Saiba quem é o hacker de Águas Claras, outro alvo de busca em operação da PF
Conhecido como “Chiclete”, ele é apontado pelo MPF como um dos mentores intelectuais do hackeamento, ao lado de Walter Delgatti Neto
atualizado
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Moradores de um prédio na quadra 209 de Águas Claras, no Distrito Federal, acordaram nas primeiras horas da manhã desta quarta-feira (2/8) com as sirenes de viaturas da Polícia Federal. As equipes cumpriam mandado de busca e apreensão em um apartamento no quarto andar do edifício. No local mora o hacker Thiago Eliezer Martins Santos. Os agentes tinham determinação de apreender documentos e dispositivos eletrônicos do alvo.
Thiago é réu em uma ação penal na Justiça Federal do Distrito Federal sob acusação de ser um dos líderes das invasões a contas de autoridades no aplicativo de mensagens Telegram, incluindo procuradores da Operação Lava Jato.
Em junho do ano passado, o hacker também buscava na Justiça o direito de voltar a navegar na internet. Os advogados dele chegaram a protocolar um habeas corpus no Supremo Tribunal Federal (STF).
Conhecido como “Chiclete”, ele é apontado pelo Ministério Público Federal como um dos mentores intelectuais do hackeamento, ao lado de Walter Delgatti Neto, também réu no mesmo processo e preso no decorrer da operação Operação 3FA contra a deputada federal Carla Zambelli (PL) e Walter Delgatti, conhecido como o “hacker da Vaza Jato”.
Veja imagens da operação 3FA:
Invasões
As invasões ao Telegram tiveram como resultado a divulgação de mensagens de procuradores da Lava Jato na “Vaza Jato”. A medida foi decretada pelo juiz Ricardo Leite, da 10ª Vara Federal do Distrito Federal, em setembro de 2020, quando o hacker foi solto depois de passar um ano na cadeia.
Eliezer havia sido detido na segunda fase da Operação Spoofing, deflagrada em setembro de 2019, e acabou denunciado pelo Ministério Público Federal em janeiro de 2020.
Outras limitações foram impostas a ele na ocasião como uso de tornozeleira eletrônica, retirada em setembro de 2021, e proibição de manter contato com os demais réus e testemunhas. A “proibição absoluta” de acessar a internet inclui uso de smartphones, redes sociais e aplicativos de mensagens.
A operação
As ações ocorrem no âmbito de inquérito policial instaurado para apurar a invasão ao sistema do CNJ. O processo tramitou na Justiça Federal, mas teve declínio de competência para o STF, em razão do surgimento de indícios de possível envolvimento de pessoa com prerrogativa de foro.
Os crimes apurados ocorreram entre 4 e 6 de janeiro de 2023, quando teriam sido inseridos no sistema do CNJ — e possivelmente de outros tribunais do Brasil — 11 alvarás de soltura de presos por motivos diversos, além de um mandado de prisão falso em desfavor do ministro do STF Alexandre de Moraes.
O nome da operação — 3FA — faz referência à autenticação de dois fatores (2FA), protocolo de segurança para gerenciamento de identidade, com exigência de duas formas de identificação para se ter acesso a dados.
No caso dos investigados, a Polícia Federal, o Ministério Público Federal e o Poder Judiciário atuaram contra a ação dos criminosos.