PM é suspeito de vazar informações a vereador financiado por facção
Polícia Federal cumpriu 18 mandados de busca e apreensão, bem como 14 de prisão temporária, contra investigados por crimes eleitorais
atualizado
Compartilhar notícia
Na manhã desta quarta-feira (18/12), a Polícia Federal (PF) deflagrou a Operação Martellus, para desarticular uma associação criminosa envolvida em crimes eleitorais durante o pleito de 2024.
As investigações revelaram um esquema de compra de votos em Boa Vista (RR), que contou com apoio de um policial militar, responsável por vazar informações sigilosas a um vereador reeleito e investigado.
A operação, autorizada pela Justiça da 1ª Zona Eleitoral de Roraima, cumpriu 18 mandados de busca e apreensão, bem como 14 de prisão temporária. Entre os alvos está o vereador, apontado como líder do esquema, e outros integrantes de um grupo que atuava no recrutamento de eleitores coagidos a votar no então candidato em troca de dinheiro.
As investigações revelaram que o vereador — o qual responde a processos por crimes cometidos anteriormente — usava um grupo em aplicativo de mensagens para organizar e monitorar as operações de compra de votos.
Os eleitores recebiam de R$ 100 a R$ 150 em troca do compromisso de votar no candidato. A PF calcula que ao menos R$ 1 milhão tenha sido movimentado no esquema.
Além da compra de votos, a operação revelou a participação de agentes públicos na rede criminosa. Um oficial da Polícia Militar de Roraima (PMRR) teria agido como informante do vereador e o alertado acerca do avanço das investigações, bem como sobre denúncias relacionadas ao esquema de corrupção eleitoral. Ainda segundo a PF, essa atuação permitia ao grupo criminoso ocultar provas e manter as atividades ilícitas durante o período do pleito.
A investigação começou em 5 de outubro deste ano, com a prisão em flagrante de 10 pessoas supostamente envolvidas no esquema de corrupção eleitoral. No dia seguinte, uma busca e apreensão revelou indícios contundentes da prática delituosa, inclusive devido à existência de ouro bruto — o que configura crime — e de quantidade considerável de dinheiro em espécie na casa do vereador. Apesar de ser preso em flagrante na ocasião, o político acabou liberado, graças a um pedido de habeas corpus acatado pela Justiça.
O inquérito também demonstrou que o vereador, em busca da presidência da câmara municipal, teria sido financiado com recursos do tráfico de drogas para custeio da atuação ilícita e ampliação do próprio poder político.
Os envolvidos no esquema podem responder por associação criminosa, corrupção eleitoral, falsidade ideológica eleitoral, transporte ilegal de eleitores, violação do sigilo do voto, violação de sigilo funcional, prevaricação e lavagem de dinheiro.