Quem são os integrantes da máfia chinesa ligados à advogada de Deolane
Fuhao Liu, Mingyang Li e An Hu desembarcaram no Brasil em 24 de maio deste ano, com visto de turismo, mas cuidaram da abertura de empresas
atualizado
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A máfia chinesa que esticou as garras sobre o mercado de jogos de azar on-line no Brasil teria contado com importante participação da advogada da influencer Deolane Bezerra (à direita na foto em destaque), a ex-BBB Adélia de Jesus Soares (à esquerda).
Alvos de investigação da Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF), mafiosos asiáticos pisaram em solo brasileiro e coordenaram as tratativas para a abertura de empresas interpostas de fachada, que passaram a funcionar como instituições de pagamento. Com isso, a lavagem de dinheiro correu solta e descontrolada.
Investigadores da 9ª Delegacia de Polícia (Lago Norte) descobriram uma operação gigantesca de exploração ilícita de cassinos on-line, instrumentalizada por um laranjal de empresas interpostas, que aproveitam do desregulado setor de instituições de pagamento para fazer fluir o dinheiro ilegal obtido por meio da contravenção. Tudo com participação da advogada e ex-BBB Adélia.
A investigação individualizou os mafiosos chineses participantes da abertura irregular de empresas. Fuhao Liu, Mingyang Li e An Hu desembarcaram no Brasil em 24 de maio deste ano, com visto de turismo. No entanto, o trio tratou da abertura das firmas fraudulentas e, logo depois, deixou o país.
Veja fotos dos chineses envolvidos nas atividades mafiosas:
Registro da empresa
O esquema criminoso está relacionado ao chamado Jogo do Tigrinho, uma forma de exploração ilegal de jogos de azar. A apuração conduzida pela 9ª DP revelou que um grupo chinês foi responsável pela criação e operação das atividades. A PlayFlow Processadora de Pagamentos Ltda., empresa criada recentemente, é um dos principais focos da investigação.
Com o rompimento do contrato entre outras duas empresas, a Okpayments e AnSpacePay, o grupo chinês buscou alternativas para continuar a operação ilegal, segundo a PCDF. Nesse contexto, a PlayFlow surgiu, com objetivo de receber pagamentos provenientes de apostas ilegais.
A empresa foi registrada na Junta Comercial de São Paulo (JUC-SP) em 11 de julho de 2024. Adélia de Jesus Soares, que figura como administradora da firma, é apontada como elo crucial no esquema. As investigações revelaram que a constituição do negócio ocorreu de maneira irregular. Com uso de documentos falsificados de uma empresa fictícia das Ilhas Virgens Britânicas, a Peach Blossom River Technology LTD, a PlayFlow ficou registrada como representante dessa entidade no Brasil.
Para os investigadores, por ser advogada, Adélia Soares tem conhecimento profundo das leis e dos regulamentos brasileiros. Isso levantou suspeitas sobre a participação deliberada dela no esquema, pois a profissional deveria estar ciente das irregularidades no processo de registro da PlayFlow. A atuação como administradora da empresa e a assinatura do contrato social, inclusive, reforçam a ideia de que ela desempenhou um papel ativo nos negócios, de acordo com a PCDF.
Relatório da 9ª DP também demonstraram que, após ser confrontada com as evidências, Adélia negou conhecer os verdadeiros responsáveis pela PlayFlow, identificados como Michael e Riko, representantes do grupo criminoso chinês. Ela também disse não ser dona da empresa, mesmo que constasse como administradora no contrato social. Além disso, a advogada teria começado a ignorar os contatos e as intimações da polícia.
Indiciamento
A advogada de Deolane foi indiciada por falsidade ideológica e associação criminosa. A medida ocorreu com base na participação dela na abertura da empresa de fachada para o grupo criminoso, o que teria facilitado a exploração ilegal de jogos de azar e a ocultação da identidade dos verdadeiros operadores do esquema.
Embora as fontes da investigação não mencionem diretamente a participação de Adélia no crime de lavagem de dinheiro, esse é um aspecto crucial da operação realizada pela intermediadora de pagamentos AnSpacePay.
Essa empresa é acusada de usar CPFs de pessoas mortas e operações fraudulentas de câmbio para enviar valores ao exterior, o que caracteriza lavagem de dinheiro para o grupo criminoso.
Quem é Adélia Soares
Adélia Soares, 44 anos, tem um histórico profissional significativo, inclusive com atuação como diretora da Fundação de Proteção e Defesa do Consumidor (Procon) de Suzano (SP) durante 12 anos e de presidente da Comissão de Proteção e Defesa do Consumidor da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) durante três gestões.
Desde 2003, ela é dona do escritório Adélia Soares Advogados e, desde 2015, tem atuado na defesa de artistas e figuras públicas.
Além de representar Deolane Bezerra, Adélia defendeu outras personalidades, como MC Mirella, Thomaz Costa e Deborah Albuquerque.
A advogada, que é casada com o engenheiro Alexandre Moraes de Assis e tem uma casa em Orlando (FL), nos Estados Unidos, também é conhecida pelo trabalho em recuperar bens de luxo dos clientes.
Leia a nota de defesa de Adélia Soares na íntegra:
“Em resposta às recentes alegações envolvendo a doutora Adélia Soares, informamos que ela está plenamente ciente dos fatos mencionados e tomou todas as providências legais cabíveis. Entre essas medidas, destaca-se o registro de boletins de ocorrência, visando proteger sua integridade e reputação.
As acusações feitas contra ela são infundadas e resultam de um golpe praticado por terceiros, que utilizaram seu nome de forma indevida e criminosa. A doutora Adélia informa que está colaborando ativamente com as autoridades para esclarecer os fatos e responsabilizar os verdadeiros culpados, uma vez que apenas prestou suporte administrativo para a empresa em questão.
Cabe ressaltar que sua carreira e vida pessoal são pautadas pela ética e legalidade, [com a advogada] repudiando veementemente qualquer conduta contrária a esses princípios.
Estamos à disposição para quaisquer esclarecimentos que se façam necessários.”