“Quero transar”: ex-bailarina do Faustão acusa olheiro fake de assédio
O “olheiro” fake identificado como Maicon Ribeiro, oferecia cachês polpudos, entre R$ 5 mil e R$ 10 mil, para atrair as mulheres do grupo
atualizado
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Administrado por uma ex-bailarina do Faustão, um grupo de WhatsApp formado por dezenas de modelos foi usado por um homem para cometer assédio e importunação sexual. Pelo menos 32 mulheres receberam mensagens, fotos e vídeos com teor sexual enviados por um falso produtor, que se apresentava como funcionário das redes Globo e Record.
Com o pretexto de conseguir trabalhos fictícios nas emissoras ou em desfiles e campanhas publicitárias, o “olheiro” fake, identificado como Maicon Ribeiro, oferecia cachês polpudos, entre R$ 5 mil e R$ 10 mil, para atrair as mulheres, com idades entre 19 e 25 anos. O assediador pedia fotos sensuais, de lingerie e até nuas para as vítimas. Em alguns casos, puxava assunto com as modelos dizendo que “queria transar”.
A importunação sexual e a sequência de assédios contra as 32 mulheres ocorria à revelia da empresária e produtora Pablinny Pedersoli. Com 396 mil seguidores no Instagram, a ex-bailarina do programa do Faustão trabalha com eventos há 14 anos.
O currículo da produtora vai desde festivais como Rock in Rio até a organização de camarotes na Marquês de Sapucaí. Pablinny havia colocado Maicon como um dos administradores do grupo após adoecer e o homem garantir que atuava na produção da grandes emissoras de TV.
Veja mensagens de assédio enviadas pelo falso produtor às modelos:
Transa e rifa
Enquanto estava com administrador do grupo, Maicon mantinha o mesmo padrão de abordagem, sempre em conversas privadas com as modelos. A coluna conversou com todas as mulheres que guardaram prints dos assédios. Quando as investidas não funcionavam, o assediador fazia com que as mulheres comprassem rifas e transferissem dinheiro para a conta dele.
Uma das modelos relatou que boa parte das mulheres ficava constrangida com os assédios, mas todas sentiam receio de sofrerem boicote das agências. “Me chamou de gostosa, falou do meu peito. Naquele momento já comecei a ficar desconfortável, mas o meu medo era ser grosseira e sofrer boicote junto às agências”, disse. Até então, ninguém desconfiava que o homem era um falso produtor.
Segundo a vítima, Maicon queria fazer sexo, fingindo que tratava de uma seleção de garotas para produção de filmes eróticos. “Um tempo depois, ele falou que ia para São Paulo, fazer um filme pornô. Que o cachê era alto. Eu fiquei desconfortável, mas mais uma vez não fui rude. Só disse que se era uma coisa “ok” para ele, que fosse. Eu jamais faria. Alguns minutos depois eu abri a conversa e tinha uma foto dele nu, perguntando se gostei. Se ele estava “aprovado”, desabafou.
Veja imagens da ex-bailarina do Faustão e do falso produtor de TV:
Ligações insistentes
Além de enviar fotos e mensagens com teor sexual, o falso produtor ligava para as modelos de forma insistente, dezenas de vezes ao dia. Algumas das chamadas eram em vídeo, para que o assediador conseguisse observar o corpo das vítimas.
De acordo com uma das modelos vítimas de assédio, o olheiro fake fazia ligações a qualquer hora do dia, mesmo sem ser correspondido. “Ele me perturbava todo dia, por isso me ligava de madrugada, mas eu nunca atendi. Em uma oportunidade, acabei atendendo e falei que meu namorado estava incomodado com aquela situação”, contou.
Após as modelos contarem o que estava acontecendo a Pablinny, ela removeu Maicon do grupo e orientou todas as mulheres a procurarem as autoridades. “Criei esse grupo em fevereiro de 2022, para fazer o Carnaval das Artes no Rio de Janeiro, e depois resolvi manter e expandir o grupo, para ajudar o maior número de pessoas a trabalhar. Fiquei chocada com o que ocorreu e espero que a justiça seja feita”, afirmou.
A coluna procurou por Maicon, para ouvir o que ele tinha a falar sobre os supostos casos de assédio imputados a ele. Porém, Ribeiro se limitou a dizer que não sabia do que se tratava as acusações. O espaço segue aberto para possíveis manifestações.