PF: grupo vendia armas dos EUA a assassinos de aluguel no Brasil
Polícia Federal faz operação que ocorre, de forma simultânea, no Brasil e na Flórida, nos Estados Unidos
atualizado
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Na manhã desta terça-feira (15/03), a Polícia Federal (PF) deflagrou, em conjunto com o Ministério Público Federal, a operação Florida Heat. O objetivo é de desarticular organização criminosa voltada ao tráfico internacional de armas dos Estados Unidos para o Brasil.
Cerca de 50 policiais federais, integrantes do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) e agentes americanos, cumprem sete mandados de prisão preventiva e cinco de busca e apreensão, expedidos pela 1ª Vara Federal Criminal do Rio de Janeiro. A capital carioca, Campo Grande (MS) e Miami, nos Estados Unidos, se tornaram palco da operação.
A PF contou com apoio da Agência de Investigações de Segurança Interna (Homeland Security Investigations – HSI) da Embaixada dos Estados Unidos. As investigações, que já duram cerca de dois anos, desvendaram a existência de um grupo responsável pela aquisição de armas de fogo, peças, acessórios e munições nos EUA e, posterior, envio ao Brasil.
A internalização do armamento, no Brasil, se dava por meio de rotas marítimas (contêineres) e aéreas (encomenda postal) pelos estados do Amazonas, São Paulo e Santa Catarina. O destino final era uma residência em Vila Isabel, no Rio de Janeiro.
Em geral, o material era acondicionado dentro de equipamentos como máquinas de soldas e impressoras, despachados juntamente a outros itens como telefones, equipamentos eletrônicos, suplementos alimentares, roupas e calçados.
Da residência, as peças eram retiradas pelos integrantes da célula no Rio de Janeiro – responsável pela usinagem e montagem do armamento, com auxílio de impressoras 3D (Ghost Gunner). Posteriormente, as armas eram distribuídas para traficantes, milicianos e assassinos de aluguel.
Churrascaria em Boston
O dinheiro para a compra do armamento era enviado do Brasil para os EUA por meio de doleiros. Foi identificado um brasileiro, dono de churrascarias em Boston, que recebia parte desse dinheiro e repassava para os alvos residentes nos EUA.
O bando investia o dinheiro adquirido com o tráfico de armas em imóveis residenciais, criptomoedas, ações, veículos e embarcações de luxo. Além das medidas judiciais já citadas, foi decretado o sequestro de bens, avaliados em cerca de R$ 10 milhões.
Ao longo da investigação, foram apreendidos milhares de armas, peças, acessórios e munições de diversos calibres, tanto no Brasil, quanto nos EUA.
No campo internacional, com a participação da Agência de Investigações de Segurança Interna (Homeland Security Investigations – HSI) da Embaixada dos Estados Unidos, as autoridades brasileiras e americanas atuaram em franca cooperação policial, otimizando resultados alcançados contra o grupo criminoso, que responderá pelos crimes de tráfico internacional de armas, organização criminosa e lavagem de capitais.
O nome da operação faz referência ao estado americano de onde as armas eram enviadas ao Brasil pelo grupo criminoso.