PMs suspeitos de assassinatos já foram presos por matar jovem algemado
Junto de outros 4 policiais militares, dois suspeitos por assassinatos já foram acusados pela execução de Lucas Eduardo, de 22 anos
atualizado
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Dez policias militares de Goiás tiveram prisão preventiva decretada, nessa terça-feira (19/9), acusados de diversos assassinatos durante operações deflagradas em cidades goianas. Entre eles estão os cabos Thiago Marcelino Machado e Johnathan Ribeiro de Araújo, que já estavam presos por outros homicídios na região de Anápolis.
Junto de outros quatro policiais militares, eles foram alvo do Ministério Público de Goiás (MPGO) pela execução de Lucas Eduardo de Lima Dutra, 22 anos, em maio deste ano. A denúncia foi acatada pela Justiça goiana, e os militares estão presos desde a semana passada.
Segundo a denúncia, os policiais estavam à procura do autor de roubo de um telefone celular. O jovem morto foi apontado como o ladrão pelo dono de uma boca de fumo, após ele ser mantido por dentro de uma viatura com os policiais Thiago Marcelino e Isac Fernando, por meia hora. Com o nome do então suspeito, a dupla foi à casa de Lucas. Chegando lá, havia uma outra viatura, descaracterizada, ocupada por Johnatan Ribeiro e Regis Aires.
Ainda de acordo com o processo, na porta da casa da vítima, os policiais Thiago Marcelino, Isac Fernando, Denilson de Oliveira e Errolflyn Ferreira se encontraram e realizaram uma abordagem. Ao perceber a ação do grupo policial, detalha a investigação, a vítima fugiu e ficou escondida em um matagal no terreno do lado, que estava tomado pelo mato alto.
Três policiais, incluindo o cabo Thiago Marcelino Machado, foram atrás do homem enquanto outro militar impediu que a companheira da vítima o ajudasse. Minutos depois, conforme a testemunha, foram ouvidos pelo menos seis disparos de arma de fogo.
O laudo mostra que, quando recebeu os tiros, a vítima estava agachada e com sinais de que havia sido algemada, impossibilitando sua defesa. Além disso, os policiais teriam cometido fraude processual ao afirmar que os disparos foram efetuados só depois de Lucas atirar contra eles, o que não foi confirmado no exame cadavérico. Os policiais também demoraram para chamar o socorro.
De acordo com a peça acusatória, após o crime, os policiais Johnathan Ribeiro e Regis Aires, usando a viatura descaracterizada, teriam levado a companheira de Lucas até o terminal rodoviário da cidade de Anápolis e a obrigado a embarcar para Araguaína, no Tocantins, sua cidade natal.
Para os promotores, mesmo não tendo efetuado os disparos que mataram Lucas, os denunciados Errolflyn, Johnathan e Regis foram essenciais para o crime, já que os outros envolvidos puderam agir sem nenhuma interferência. Ao analisar e acatar os pedidos, a juíza Edna Maria Ramos da Hora levou em consideração diversas outras ações penais por homicídio a que respondem cinco dos denunciados, com exceção de Johnathan.
Operação Tesarac
A Polícia Civil de Goiás (PCGO) cumpriu, nessa terça-feira (19/9), 10 mandados de prisão temporária contra policiais militares de Goiás. O grupo, conhecido como “confraria da morte”, é suspeito de planejar vários assassinatos durante operações policiais nas cidades de Anápolis e Terezópolis.
Os PMs presos são:
- Almir Tomás de Aquino Moura – major
- Marcos Jesus Rodrigues – subtenente
- Marco Aurélio Silva Santos – 1º sargento
- Erick Pereira da Silva – 3º sargento
- Glauko Olivio de Oliveira – cabo
- Thiago Marcelino Machado – cabo
- Rodrigo Moraes Leal – soldado
- Adriano Azevedo de Sousa – 2º tenente
- Wembleyson de Azevedo Lopes – soldado
- Johnathan Ribeiro de Araújo – cabo
Além disso, a Operação Tesarac, responsável por investigar os crimes, cumpriu 18 mandados de busca e apreensão em Anápolis, Caldas Novas, Nerópolis, Nova Veneza, Goiânia e Brasília.
A Secretaria de Segurança Pública de Goiás confirmou a prisão de policiais militares do estado e acrescentou que “o Comando de Correições e Disciplina da PMGO acompanhou o cumprimento de mandados de prisões temporárias e de busca e apreensão expedidos pela 1ª Vara Criminal da Comarca de Anápolis”.
Os policiais militares foram recolhidos ao presídio militar, onde permanecem à disposição da Justiça.
A Corregedoria da PMGO instaurou os procedimentos legais cabíveis. “A SSP-GO, juntamente com todas as Forças de Segurança, reitera que não compactua com nenhum tipo de desvio de conduta”, informou o órgão por meio de nota.