Playboy das bitcoins que manteve namorada em cárcere vira réu no DF
As fraudes cometidas por Marlon Gonzalez foram reveladas em duas reportagens publicadas pelo Metrópoles, nos dias 25 e 26 de agosto de 2019
atualizado
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O estelionatário Marlon Gonzalez Motta (foto em destaque), conhecido como “playboy das bitcoins” tornou-se réu em um dos processos que tramitam no Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios (TJDFT). O réu foi denunciado pelo Ministério Público por ameaçar a ex-namorada de morte, em 2019. Ele teria mantido a vítima em cárcere privado e colocado uma arma na cabeça da mulher.
De acordo com o processo, durante o relacionamento, Marlon teria se mostrado “ciumento, possessivo, agressivo e violento quando não atendido nas solicitações”. As fraudes cometidas por Marlon foram reveladas em duas reportagens publicadas pelo Metrópoles, em 25 e 26 de agosto de 2019.
Fingindo ser megainvestidor, o falsário usaria a lábia para convencer operadores financeiros a pagarem fortunas em transações envolvendo moedas virtuais, como bitcoins. As vítimas que Marlon fez no DF sofreram desfalques entre R$ 50 mil e R$ 100 mil.
Agora, as acusações são de violência. Conforme relato da ex-namorada, Marlon a controlava. Pontuou ainda que ele já a ofendeu verbalmente. Após uma agressão ocorrida em 19 de dezembro de 2019, a denunciante decidiu registrar boletim de ocorrência na PCDF contra o ex-parceiro.
Veja fotos do playboy dos bitcoins:
Arma na cabeça
De acordo com o depoimento da vítima, após uma confraternização de trabalho, Marlon Gonzalez teria dito que mandaria “gente ir lá matar todo mundo” se a jovem não fosse ao apartamento da família dele, em Águas Claras. A mulher, então, dirigiu-se ao local e acabou sendo obrigada pelo ex-namorado a sair do carro e entrar no imóvel. Segundo declarou aos investigadores, o rapaz a “abordou com uma arma enrolada no pano”.
Ainda conforme consta em decisão do TJDFT, a denunciante garante que os dois já haviam terminado o relacionamento, mas ela teria sido persuadida a continuar por mais alguns dias na residência de Marlon. Em uma das ocasiões na casa do agressor, a vítima afirmou que ele “engatilhou uma arma na cabeça dela”.
No apartamento do estelionatário, a mulher disse ter passado por momentos de terror. Frisa que ficou trancada por horas, sob pressão psicológica e ameaça. As agressões não cessaram nem quando a vítima conseguiu deixar o local. Segundo a denunciante, Marlon deixou claro que iria “matá-la”, bem como “toda a família dela”, caso a jovem revelasse o ocorrido para alguém.
“Marlon contava sempre outras histórias de crime que ele praticou. E mostrava ter dinheiro e poder para mandar fazer o que quisesse contra quem quisesse”, disse a ex-namorada do acusado em depoimento.
Ainda à Justiça, a mulher relatou que Marlon não está mais em Brasília. E afirmou que, mesmo assim, ele “utiliza números diversos e estranhos para fazer contato telefônico e por aplicativos”.
Diante da denúncia, o juiz substituto do Juizado de Violência Doméstica e Familiar Contra a Mulher do Guará, Lucas Lima da Rocha, proibiu o estelionatário de tentar diálogo com a vítima, por qualquer meio de comunicação, e de se aproximar da ex-namorada, de familiares da moça e de testemunhas.
Os golpes
O caso de Marlon, que aplicou uma série de golpes, com fraudes que ultrapassam a casa dos R$ 3 milhões, foi revelado pelo Metrópoles. Os brasilienses que caíram na armadilha do rapaz passaram a monitorá-lo e descobriram que, em agosto do ano passado, investidores paulistas também foram enganados pelo estelionatário. Eles esperavam comprar grandes quantidades de bitcoins, mas amargaram prejuízos que chegariam a R$ 880 mil.
Marlon teria adotado o mesmo modus operandi utilizado para lesar investidores chineses e brasileiros, que perderam R$ 600 mil em uma transação feita em Hong Kong. O fraudador simulava a transferência das moedas digitais após a fortuna entrar em contas de laranjas.
Em agosto de 2019, o estelionatário foi sequestrado por dois empresários quando deixava uma festa realizada na Associação dos Servidores da Câmara dos Deputados (Ascade), no Setor de Clubes Sul.
Investigadores da Divisão de Repressão a Sequestros (DRS) da Polícia Civil indiciaram a dupla que rendeu Marlon Gonzalez com pistolas, o levou para um cativeiro e o obrigou a transferir R$ 152 mil em bitcoins para carteiras criptografadas. Os autores do rapto eram credores do golpista e haviam sido enganados por ele em uma transação envolvendo moedas virtuais.