Preso revela em mensagens que PCC queria eliminar Comboio do Cão no DF
Inquérito produzido pela 18ª DP mostra mensagens trocadas entre o casal e os planos além do recrutamento de novos membros para o PCC
atualizado
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O casal do Distrito Federal preso por recrutar integrantes para a facção paulista Primeiro Comando da Capital (PCC) chegou a revelar em mensagens que havia a intenção de eliminar o Comboio do Cão, outra organização criminosa, mas com atuação restrita ao território brasiliense. Segundo o inquérito produzido pela 18ª Delegacia de Polícia, que conduziu a Operação Sicário, também havia a intenção de atacar policiais e atear fogo em ônibus.
“Aí nois vai manda mata os cara do comboio do cão já [sic]”. A mensagem foi escrita pelo homem que fazia o recrutamento para o PCC e consta no relatório do inquérito ao qual o Metrópoles teve acesso. Ele entrou para a quadrilha por meio do pai, também membro do PCC e que está preso na Penitenciária 1 do DF (PDF1), cumprindo pena de 53 anos. Ele recebeu do pai a missão de “batizar” (recrutar) novos integrantes para o PCC em Brazlândia.
A coluna apurou que o pai do homem é Walter Pereira, conhecido como Waltinho. Walter é casado com Grasielly dos Sanytos Oliveira de Lima, chamada de Rapunzel, e que também integra as bases do PCC. Segundo apurou a PCDF, Grasielly ajudava o casal detido – que não teve o nome divulgado pela polícia.
As prisões ocorreram nessa quarta-feira (15/3). O homem estava em Brazlândia, na quadra 35 da Vila São José, e a mulher, na quadra QR 512 de Samambaia. Na casa da suspeita, que também faz parte da facção paulista, foi localizada uma pistola calibre 380 e porções de maconha e cocaína. Na do companheiro dela, porções de maconha e cocaína, tudo pronto para o varejo.
Em mensagens trocadas com a mulher, o homem comenta que o pai, Walter, cobrava “novidades”. ”
“Pois é, ele ainda fica bravo falando “e as novidades” e eu falo “pô, não tem nenhuma não tá do mesmo jeito” aí eu acho que ele quer que Brazlândia esteja pegando fogo, todo mundo se matando, porque aqui amenizou as guerras né, ninguém tem guerra nenhuma aqui na quebrada. Aí ele fica doido falando “ninguém tem guerra”, aí ele fica doido “um mês não tem uma novidade” [sic]”.
Além de cumprir a função de recrutamento, a PCDF apurou que o homem detido nessa quarta, quando menor, praticou três atos infracionais análogos a roubo entre 2016 e 2018. Em dois houve emprego de arma de fogo. Em 2021, há o registro de ameaça do homem contra a mãe de seus filhos — a mesma detida nessa quarta.
Ex-integrante do Comboio do Cão
Ainda segundo o relatório da operação, Walter chegou a fazer parte da facção Comboio do Cão. Em uma carta, ele afirma que pediu a “exclusão” do grupo.
“[…] quero saber se vcs vão excluir esses manos que declarou guerra comigo pois sou amigo do CDC [sic]”. Segundo o inquérito, ele e Grasielly, em 2015, foram surpreendidos detendo 39 artefatos explosivos.
Também em 2015, Walter teria sido responsável pela explosão de 22 caixas eletrônicos. Ele tem condenações por tráfico de drogas, porte ilegal de arma de fogo de uso restrito, roubo qualificado e homicídio.