Polícia pedirá exumação de corpo de jovem negro morto por PM do DF
Como havia sido diagnosticado com Covid-19, o jovem não teve o projétil extraído pelos médicos legistas do Instituto Médico Legal (IML)
atualizado
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A Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) deve pedir a exumação do corpo do adolescente Gustavo Henrique Soares Gomes, 17 anos, morto devido a um disparo efetuado por um policial militar, em 28 de janeiro, durante uma abordagem policial em Samambaia. Como havia sido diagnosticado com Covid-19, o jovem não teve o projétil retirado pelos legistas do Instituto Médico Legal (IML) antes de ser enterrado.
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A bala precisa ser extraída para que seja possível realizar o confronto balístico, que pode confirmar, de fato, que o disparo partiu da arma do policial que assumiu ter atirado. A decisão é importante para materializar a história que envolve a dinâmica dos fatos. O pedido será feito pela 26ª Delegacia de Polícia (Samambaia) nos próximos dias.
Veja fotos de Gustavo Henrique:
Nessa quarta-feira (9/2), a unidade policial mandou para o Instituto de Criminalística (IC) imagens de câmeras de segurança instaladas em uma igreja. O conteúdo pode ajudar a elucidar a dinâmica do caso, e o laudo elaborado pelo IML será fundamental para identificar em quais circunstâncias ocorreu o disparo.
“A gente está tendo bastante cautela nessa investigação, com calma e tranquilidade para apurar tudo com bastante responsabilidade. O que temos é o relato do policial, que narrou a dinâmica do fato, no qual o jovem jogou a moto sobre a equipe e simulou sacar uma arma”, explicou o delegado adjunto da 26ª DP, Rodrigo Carbone.
Os policiais encontraram, em um matagal próximo ao local, um simulacro de arma de fogo. “Isso não quer dizer que esse simulacro estivesse sendo usado pelo rapaz que estava na moto. Tudo está sendo apurado”, disse o delegado.
O adolescente foi morto com um tiro disparado durante uma perseguição policial em Samambaia. A confusão começou depois que duas motocicletas furaram um ponto de bloqueio montado pela Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF).
Caso as provas colhidas e as evidências que estão sendo trabalhadas confirmem que o policial disparou sem ter ocorrido reação dos rapazes que estavam na moto, o militar poderá ser indiciado por homicídio qualificado.
Paralelo à investigação da PCDF, a PM abriu um inquérito policial militar para apurar o caso.
Protesto
A família de Gustavo Henrique realizará, nesta quinta-feira (10/2), um protesto. Segundo os parentes do adolescente, ele não portava um simulacro de arma de fogo, como disseram os policiais, e morreu por despreparo do integrante da PMDF.
“Gustavo recebeu um tiro no peito, estando na garupa, sem oferecer risco aos policiais armados. A polícia disse que Gustavo tinha um simulacro e ameaçou sacar, na tentativa de colocar mais um jovem negro como bandido, porém, as filmagens e testemunhas evidenciam que não tinha arma”, afirma o texto que chama para o protesto, divulgado no WhatsApp.