Saiba quem são os advogados investigados por venda de videoconferência
Chamadas de vídeo com lideranças de facções presas no Complexo Penitenciário da Papuda eram vendidas por cerca de R$ 150
atualizado
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Investigados pela Operação Cravante, deflagrada na manhã desta segunda-feira (21/10) para desarticular um esquema de apoio externo a um líder de facção preso na capital do país, cinco advogados e um estagiário de direito foram alvo de mandados de prisão temporária.
O inquérito policial revela que os advogados se revezariam no atendimento às demandas de Jackson Antônio, chefe da facção Bonde do Maluco (BDM), da Bahia, atuando por fora do exercício profissional – uma das profissionais agia como telefonista do preso.
A reportagem apurou que alguns dos mandados foram expedidos nos endereços de:
- Gabriel Coelho Silva;
- Tatiane da Silva Martins;
- Odinael Pereira de Sousa Junior;
- Vinicius Caetano Borges;
- Iane Caroline Maciel de Luna;
- Erica Priscilla da Cruz Vitori.
A defesa dos advogados não foi localizada. O espaço segue aberto.
A Força Integrada de Combate ao Crime Organizado no Distrito Federal (Ficco-DF), com apoio do Núcleo de Fiscalização do Sistema Prisional (Nupri) do Ministério Público (MPDFT), cumpre, no DF e na Bahia, seis mandados de prisão e nove de busca e apreensão expedidos pela 1ª Vara Criminal de Brasília do Tribunal de Justiça (TJDFT).
As apurações revelaram que, quando alguém queria falar por telefone com o interno, uma advogada agia “praticamente” como telefonista para possibilitar que o detento efetivasse diversas ligações ou encaminhasse áudios.
A “telefonista” ficava gesticulando e mexendo a boca para simular que era ela quem falava com o preso. As chamadas de vídeo eram vendidas por cerca de R$ 150.
Já a liderança presa faria uso da rede criminosa tanto para própria comunicação quanto subsidiaria contato externo para outros presos, para estender a influência do grupo e atrair novos faccionados.
Liderança fortalecida
Durante as chamadas de vídeo, os advogados – ou aqueles que se passavam por eles – fariam ligações para terceiros e os colocariam em contato com os presos. As comunicações seriam feitas, principalmente, para que o detento suspeito de liderar o esquema pudesse manter a administração das atividades criminosas fora do sistema penitenciário.
Em relação à busca pelo fortalecimento da posição do preso junto aos demais internos, o condenado e suspeito também subsidiaria os custos das chamadas, para que os outros pudessem falar com parentes e amigos, e patrocinaria bens e agrados diversos a eles, como alimentos diferenciados e assistência jurídica.
O preso apontado como líder do esquema tem antecedentes por organização criminosa e lavagem de dinheiro, motivo pelo qual se encontra preso preventivamente. Além disso, ele é suspeito de participar do homicídio de um policial federal em Salvador (BA), em setembro de 2023.
Os alvos dos mandados de prisão poderão responder pelos delitos de organização criminosa e lavagem de dinheiro, cujas penas somadas podem passar dos 20 anos de reclusão. Os advogados também tiveram a autorização para exercício da profissão suspensa, segundo decretado pela Justiça.
Cravante
O nome da operação faz alusão ao termo francês que deu origem ao nome da peça “gravata”, em referência ao envolvimento de advogados no esquema.
Ficco-DF
A Força Integrada de Combate ao Crime Organizado (Ficco) é composta por integrantes das polícias Federal (PF), Rodoviária Federal (PRF), Penal (PPDF), Militar (PMDF) e Civil do Distrito Federal (PCDF), bem como da
Secretaria Nacional de Políticas Penais (Senappen).
O grupo visa à integração e cooperação entre órgãos de segurança pública em ações de prevenção e repressão ao crime organizado e à criminalidade, especialmente grave e violenta.