Saiba quem são as 5 vítimas da tragédia em cisterna em Águas Claras
Dois homens, de 26 e 53 anos, não resistiram, enquanto outros dois seguem internados em estado grave. O quinto envolvido saiu ileso
atualizado
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O acidente em um condomínio de Águas Claras que matou Wanderson Soares da Silva, 26 anos, e Gutemberg José de Santana, 53, deixou outras duas pessoas hospitalizadas. Caio Alves da Cruz, 24, e Elvis Rodrigues Barros, 28, porteiro do prédio, foram levados para unidades de saúde em estado grave e continuavam internados até a manhã desta quinta-feira (29/9). Avaliação preliminar da polícia indica possibilidade de morte por intoxicação.
Um quinto envolvido no caso, Gilvan Mesquita da Fonseca, 49, não sofreu ferimentos graves. Quando o morador do prédio e brigadista chegou ao edifício, na tarde dessa quarta-feira (28/9), um dos funcionários que trabalham no edifício – identificado como Maurício – pediu que Gilvan ajudasse os trabalhadores que gritavam por socorro.
O brigadista chegou a entrar na cisterna, mas, ao perceber que um dos homens estava desmaiado, saiu e acionou o Corpo de Bombeiros Militar do Distrito Federal (CBMDF).
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Desesperado diante da cena, Elvis também entrou na cisterna, na tentativa de ajudar os operários Caio, Gutemberg e Wanderson. Quando as equipes de socorro chegaram ao local, o porteiro havia conseguido sair, mas apresentava dificuldade para respirar, náuseas e tontura; por isso, foi transportado com urgência para o Hospital Regional de Taguatinga (HRT).
Dentro da cisterna, os três trabalhadores foram encontrados inconscientes. Os bombeiros prestaram socorro, mas Gutemberg e Wanderson sofreram parada cardiorrespiratória e não resistiram.
Caio também teve uma parada cardiorrespiratória, mas os militares conseguiram reverter o quadro. O jovem foi levado para o Hospital de Base inconsciente e em estado crítico. Na manhã desta quinta-feira (29/9), o paciente respirava por aparelhos, na sala de cirurgia de trauma. O quadro é de soterramento e inalação de gases tóxicos.
Emissão de gás
Os funcionários atuavam para instalar uma nova bomba d’água, em um dos poços do prédio. Dentro da cisterna, a água chegava a 1,2 m de altura, e o fosso tinha tinha 7 m de profundidade.
Os bombeiros informaram que os operários trabalhavam na cisterna com um motor movido a combustão. Além disso, nenhum dispunha de equipamento de proteção individual (EPI).
“Esse motor funciona à queima de combustível e acaba exalando gases que podem intoxicar pessoas. Não se tem, ainda, a informação de que isso seja a causa da inconsciência deles, até eles submergirem na água. Quem dirá isso é a perícia, mas a informação é relevante”, destacou o tenente Marcelo de Abreu, do CBMDF.
A 21ª Delegacia de Polícia (Taguatinga Sul) investiga o caso como acidente de trabalho.
Empresas envolvidas
O Metrópoles apurou que há três empresas envolvidas no serviço de troca da bomba da cisterna: HL2 Engenharia, Grupo K2 Serviços e Império Garden.
A HL2 Engenharia confirmou, em nota, que o Residencial Santorini a contratou apenas para os serviços de impermeabilização e drenagem da cisterna. “Não consta em nosso contrato de prestação de serviços a execução da limpeza da cisterna e posterior ligação de bombas”, detalhou.
Segundo a empresa, a Império Garden “foi contratada diretamente pela administração do condomínio para serviço de limpeza de cisterna e ligação de bomba, sendo atividade terceirizada, desvinculada da empresa HL2”.
A HL2 também destacou ter ajudado a entrar em contato com as equipes de socorro para o resgate das vítimas. “A empresa se solidariza com as famílias dos trabalhadores vitimados, e informa que está prestando assistência à família do funcionário internado.”
A K2 ressaltou que a “empresa realiza somente os serviços de limpeza e de portaria no condomínio”. “Ocorre que o nosso porteiro, presenciando a situação, tentou ajudar a equipe e também caiu na cisterna e inalou o gás. Ele está no HRT e tem sintomas leves. Estamos acompanhando o funcionário e dando todo o suporte necessário a ele”, acrescentou.