1 de 1 Jair Renan, filho do ex-presidente Bolsonaro, e Maciel Carvalho, empresário do rapaz que foi preso por fraude em compra de armas. Eles aparecem em estande de tiros, abraçados e sorrindo para a foto - Metrópoles
- Foto: Reprodução
O empresário e influenciador digital Maciel de Carvalho Rodrigues Medeiros (foto em destaque), 41 anos, é o principal alvo da Operação Nexum, deflagrada pela Delegacia de Repressão aos Crimes Contra a Ordem Tributária (Dot/Decor) nesta quinta-feira (24/8). Além dele, Jair Renan, filho “04” do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), também foi alvo da ação que investiga suspeita de lavagem de dinheiro e de outros crimes.
A ação cumpre cinco mandados de busca e apreensão e dois de prisão preventiva.
Identificado como mentor do esquema, Maciel foi empresário e instrutor de tiro de Jair Renan. Ele coleciona registros criminais por falsificação de documentos, estelionato, organização criminosa, peculato, lavagem de dinheiro, corrupção ativa, uso de documento falso e disparo de arma de fogo.
Com mais de 420 mil seguidores, o blogueiro já deu entrevista ao lado do filho 04 do ex-presidente. Na ocasião, Maciel se apresentou como advogado e ex-pastor de uma unidade da Igreja Assembleia de Deus. O atirador também se diz coach e empreendedor.
Neste ano, ele já foi alvo de duas operações da Polícia Civil do Distrito Federal: a primeira, a “Succedere”, da Dot/Decor, apurou a ocorrência de crimes tributários praticados por uma organização criminosa especializada em emissão ilícita de notas fiscais.
Outra operação, a “Falso Coach”, da Coordenação de Repressão ao Crime Contra o Consumidor, a Propriedade Imaterial e a Fraudes (Corf), apurou o uso de documentos falsos para o registro e comércio de armas de fogo e a promoção de cursos e treinamentos de tiro por meio de uma empresa em nome de um “laranja”, tendo nesta ação policial sido preso em flagrante por posse irregular de arma de fogo.
Operação Nexum
A nova investigação deriva dos materiais apreendidos nas operações citadas foi iniciada uma nova investigação pela Dot, na qual se revelou um esquema de fraudes com crimes de estelionato, falsificação de documentos, sonegação fiscal e lavagem de dinheiro, com o objetivo final de blindar o patrimônio dos envolvidos.
8 imagens
1 de 8
Maciel Carvalho e Jair Renan Bolsonaro, o filho 04 do ex-presidente da República
2 de 8
O influenciador digital ao lado de Ana Cristina, ex-mulher de Jair Bolsonaro
3 de 8
Maciel Carvalho se apresentava como advogado e coach
4 de 8
Perfil de Maciel Carvalho no Instagram
5 de 8
O empresário era dono de uma loja no SIG
6 de 8
Ele também ministrava cursos de tiro
7 de 8
Maciel Carvalho é investigado pela PCDF e tem registros criminais por outros delitos
Maciel Carvalho também ministrou aulas de tiro para o filho de Bolsonaro e para a mãe de Jair Renan, Ana Cristina Siqueira Valle. A PCDF, entretanto, descarta envolvimento da família do ex-presidente nos crimes investigados na Operação Falso Coach.
A investigação apontou a existência de uma associação criminosa cuja estratégia para obter indevida vantagem econômica passa pela inserção de um terceiro, “testa de ferro” ou “laranja”, para se ocultar o verdadeiro proprietário das empresas de fachada ou empresas “fantasmas”, utilizadas pelo alvo principal e seus comparsas.
De acordo com os elementos de prova, o principal investigado e um de seus comparsas fizeram nascer a falsa pessoa de Antônio Amâncio Alves Mandarrari, cuja identidade falsa foi usada para abertura de conta bancária e para figurar como proprietário de pessoas jurídicas na condição de “laranja”.
Os policiais civis ainda descobriram que os investigados forjam relações de faturamento e outros documentos das empresas investigadas, utilizando-se para isso de dados de contadores sem o consentimento destes, inserindo declarações falsas com o fim de alterar a verdade sobre fato juridicamente relevante, bem como mantém movimentações financeiras suspeitas entre si, inclusive com o possível envio de valores para o exterior.
Mandados de busca e apreensão
Os mandados de busca e apreensão foram cumpridos no Distrito Federal e em Santa Catarina. No Distrito Federal, as ordens foram cumpridas em Águas Claras e no Sudoeste, em desfavor do alvo principal e dois comparsas, sendo um deles um “testa de ferro” usado pelo grupo para figurar como proprietário das empresas.
Também houve cumprimento de mandados na Asa Sul, em um mesmo endereço em que estão registradas uma empresa vinculada ao principal investigado e outra vinculada a um dos demais envolvidos, o qual também foi alvo de busca em sua residência localizada em Balneário Camboriú (SC).
Além disso, foi cumprido um mandado de prisão preventiva em desfavor do mentor do esquema. Outro investigado teve decretada sua prisão, porém encontra-se foragido e também é procurado por crime de homicídio ocorrido em Planaltina.
As diligências de hoje visam apreender bens e documentos especificamente relacionados aos fatos apurados no âmbito da investigação policial, bem como colher outros elementos de convicção relacionados aos investigados.