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Produtor de conteúdo diz que autismo está associado a voto em urna

À PCDF, entidade de proteção ao autismo denunciou o preconceito sofrido. Rapaz que fez associação é identificado por “Jaba” na rede

atualizado

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Um usuário de uma rede social de vídeo causou revolta ao dizer que o diagnóstico do autismo poderia ser feito ao identificar o candidato à Presidência no qual a pessoa votou. O rapaz, chamado de “Jaba” em seu perfil, gravou vídeo associando o voto ao candidato perdedor das Eleições 2022, Jair Bolsonaro (PL), ao transtorno do espectro autista.

“Como descobrir se o seu filho é autista? Check: olha, pega uma urna e coloca na frente do seu filho. Se ele apertar o 22, com certeza ele é autista”, disse produtor de conteúdo.

Entidades de defesa e cuidado às pessoas com o transtorno, que atuam na capital federal, manifestaram-se e, inclusive, uma delas registrou boletim de ocorrência à Polícia Civil do DF, que investigará o caso.

Veja o vídeo:

O Movimento Orgulho Autista Brasil (Moab), autor da denúncia à PCDF, afirma que a fala usa o autismo para demonstrar “ódio, pois demonstra o que [o produtor de conteúdo] pensa de uma pessoa autista, e não da política”.

“Nós recebemos por meio eletrônica a denúncia de uma mãe, que se sentiu muito humilhada Porque o vídeo estava dizendo que para saber se seu filho é autista bastava colocar a urna eletrônica na frente e se ele digitar o número tal aí ele é autista. Então, isso é humilhar. É colocar o autista abaixo das relações humanas”, afirmou Edilson Barbosa, diretor-presidente do Moab.

Para o movimento é preciso investigar esse tipo de ação já que a discriminação contra pessoas com autismo “é um grave problema no DF”. Segundo o Moab, constantemente há denúncias contra esse tipo de atitude de mães, pais e dos próprios autistas.

Para o diretor-presidente, as autoridades públicas precisam fazer campanhas de conscientização explicando como a sociedade deve tratar as pessoas com o transtorno.

“É preciso ter humanidade. Nós do DF e no Brasil, não estamos conseguindo nos colocar no lugar do outro”, assinalou.

Além do Moab e da PCDF, denúncias relacionadas a esse tipo de injúria podem ser feitas para diversas instituições, como a seccional da Ordem dos Advogados do Brasil no DF (OAB-DF).

Abalo

Segundo Viviani Guimarães, vice-diretora presidente do Moab, a piada voltada para a política faz uma comparação equivocada com o autismo. “Infelizmente, a gente vê que isso ainda acontece muito. Graças a Deus com menos frequência, mas ainda nos abala muito ver em pleno 2022 as pessoas fazendo comparações ruins, colocando como lado pejorativo a pessoa com autismo”, comentou.

“O capacistismo ocorre quando você coloca a pessoa com deficiência sendo menor do que ela é, por conta das características que ela tem”, explicou. Para Viviani, é preciso ampliar a conscientização.

No Brasil, a comunidade autista conta com o amparo legal da Lei Berenice Piana, Lei 12.764 de 2012. Além disso, existe a Lei Brasileira de Inclusão. No DF, está em vigor a Lei Fernando Cotta de 2011.

Outro lado

O Metrópoles tentou localizar o autor do vídeo pelas redes sociais. Mas não conseguiu. Os perfis onde o vídeo havia sido divulgado não estavam disponíveis. Este espaço está aberto para eventuais manifestações e esclarecimentos do responsável pela gravação.

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