PF investiga cooperativa que desviou meio bilhão de reais da Saúde
Na ação, cerca de 130 policiais federais e servidores da CGU cumprem 27 mandados de busca e apreensão no Rio de Janeiro
atualizado
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Na manhã desta quinta-feira (1º/9), a Polícia Federal, com apoio da Controladoria-Geral da União (CGU), deflagrou a Operação Anáfora, para apurar favorecimento na contratação de cooperativa de trabalho pelo município de Duque de Caxias, no Rio de Janeiro. Somados, os valores do contrato e de seus aditivos ultrapassam meio bilhão de reais (R$ 563.550.000) em pouco mais de dois anos.
Washington Reis (MDB), ex-prefeito de Duque de Caxias e candidato a vice-governador do Rio de Janeiro na chapa de Cláudio Castro (PL), é um dos alvos da operação. Policiais federais também investigam Mário Peixoto, denunciado pelo Ministério Público Federal (MPF) após a Operação Favorito, deflagrada em maio de 2020 para coibir fraude em licitações e lavagem de dinheiro.
Na ação, cerca de 130 policiais federais e servidores da CGU cumprem 27 mandados de busca e apreensão, expedidos pela 6ª Vara Federal Criminal do Rio de Janeiro, nos municípios de Duque de Caxias, Maricá, Angra dos Reis, Mesquita, Niterói, Nova Iguaçu e na capital carioca.
Segundo a PF, a investigação, iniciada em janeiro deste ano, aponta que a cooperativa pertence a uma estruturada e complexa organização criminosa do Rio de Janeiro. O grupo age por meio de desvio de recursos públicos, em especial na área da saúde, há décadas.
Os mandados de busca e apreensão são cumpridos contra pessoas físicas e jurídicas que ocupam diferentes funções no esquema, incluindo empresários, laranjas, operadores financeiros e prováveis líderes da quadrilha.
Anáfora
O nome da operação refere-se a uma figura de linguagem muito usada por escritores: a repetição de uma ou mais palavras no início de versos, orações ou períodos. Empregada na poesia e na música, a anáfora aumenta a expressividade da mensagem, enfatizando o sentido de termos repetidos consecutivamente.
Com relação ao trabalho conduzido pela PF, o que se identificou como característica acentuada da organização criminosa foi justamente a repetição do seu modo de atuar, ou seja, o emprego do mesmo modus operandi – tanto na constituição de empresas geridas por pessoas interpostas quanto na forma de contratar com entes públicos.