Sindepo afirma que interferência política na PCDF atinge democracia
“Ressaltamos que a PCDF, instituição de Estado, só cumpre buscas, como as realizadas na CLDF, por determinação do Poder Judiciário”, diz
atualizado
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O Sindicato dos Delegados de Polícia do Distrito Federal (Sindepo) reagiu duramente ao movimento de um grupo de deputados distritais que se reuniu para pedir a cabeça do delegado-geral da Polícia Civil do DF (PCDF), Robson Cândido. Alguns políticos figuram como investigados nas últimas operações desencadeadas pela corporação e, na última, nesta quarta-feira (15/12), teve a Câmara Legislativa do DF como palco.
Em nota, o Sindepo afirma ter recebido com grande preocupação a informação veiculada na coluna sobre eventual movimento de interferência política na PCDF por conta das operações de busca realizadas na Casa.
“Ressaltamos que a PCDF, instituição de Estado, somente cumpre buscas como as realizadas na CLDF, por determinação do Poder Judiciário, no regular e legítimo exercício de suas competências legais, constituindo-se qualquer retaliação a esse exercício inaceitável atentado à democracia e ao estado democrático de direito”, ressalta a nota.
O sindicato finaliza o documento destacando a confiança no chefe do Executivo local. “O governador Ibaneis Rocha, profundo conhecedor do direito e da gravidade das consequências do fato em tela, rechaçará qualquer investida dessa natureza, defendendo a legalidade e a moralidade em seu governo”, finaliza a nota.
A operação
Conforme a coluna adiantou, nessa terça-feira (14/12), policiais da Delegacia de Repressão à Corrupção (Drcor/Decor) miraram em servidores lotados no gabinete de Daniel Donizet (PL). Os funcionários são acusados de assinar folhas de ponto e não trabalhar. Entre os alvos da operação, há uma dupla sertaneja de Brasília, lotada no gabinete do parlamentar. Ocorre, ainda, a apuração sobre a prática de rachadinhas.
A investigação teve início em 2019, após denunciantes terem informado que alguns servidores do gabinete parlamentar não exerciam suas funções e repassavam parte da remuneração ao parlamentar por meio do chefe de gabinete. Na ação, foram apreendidos aproximadamente R$ 110 mil. Uma grande quantidade de notas de euros e dólares também foi encontrada. Parte estava em envelopes timbrados da CLDF.
Na manhã desta quarta-feira (15), a operação foi encabeçada pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) e pela Procuradoria-Geral de Justiça do DF. Os promotores visam desarticular um suposto esquema ilegal montado na Secretaria de Estado de Administração Penitenciária do Distrito Federal (Seape), que tem o propósito de direcionar contratações de locação de prédios para a instalação da sede da pasta. Entre os alvos, estão o deputado distrital Reginaldo Sardinha (Avante) e o empresário Paulo Octávio.
Manobra perigosa
Neste ano, a Polícia Federal descortinou um forte esquema montado na cúpula do governo do Tocantins que culminou no afastamento do governador desse estado, Mauro Carlesse, por seis meses. As investigações que resultaram na determinação de afastamento do governador Mauro Calesse e de outros envolvidos são resultado de duas operações, chamadas Éris e Hygea.
O foco da Operação Éris é desarticular o braço da organização criminosa na Secretaria de Segurança Pública, suspeito de obstruir investigações e vazar informações aos investigados, enquanto a Hygea busca desmantelar esquema de pagamentos de vantagens indevidas relacionadas ao Plansaúde, plano de saúde dos servidores estaduais.
Em nota, a PF informou que, segundo as investigações, “o governo estadual removeu indevidamente delegados responsáveis por inquéritos de combate à corrupção conforme as apurações avançavam e mencionavam expressamente membros da cúpula do estado. Há ainda fortes evidências da produção coordenada de documentos falsos para manutenção dos interesses da organização criminosa”.