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PF faz megaoperação no DF e em 7 estados contra fraude de R$ 21 milhões no Fies

Foram mobilizados 77 policiais federais para dar cumprimento a 20 mandados de busca e apreensão em faculdades

atualizado

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Polícia Federal faz operação na cidade do automóvel. Na foto, viatura da PF na frente da loja Revel Multimarcas.
1 de 1 Polícia Federal faz operação na cidade do automóvel. Na foto, viatura da PF na frente da loja Revel Multimarcas. - Foto: Rafaela Felicciano/Metrópoles

A Polícia Federal, em conjunto com a Controladoria-Geral da União (CGU), deflagrou nesta quarta-feira (12/4) a Operação Falsa Tutela, com o objetivo de apurar fraudes praticadas contra a União por meio de recompras indevidas de títulos públicos oriundos do Fundo de Financiamento ao Estudante do Ensino Superior (Fies). Ao menos 20 faculdades são alvo da ação.

Foram mobilizados 77 policiais federais para dar cumprimento a 20 mandados de busca e apreensão em endereços localizados no Distrito Federal e em mais sete unidades da Federação (GO, MT, SE, SP, RJ, MG e BA). Em razão dos prejuízos já apurados, também foi expedida ordem de bloqueio de bens no valor total de R$ 21.282.729,85.

As investigações apontam que, de um lado, o aluno já matriculado em uma Instituição de Ensino Superior (IES) privada comparece à instituição financeira (Caixa Econômica ou Banco do Brasil) e contrata o financiamento. Do outro lado, a IES procede com adesão ao programa e disponibiliza os valores que serão convertidos em bolsas de estudo posteriormente concedidas aos estudantes beneficiados pelo financiamento.

Em contrapartida, a instituição passa a ser remunerada mensalmente pela União, por meio de títulos da dívida pública, Certificados do Tesouro Nacional – Série E (CFT-E). Os títulos são intransferíveis, ficam custodiados junto à Caixa Econômica Federal e podem ser utilizados para o adimplemento de obrigações previdenciárias e contribuições sociais.

Caso a IES não possua débitos previdenciários, os certificados podem ser utilizados para o pagamento de qualquer tributo administrado pela RFB. Por fim, caso não possua qualquer débito passível de compensação, há a possibilidade de recompra do saldo de CFT-E excedente das mantenedoras.

Só é possível a recompra de títulos de Instituições de Ensino que não possuam quaisquer débitos junto à União, visto que um dos requisitos é a apresentação de Certidão Negativa de Débitos (CND). A outra possibilidade de liberação decorre de decisões judiciais que permitem que a IES, apesar de inadimplente, participe do processo de recompra por meio da obtenção de liminar.

Todo o processo é operacionalizado por meio do sistema informatizado SisFIES que, resumidamente, permite que, além da adesão ao Fundo, as mantenedoras solicitem a recompra de CFT-E. Nesse escopo, as condutas investigadas decorrem, sobretudo, da inserção de dados fraudulentos junto ao SisFIES e que, por consequência, implicaram a recompra indevida de diversos títulos públicos em favor de diferentes IES.

Identificou-se a participação de então servidores do FNDE que, em contrapartida ao recebimento de vantagens indevidas, procediam ao cadastramento de liminares falsas em favor de IES que não possuíam CND, tampouco ordens judiciais que lhes permitissem a recompra dos títulos.

Além do cadastramento indevido de liminares, também foram identificadas inconsistências quanto ao cadastramento extemporâneo de financiamentos, a fim de beneficiar estudantes de modo individual. Em um dos casos, uma empregada terceirizada do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) alterou, de modo indevido, o seu próprio processo de financiamento e o de seu companheiro.

Também restou demonstrada a existência de indícios de atuação de membros de escritórios advocatícios especializados em direito educacional. Os advogados, representantes de mantenedoras beneficiadas pelas fraudes, atuavam junto aos servidores do FNDE para possibilitar a reativação ou a liberação indevida de processos de recompra de CFT-E.

Até o momento, já foi identificado o envolvimento de, pelo menos, 20 faculdades localizadas em diferentes unidades da Federação. O nome da operação, “Falsa Tutela”, faz alusão às decisões interlocutórias cadastradas de modo ilícito e/ou contrafeitas em favor das diversas Instituições de Ensino Superior.

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