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Saiba quem é o golpista preso que se inspirava no Lobo de Wall Street

Eduardo Omeltech é acusado de ser um dos líderes de uma organização criminosa que se inspirava no filme Lobo de Wall Street

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O brasileiro Eduardo Omeltech, 29 anos, foi extraditado de Portugal para o Brasil na quinta-feira (1º/2), após ser acusado de ser um dos líderes de uma organização criminosa que aplicava golpes financeiros.

Eduardo foi preso em Lisboa em março de 2023 após o nome dele estar na difusão vermelha da Interpol. Ele é apontado como chefiar um esquema de forte inspiração no filme O Lobo de Wall Street, estrelado por Leonardo DiCaprio.

Para flagrar os golpistas, os agentes portugueses se disfarçaram de pessoas em situação de rua e prenderam outros brasileiros também envolvidos no esquema.

O primeiro preso extraditado da Operação o Lobo de Wall Street chegou a Brasília por volta das 17h20 dessa quinta-feira (1º/2) em um voo da companhia aérea TAP, entre Lisboa e Brasília.

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Defesa de Eduardo

O advogado de defesa de Eduardo Omeltech em Portugal e no Brasil, Eduardo Maurício, afirma que pleiteia um habeas corpus no Superior Tribunal de Justiça (STJ) do Brasil para a revogação da prisão preventiva de seu cliente.

“O acusado Eduardo Omeltech é presumido inocente na investigação em trâmite em Brasília, que sequer teve acusação/denuncia formal por parte do Ministério Público Federal”, afirma Eduardo Maurício.

Segundo a defesa, Eduardo Omeltech não praticou nenhum dos crimes que lhe são imputados e nenhum golpe ou fraude envolvendo transações internacionais com criptomoedas.

“O acusado era apenas era um prestador de serviços da empresa Pineal Marrketing – Unipessoal LDA (sediada em Lisboa), com atividade expressa, certa e determinada de serviços de consultoria, objeto de contrato formal celebrado de prestação de serviços, e que supostamente vem sendo alvo de perseguição e fishing expedition (pesca probatória), tendo o processo no Brasil diversas nulidades que serão provocadas em momento oportuno” afirmou o advogado.

Operação

Com apoio operacional da Organização Internacional de Polícia Criminal (Interpol), a 9ª Delegacia de Polícia (Lago Norte) cumpriu, em 7 de março de 2023, em Lisboa, Portugal, seis mandados de prisão preventiva com bloqueio de contas bancárias, sequestro de criptoativos e derrubada de sites. O chefe da quadrilha foi detido no Aeroporto de Frankfurt, na Alemanha, ao tentar fugir.

A polícia apurou que um tcheco morador de Lisboa montou um escritório de fachada em Portugal, registrado como empresa de publicidade. Contudo, a verdadeira atividade do negócio era vender falsos investimentos na bolsa de valores, por meio de empresas fantasmas de corretagem.

O call center da organização criminosa era distribuído em quatro sedes e empregava centenas de brasileiros, geralmente imigrantes ilegais. A contratação exclusiva desse público decorria, também, da necessidade de pessoas que falassem português fluente, pois o grupo assediava e buscava seus alvos apenas no Brasil.

Os contratados para trabalhar no escritório tinham a função de ligar para brasileiros e oferecer opções de investimento. Os investigadores verificaram que o grupo usava todo tipo de argumento para convencer as vítimas a entrar no mercado de valores e fazer aplicações que supostamente gerariam altas rentabilidades com garantia.

As vítimas enganadas começavam a investir nas ações indicadas pelos criminosos, mas, diferentemente do prometido, sempre perdiam tudo. Desesperadas, elas eram incentivadas a fazer novos investimentos, na esperança de reverter o prejuízo.

“Ocorre que os novos investimentos também geravam outras perdas, alimentando uma bola de neve. Depois de [fazerem as vítimas] perderem todas as economias e se endividarem ainda mais em bancos, quando não tinham mais um centavo para aplicar, os criminosos cortavam os contatos telefônicos, e elas ficavam sem ter a quem recorrer”, afirma o delegado Erick Sallum.

Lobo de Wall Street

O delegado à frente das investigações revelou que obteve diversas provas do ambiente que predominava na empresa. Um esquema com forte inspiração no filme “O Lobo de Wall Street”, onde o protagonista interpretado por Leonardo DiCaprio enriquece com investimentos irregulares e leva um estilo de vida extravagante.

A figura de Jordan Belfort — O Lobo de Wall Street — era venerada. Em festas da empresa, havia grande ostentação de riqueza e premiações aos melhores “vendedores”.

Nos grupos de WhatsApp da empresa, os “gerentes” incentivavam os “vendedores” a ver o filme protagonizado por Leonardo Di Caprio e eram sistematicamente induzidos ao mesmo comportamento. O lema na empresa era: “Pensem em vocês e suas famílias, esqueçam as vítimas”.

A fim de enganar as vítimas brasileiras, os criminosos usavam aplicativos que mascaravam os números internacionais. Isso porque sabiam que ligar desses telefones para assediar brasileiros teria baixa eficácia.

Ao simular números com o código de área 61, do Distrito Federal, os investigados conseguiam que as vítimas atendessem à primeira ligação.

Com uso da mesma tática, agentes da PCDF recorreram ao mesmo aplicativo escolhido pelos criminosos para simular números portugueses. Isso fez com que os funcionários da empresa atendessem às ligações da Polícia Civil, ocasião em que foram intimados a prestar esclarecimentos por videoconferência.

Difusão vermelha

Após comprovada a fraude, a PCDF representou pela prisão preventiva dos líderes e pediu emissão de red notice à Interpol — o alerta de “difusão vermelha” autoriza a captura de pessoas em qualquer país conveniado e a publicação de fotos delas como “procurados”.

Esse foi o primeiro pedido do tipo deferido pela Justiça brasileira à Polícia Civil com a organização criminosa em atividade.

Todas as contas bancárias dos envolvidos em território nacional, bem como em exchanges — plataformas digitais de negociação — internacionais de criptomoedas, foram congeladas.

Os criminosos foram indiciados por fraude eletrônica, organização criminosa, lavagem de dinheiro e evasão de divisas, cujas penas somadas ultrapassam 50 anos de prisão.

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