Servidoras sobre banheiro onde tarado filmava mulheres: “Um lixo”
O local é o mesmo onde o servidor Rafael Oswaldo Arantes mantinha câmeras escondidas para filmar as colegas tomando banho
atualizado
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Servidoras do sistema socioeducativo lotadas na Unidade de Internação de São Sebastião (UISS) se mobilizaram para denunciar as péssimas condições do banheiro da unidade, local onde o agente Rafael Oswaldo Arantes mantinha câmeras escondidas para filmar as colegas durante o banho.
As servidoras relataram que as péssimas condições de trabalho e dos banheiros das unidades obrigaram os servidores plantonistas a improvisarem chuveiros nos lavabos da monitoria, para que pudessem tomar banho. Os espaços são de uso misto, frequentado tanto por homens quanto por mulheres. Essa medida acabou facilitando o ato criminoso envolvendo a instalação das câmeras escondidas.
De acordo com as denúncias, os banheiros exclusivos estão sem condições de uso há mais de três anos e nenhuma providência havia sido tomada pela Secretaria de Justiça e Cidadania. Vasos sanitários interditados, box para banho sem portas e chuveiros com instalações elétricas que colocam em risco a vida das servidoras. Essas são algumas constatações feitas pelo Sindicato dos Servidores do Sistema Socioeducativo.
Veja imagens do banheiro:
Outros problemas
Servidoras de outras unidades de internação também fizeram denúncias de violações de direitos sobre as péssimas condições de trabalho nas unidades de internação. Ausência de alojamentos femininos, ausência instalações adequadas para servidoras lactantes, portas dos banheiros que não fecham adequadamente e falta de água recorrente.
Em nota, o sindicato da categoria afirmou que diversas cobranças foram feitas: “As promessas de reparos e providências sobre as questões que há anos são pleiteadas, somente aconteceram após a grande repercussão social de um crime contra as servidoras mulheres da carreira socioeducativa, mas, até o presente momento, nenhuma providência concreta foi tomada pela secretaria”, aponta o documento.
Outro lado
A coluna entrou em contato com a pasta a fim de saber sobre as medidas que poderiam ser tomadas. A pasta enviou nota após a publicação da reportagem. Segundo o documento, a secretaria prometeu tomar providências.
Leia na íntegra:
A Secretaria de Estado de Justiça e Cidadania informa que todas as Unidades Socioeducativas de Internação possuem banheiros com chuveiros para uso dos servidores, com a devida separação conforme recorte de gênero. Assim, em todas as Unidades há no mínimo, 1 (um) banheiro de uso exclusivamente feminino e 1 (um) banheiro de uso exclusivamente masculino.
No caso específico da Unidade de Internação de São Sebastião, considerando a ampla estrutura física e distanciamento entre os setores, houve adaptações, realizadas por servidores, de alguns banheiros mais próximos dos ambientes de trabalho de maior tempo de permanência dos agentes socioeducativos. As referidas adaptações foram realizadas para instalação de chuveiros. Contudo, conforme planta arquitetônica da Unidade e distribuição dos espaços, esses ambientes dispõem de um lavabo para uso misto, por homens e mulheres, sem destinação para banho.
Após os fatos publicizados em 04 de fevereiro de 2022, de ato de violência contra a mulher ocorrido no interior da Unidade, esses chuveiros foram retirados e realizadas inspeções nos banheiros de todas as unidades de internação. Também foram realizadas escuta dos servidores de modo geral, da comissão composta por representantes das agentes socioeducativos e da entidade representativa de classe da categoria, para direcionamento das ações desenvolvidas com vistas a atuar na prevenção e enfrentamento de toda forma de discriminação, violência e assédio relacionados ao gênero no âmbito do sistema socioeducativo.
O setor da SEJUS responsável pela área de engenharia e arquitetura está realizando visitas técnicas para início imediato das adequações necessárias nos banheiros, de forma a atender as demandas de reforma e manutenção.
A Pasta ressalta ainda que a situação de suposto ato criminoso ocorrido na Unidade de Internação diz respeito a um fato isolado, de ação exclusiva de um único e específico servidor, não retratando a postura e atitudes dos servidores masculinos nos ambientes de trabalho no sistema socioeducativo, tanto no que tange ao desempenho de suas atribuições quanto no trato com as servidoras.