Policial stalker fez exame de insanidade mental antes de ser presa
A partir dos testes feitos no IML, é possível avaliar se a agente de polícia é imputável pelos crimes cometidos
atualizado
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Antes de ser presa, na noite dessa quarta-feira (1º/12), a agente da Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) Rafaela Luciane Motta Ferreira (foto em destaque), 40 anos, acusada de esfaquear o ex-namorado, fez exame de insanidade mental na Seção de Psicopatologia Forense do Instituto Médico Legal (IML). A investigada compareceu ao Instituto por volta das 13h.
A unidade é responsável pelas perícias psiquiátricas. A partir dos testes, é possível avaliar se um suspeito é imputável pelo crime cometido, ou seja, se tem alguma compreensão sobre a natureza dos atos praticados e se pode responder por eles.
O Código de Processo Penal define que o laudo pericial será elaborado no prazo máximo de 10 dias, podendo ser prorrogado, em casos excepcionais, a requerimento dos peritos.
Prisão
Conforme a coluna revelou, a prisão da policial foi complexa e exigiu um grande esforço por parte dos investigadores envolvidos no caso. Rafaela Ferreira foi encontrada em um apartamento da Asa Norte. Ela resistiu à ordem policial e se trancou no imóvel. Foi necessário acionar o advogado da agente e iniciar uma negociação, que começou às 21h de quarta-feira (1/12) e se estendeu até a 0h desta quinta (2/12).
Toda a ação foi gravada e anexada aos autos para resguardar os investigadores e a agente. A mulher passará por audiência de custódia nesta quinta-feira (2/12) e, em seguida, será encaminhada ao presídio. As investigações seguem em sigilo.
Veja o momento da prisão:
Entenda
Rafaela havia sido detida no domingo (28/11) por agredir, novamente, o ex-namorado. Ela foi liberada após assinar um Termo Circunstanciado de Ocorrência (TCO).
A coluna revelou que a policial civil deixou uma carta contendo diversas ameaças aos ex-companheiros. O material foi apreendido e é analisado pela Polícia Civil. O texto, suspostamente escrito pela agente, revela parte do perfil agressivo de Rafaela.
Em determinado trecho da carta, ela cita que vai pegar o celular de um dos homens. Em seguida, ela escreve que planeja furar os quatro pneus, riscar a lataria e colocar fogo no carro de outro. A mulher detalha que quer matar um ex-namorado por envenenamento. Ela afirma que também pretende incendiar a moto de outro homem, para que ele pudesse “sofrer em vida” e posteriormente também morrer envenenado.
No texto, a policial civil ainda ameaça os familiares dos companheiros e afirma que um deles vai ver o “corpinho do papai ir pro saco”. Ela pontua que perseguirá o homem até que “ele enlouqueça”. Ainda na carta, Rafaela Ferreira garante que “vai pagar quantos assassinos de plantão forem necessários para acabar com a vida de todos eles. Um por um”.
“Vou colocar maconha na tua mochila, e a PM vai te pegar. Você vai ter um tráfico, meu amor, nas tuas costas. Aguarde e confira. E ainda será no dia do meu plantão. Terei o maior prazer em escrever a ocorrência”, ressaltou.
Prisão
Rafaela cumpriu parte das ameaças na madrugada de domingo (28/11). A mulher furou os pneus do carro do ex e o esfaqueou com um canivete. Vídeos aos quais o Metrópoles teve acesso mostram constantes agressões, durante o relacionamento e após o término.
Nas imagens, a servidora, que havia sido presa preventivamente em agosto, acusada pelo crime de stalking contra o antigo namorado, aparece chutando e dando tapas no rosto do rapaz, em meio a uma luta corporal.
Veja imagens:
Em outra cena, o homem aparece com ferimentos no peito e nas costas, após ser esfaqueado pela mulher. Por volta das 4h30 de domingo, o rapaz teria percebido uma movimentação estranha nos arredores de casa e foi ver o que estava acontecendo
Neste momento, teria flagrado Rafaela furando os pneus de seu carro, um Celta. Segundo a ocorrência, o homem correu, perseguiu a mulher e, quando ela caiu, a policial teria desferido golpes com um canivete, nas costas da vítima, além de ter dado uma mordida no peito do ex-namorado.
Veja ferimentos:
Na delegacia, a vítima disse que a autora não aceitou o término do relacionamento e que, por isso, ele teria entrado com uma medida restritiva, a qual foi descumprida por Rafaela.
O caso foi registrado na delegacia como lesão corporal. Na ocasião, Rafaela assinou um termo circunstanciado de ocorrência (TCO) e foi liberada. A vítima não ficou gravemente ferida.
Em nota, a PCDF informou que “a autuada pertence aos quadros da instituição e já responde a Processo Administrativo Disciplinar (PAD) na Comissão Permanente de Disciplina (CPD) e a diversos procedimentos na Corregedoria-Geral de Polícia (CGP), e está afastada das funções por licença médica. Ela teve também suas armas recolhidas e a sua restrição será formalmente comunicada ao juízo”.
Ameaça
Em agosto deste ano, o mandado de prisão foi expedido pela 4ª Vara Criminal de Brasília. O documento a acusa de injúria, ameaça, perseguição, furto e dano qualificado.