta-feira (8/12), na Asa Sul.

A prisão de Salomão sucedeu durante a operação Falso Profeta. O influenciador e estelionatário foi preso, em flagrante, por uso de documento falso e falsificação de documentos particulares. De acordo com as investigações, Salomão já foi alvo de apurações da Polícia Civil por diversos crimes de estelionato, lavagem de dinheiro ao redor do Brasil e do mundo.

Após a prisão, a delegacia passou a receber diversas notícias-crime comunicando o esquema criminoso. “Os investigados abusam da fé alheia e valem-se de apelos religiosos e das redes sociais como isca, para investir seu dinheiro com eles, prometendo retornos financeiros fabulosos”, explicou o delegado-adjunto da 1ª DP Maurício Iacozzilli.

Veja como o influenciador usava seu canal para atrair vítimas:

Vídeos no YouTube

Segundo a investigação, o influenciador publicava, diariamente, de dois a três vídeos em seu canal no YouTube para atrair novos seguidores e convencer as vítimas de que o retorno financeiro do suposto investimento estaria próximo de ser liberado. “Esse dia nunca chega, gerando sofrimento, angústia, depressão e rompimento familiares, além do prejuízo de milhares de reais”, explicou o delegado.

Nas imagens, o golpista ainda informava que possuía informações privilegiadas de dentro do mercado financeiro nacional e internacional. No entanto, mesmo estabelecendo um prazo, nada acontecia. Como justificativa, os suspeitos alegavam bloqueios judiciais ou até mesmo novos sistemas quânticos bancários.

Salomão também aproveitava para vender um milagroso chá que curaria todos os problemas. Além do canal no YouTube, ele estaria usando a rede social Telegram como instrumento na prática dos crimes.

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