Peritos avaliam 750 notas falsas todo ano; maioria sai do tráfico
Desde 2018, foram investigados mais de 500 casos envolvendo dinheiro falsificado. No total, os peritos examinaram além de 3 mil cédulas
atualizado
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Dados levantados pelo Instituto de Criminalística (IC) da Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) revelam que, desde 2018, foram investigados mais de 500 casos envolvendo notas de dinheiro falsificadas. No total, os peritos examinaram mais de 3 mil cédulas.
Segundo a chefe da Seção de Perícias Documentoscópicas, Paula Kimie Fernandes Shimabuko, cerca de 90% das peças examinadas resultam na comprovação de falsificação.
Parte dessas cédulas suspeitas é de R$ 200. Pouco mais de um ano após o lançamento, em 2 de setembro de 2020, peritos criminais identificaram 78 dessas notas falsificadas.
Desde que entraram em circulação, o IC recebeu 80 novas cédulas suspeitas no valor de R$ 200 para exame. Do total, apenas duas voltaram à circulação, pois eram verdadeiras. Em média, foram contabilizadas cinco possíveis falsificações a cada mês.
Reconhecimento de cédulas
A verificação das cédulas, que podem ser em Real ou em moedas estrangeiras, como Dólar ou Euro, é realizada por meio de inspeção ótica ou por exame comparativo semiautomatizado, que é realizado em equipamento próprio para esse fim.
Atualmente, a identificação de notas falsas por meio de equipamento acontece somente com cédulas de Real, uma vez que o aparelho precisa levar em consideração elementos de segurança específicos para cada moeda.
Entretanto, segundo Paula Kimie, é possível programar a tecnologia conforme a necessidade dos exames específicos. “Por meio de filtros e mudanças na iluminação, o equipamento faz uma captação sequencial de imagens para que se chegue ao resultado”, explica a perita.
Segundo ela, os casos mais comuns examinados no IC são de cédulas de pequeno valor. Ela destaca que, normalmente, as apreensões de notas falsas estão ligadas a outras ocorrências, como o tráfico de drogas.
Além das cédulas de dinheiro, os peritos da Seção de Perícias Documentoscópias analisam documentos suspeitos de falsificação, como notas fiscais, atestados médicos, contratos, carteiras de motorista, entre outros.
“As fraudes podem estar ligadas à emissão, como é o caso dos documentos, ou adulteração, como os casos de falsificação de assinaturas”, esclarece Paula. De acordo com a perita, nesse caso, o exame de comparação confronta a assinatura falsificada com escritos verdadeiros da vítima, procurando características que permitam confirmar se é ou não da mesma pessoa.
Em 2021 a Seção de Perícias Documentoscópias desenvolveu um trabalho com o objetivo de categorizar os tipos de falsificações de cédulas que chegam ao IC.
A partir dessa categorização, o Instituto de Criminalística pretende elaborar orientações para serem levadas à população, a fim de que seja mais fácil para comerciantes e cidadãos em geral identificarem fraudes e, deste modo, ajudarem a polícia na apreensão de dinheiro falso.
Raridade
Segundo o Banco Central, há 80 milhões de unidades da nota de R$ 200 em circulação em 2021. Em valor, são R$ 16 bilhões. Foram produzidas 450 milhões de cédulas, mas, desse total, somente 17,8% estão em circulação. As demais permanecem armazenadas no Banco Central.
Em relação às outras, a nota de R$ 200 representa 1,03% do total daquelas em circulação (7,75 bilhões). A maioria das cédulas nas mãos dos brasileiros é de R$ 50, com mais de 2,1 bilhões de notas. As de R$ 100 são mais de 1,8 bilhão e, em terceiro lugar, estão as de R$ 2, com 1,5 bilhão.