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Saiba quem é o servidor do MPDFT que vazava informações a criminosos

Suedney dos Santos, analista do MPDFT, advogava indiretamente para criminoso e mantinha o “chefe” informado sobre informações sigilosas

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1 de 1 Imagem colorida de um homem em pé usando terno e gravata- Metrópoles - Foto: Reprodução

A organização criminosa liderada pelo empresário Ronaldo de Oliveira, alvo central da Operação Old West, contava com a participação estratégica de um analista do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT), identificado como Suedney dos Santos. O servidor advogava indiretamente para o “chefe” e o mantinha informado sobre dados sigilosos relacionados a processos que tramitavam na Justiça.

A coluna Na Mira apurou que o analista teve a prisão temporária, além de busca e apreensão, pedida pela PCDF, mas o MPDFT havia se posicionado contrariamente às solicitações.

O analista é investigado por receber propina para repassar informações sigilosas indevidamente. Pelos atos de corrupção, o servidor começou a receber pagamentos feitos pelo empresário ainda em 2017, quando foram transferidos R$ 3 mil para a conta dele.

O servidor, considerado foragido, ainda receberia mais R$ 20 mil, pagos em 14 de março de 2018, exatamente na véspera da Operação Trickster, e mais R$ 140 mil.

À época, a força-tarefa apurou a existência de um esquema criminoso que desviou R$ 1 bilhão por meio de fraudes no sistema de bilhetagem eletrônica do extinto Transporte Urbano do Distrito Federal (DFTrans). A organização criminosa era liderada por Ronaldo de Oliveira.

Veja imagens do analista Suedney dos Santos, braço do empresário no MPDFT:

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Suedney dos Santos, analista do MPDFT procurado por receber R$ 140 mil de empresário investigado
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Suedney dos Santos, analista do MPDFT procurado por receber R$ 140 mil de empresário investigado

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Relação próxima

A relação entre o analista do MPDFT e o empresário era tão próxima e frequente que os investigadores identificaram 122 ligações telefônicas entre os dois, até 24 horas antes de ser deflagrada a Operação Trickster.

As investigações ainda mapearam que uma empresa pertencente a Ronaldo de Oliveira transferiu R$ 10 mil, entre janeiro e março de 2020, para a conta da esposa de Suedney.

No período dos depósitos, o empresário estava foragido, com mandado de prisão preventiva em aberto. Ronaldo foi preso só 28 de setembro de 2o20. Mesmo antes do desencadeamento da Operação Trickster, o analista do MPDFT continuou a prestar serviços advocatícios ao investigado, em troca de dinheiro.

“Dono de Brazlândia”

A investigação revelou que, após ser investigado e preso no âmbito da força-tarefa, Ronaldo de Oliveira desenvolveu um esquema sofisticado para lavar mais de R$ 31 milhões.

Para isso, o empresário, apontado como “dono de Brazlândia”, usou um supermercado que funcionava sob diferentes CNPJs, sempre em nome de “testas de ferro”, para ocultar a origem do dinheiro.

O estabelecimento era de fachada, segundo a polícia, e tinha um dos filhos de Ronaldo como dono. O negócio era usado como empreendimento para ocultar a verdadeira propriedade e dissimular valores obtidos por meio do estelionato contra a administração pública e da corrupção de agentes públicos.

As investigações da 18ª DP mostraram que, além de Ronaldo de Oliveira, a organização criminosa conta com participação da companheira do empresário, dos filhos, de uma nora e de uma cunhada dele.

Caminho do dinheiro

Antes da Operação Trickster, o bando comandado por Ronaldo de Oliveira mantinha recursos financeiros nas contas de empresas geridas pelo grupo. Após a ação da PCDF, o caminho do dinheiro mudou e passou a “fazer curva” para driblar as autoridades.

O fluxo financeiro começava com o recebimento dos pagamentos nas contas empresariais, mas os valores eram imediatamente lançados em contas-poupança do grupo, via depósitos e transferências, muita vezes na boca do caixa.

Em seguida, ocorriam retiradas diárias de valores de poupanças abertas em nome dos filhos de Ronaldo e Soraya, para repasse às contas das empresas, a fim de evitar bloqueios judiciais. Algumas chegaram a receber depósitos superiores a R$ 1 milhão.

Foragido

Ronaldo de Oliveira ficou foragido da Justiça do Distrito Federal por três anos, entre 2018 e 2021, com mandado de prisão preventiva a ser cumprido. Ele foi detido em 12 de abril de 2021 por policiais do Grupo de Patrulhamento Tático (GPT), na cidade de Niquelândia (GO).

Os policiais receberam informações de que o empresário circulava pelo povoado de Buriti Alto, próximo ao município de Mimoso (GO), onde Ronaldo de Oliveira teria um posto de gasolina. O local, segundo os militares, era estratégico, pois facilitava uma possível fuga para diferentes unidades da Federação, como Bahia, Tocantins ou mesmo o Distrito Federal.

Após uma série de buscas, os policiais localizaram uma caminhonete Hilux vermelha usada pelo empresário para circular pela região. Em seguida, ele foi abordado por uma equipe do GPT, que confirmou a existência do mandado de prisão em aberto por corrupção contra a administração pública e por associação criminosa.

Pagamento de propina

Em abril de 2018, a polícia pediu a prisão de Ronaldo e da companheira dele, Soraya. A Justiça atendeu à solicitação após os investigadores terem confirmado que o casal pagava propina para o então responsável pela unidade de controle de bilhetagem automática do DFTrans, Harumy Tomonori. O gestor foi detido em 23 de março de 2018, em mais um desdobramento da Operação Trickster.

Em depoimento, Harumy confessou que, mensalmente, recebia entre R$ 10 mil e R$ 15 mil, a fim de agilizar processos, pagamentos e fazer vista grossa diante de irregularidades e fraudes cometidas pelas empresas de Ronaldo e Soraya.

Entre as falcatruas, estava o fato de as empresas descarregarem cartões estudantis de alunos do Entorno como se fossem da rede pública de ensino do DF. Imagens flagraram Harumy deixando uma das empresas do casal com dinheiro pago como propina. À época, durante o cumprimento dos mandados de busca e apreensão, os policiais encontraram um envelope semelhante na casa de Harumy, com cerca de R$ 12 mil.

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