Playboy da batida fica em cela RDD ao receber dados de policial penal
Segundo investigações da PCDF, o empresário Glauber Henrique Lucas de Oliveira teria recebido informações de policial penal alvo de operação
atualizado
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Preso preventivamente no âmbito da Operação Coiote, da Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF), que desbaratou um esquema criminoso responsável por simular acidentes de trânsito e destruir carros de luxo a fim de receber altos valores de indenização pagos por seguradoras, o empresário Glauber Henrique Lucas de Oliveira sofreu um duro golpe.
No início da noite desta sexta-feira (16/02), a pedido da PCDF, a Vara de Execuções Penais (VEP) determinou a inclusão de Glauber em Regime Disciplinar Diferenciado (RDD). Ele estava preso no Centro de Detenção Provisória II (CDP II) e, segundo as investigações, interagia com um policial penal que, na manhã desta sexta, foi afastado das funções por ordem da Vara Criminal e do Tribunal do Júri de Brazlândia.
Ainda segundo as investigações da 18ª Delegacia de Polícia (Brazlândia), o preso recebeu informações sobre a vida privada do policial civil que o investigava por meio do policial penal. Essas informações, de acordo com a apuração, foram transmitidas para criminosos que estavam em liberdade.
Glauber liderava a organização criminosa, conhecida como “playboys da batida”, que desde 2015 faturou R$ 2 milhões após simular 12 acidentes e destruir 25 veículos de luxo de montadoras como Porsche, Audi, BMW, Mercedes e Volvo, registrou pelo menos duas ocorrências na PCDF em que figura como vítima. Em uma delas, Glauber alega que, em abril deste ano, fizeram três compras utilizando o cartão de crédito dele, totalizando R$ 261.
Veja imagens registradas pelo empresário preso pela PCDF:
Organização criminosa
Em 18 de setembro do ano passado, a PCDF desencadeou megaoperação para desmantelar organização criminosa especializada em simular acidentes de trânsito e destruir carros de luxo para receber altos valores de indenização pagos por seguradoras.
Estruturado, o grupo criminoso era formado por Glauber, uma advogada, um ex-policial militar do DF, a mulher do PM e outros dois integrantes. O bando, de acordo com as investigações, faturou pelo menos R$ 2 milhões forjando acidentes violentos, com perda total dos veículos, para embolsar o dinheiro do seguro.
Outro “cabeça” da organização criminosa é o ex-policial militar Rosemberg de Freitas Silva. Ele foi expulso da PMDF por causa da emissão de 150 cheques sem fundos. Os veículos em nome do ex-militar chamam a atenção pelos altos valores. A coluna apurou que Rosemberg é dono de duas Porsches Cayenne, uma moto BMW R1250 e outra Honda PCX, além de três carros de menor valor, como um Honda Fit e um Hyundai HB20.
“Esta é quinta operação da PCDF contra fraudes no recebimento de indenização de seguro de veículos. A cada ação, há diminuição de simulações de acidente em Brasília, o que reduz o risco das seguradoras e, consequentemente, o preço do seguro do brasiliense”, disse o delegado-chefe da 18ª DP, Fernando Cocito.
Veja carro destruídos pelos playboys da batida:
Fábrica de acidentes
A organização criminosa tinha um modus operandi definido no momento de comprar um determinado carro, circular com ele por alguns meses e depois planejar a colisão. As batidas sempre ocorriam em locais ermos e escuros, para dificultar a presença de testemunhas. Os integrantes do esquema adquiriam veículos importados de certo tempo de uso e de difícil comercialização, alguns ainda avariados.
Os investigadores descobriram que os veículos eram consertados e, logo depois, os criminosos contratavam seguros, sempre com valor de indenização correspondente a 100% da tabela Fipe, muito superior ao valor de aquisição e conserto dos carros. Para driblar o mercado segurador e dificultar a descoberta de vínculos criminosos, o bando se revezava na condição de proprietário, contratante do seguro, condutor, terceiro envolvido no acidente e recebedor da indenização, às vezes via procuração.
Da mesma forma, para dificultar a apuração policial, os membros da organização criminosa registravam as ocorrências dos acidentes por meio da Delegacia Eletrônica, afastando questionamentos da polícia judiciária sobre as circunstâncias dos supostos acidentes. Em seguida, o bando dava entrada no processo para o recebimento da indenização do seguro, sempre com base na tabela Fipe.