Prints mostram esquema de propina operado por capitão “Toddy” e esposa
O policial militar enviava suas próprias “figurinhas” – com sua imagem – para agradecer e ridicularizar a situação sobre a propina recebida
atualizado
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Dezenas de mensagens trocadas por meio do WhatsApp, entre o capitão da Polícia Militar da Bahia (PMBA) Fabrício Carlos Santiago dos Santos e comerciantes que pagavam para escapar de operações da PM baiana, integram a apuração do Ministério Público local (PMBA). Nas conversas, o oficial, que está preso preventivamente, negocia desde a liberação de som alto em eventos até a “vista grossa” para veículos que transitam com irregulares pela cidade de Santa Cruz Cabrália (BA).
Nas conversas, analisadas pelo Grupo de Atuação Especial de Combate às Organizações Criminosas e Investigações Criminais (Gaeco), foi possível verificar a existência de um “acerto” semanal do capitão com o dono de uma distribuidora de bebidas. Mediante pagamento de propina, o comércio mantinha música alta até por volta das 5h sem ser incomodado por parte da PM baiana.
A prática criminosa do capitão, de acordo com as investigações, era tão banalizada que ele enviava suas próprias “figurinhas” – com sua imagem – para agradecer e ridicularizar a situação, referindo-se constantemente à propina recebida como “Toddy”. Em razão disso, ele passou a ser chamado na região de “capitão Toddy”.
Veja prints das conversas entre o policial e os comerciantes que pagavam propina:
Esposa “coronel”
Presa preventivamente, a companheira do capitão, Fabiane Evangelista dos Santos (foto em destaque), era a responsável por coordenar toda a logística da organização criminosa suspeita de vazar informações sigilosas envolvendo operações desencadeadas pela corporação.
Segundo as apurações do MPBA, Fabiane tinha papel ativo na rede de cobrança de propinas, fazendo a gerência de todo o esquema criminoso. A mulher do oficial controlava o balanço financeiro faturado com as propinas pagas por comerciantes. Ela ainda garantia a realização da segurança dos locais, utilizando a força policial do estado.
Fabiane também cuidava da cobrança após os “clientes” serem informados sobre a deflagração de operações organizadas pela Polícia Militar baiana, bem como repassava detalhes a respeito da localização exata em que havia sido montada alguma blitz.
Veja:
Foram cumpridos dois mandados de prisão preventiva contra integrantes da organização criminosa que, segundo as investigações, cobrava valores e vantagens de empresários e comerciantes na região de Porto Seguro (BA) para livrá-los de ações policiais. O oficial da PM foi exonerado do comando da 4ª Companhia de Polícia Militar de Santa Cruz Cabrália.
A Operação Sordidae Manus contou com homens do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco Sul), da Secretaria de Segurança Pública (SSP-BA), da Corregedoria da Polícia Militar da Bahia (Correg) e da Força Correcional Especial Integrada (Force/Coger).
Também foram cumpridos 12 mandados de busca e apreensão nos municípios de Porto Seguro, Santa Cruz Cabrália, Eunápolis e Ilhéus, inclusive na residência do PM e em sedes de empresas.
Os mandados foram expedidos pela Vara de Auditoria Militar de Salvador e pela Vara Criminal da Comarca de Santa Cruz Cabrália.