“Patinho feio”: policiais penais fazem ato após reajuste da PF e PRF
Categoria, que também conta com técnicos e especialistas responsáveis pelo tratamento de presos, reivindica tratamento isonômico
atualizado
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Cerca de 300 policiais penais federais participaram de um ato pacífico, em frente ao Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos (MGISP), na manhã desta quinta-feira (4/12).
O movimento, idealizado pelos servidores, ocorreu após o governo federal anunciar, na última quinta-feira (28/12), a reestruturação de cargos e salários da Polícia Federal (PF) e da Polícia Rodoviária Federal (PRF). Os agentes alegam ter sido preteridos.
A categoria, que também conta com técnicos e especialistas responsáveis pelo tratamento e pela reabilitação dos presos, reivindica tratamento isonômico com as demais polícias.
Os policiais penais federais são responsáveis pelo Sistema Penitenciário Federal (SPF), que custodia os maiores líderes de organizações criminosas do Brasil, como o chefe-máximo da facção paulista Primeiro Comando da Capital (PCC) Marco Willians Herbas Camacho, o Marcola, e Fernandinho Beira-Mar, do Comando Vermelho (CV).
Além disso, desde o início das operações, em 2006, o SPF nunca registrou fugas ou entrada de celulares em unidades prisionais do sistema.
Confira vídeo da manifestação:
Reajuste
Ao longo dos próximos anos, os salários de servidores da PF e da PRF poderão subir até R$ 10 mil. Em 2023, delegados da classe especial da Polícia Federal, por exemplo, têm pagamento mensal de R$ 30,9 mil. Até 2026, o valor aumentará para R$ 41,3 mil.
Após acordo firmado com o governo federal, seis carreiras da PF e da PRF terão reajustes salariais divididos em três partes, com início em agosto de 2024 e com a terceira etapa prevista para maio de 2026.
Compare como serão os aumentos:
Delegados e peritos da Polícia Federal:
- Salário em 2023: R$ 30,9 mil (especial), R$ 27,8 mil (primeira classe), R$ 24,9 mil (segunda classe), e R$ 23,6 mil (terceira classe);
- Salário em 2024: R$ 34,7 mil (especial), R$ 31,2 mil (primeira classe), R$ 27,2 mil (segunda classe), e R$ 26,3 mil (terceira classe);
- Salário em 2025: R$ 36,4 mil (especial), R$ 32,8 mil (primeira classe), R$ 28,6 mil (segunda classe), e R$ 26,8 mil (terceira classe);
- Salário em 2026: R$ 41,3 mil (especial), R$ 35,3 mil (primeira classe), R$ 30,8 mil (segunda classe), e R$ 27,8 mil (terceira classe).
Escrivães, agentes e papiloscopistas da Polícia Federal:
- Salário em 2023: R$ 18,6 mil (especial), R$ 15,2 mil (primeira classe), R$ 13 mil (segunda classe), R$ 12,5 mil (terceira classe);
- Salário em 2024: R$ 20,9 mil (especial), R$ 17,1 mil (primeira classe), R$ 14,6 mil (segunda classe), R$ 13,9 mil (terceira classe);
- Salário em 2025: R$ 21,9 mil (especial), R$ 17,9 mil (primeira classe), R$ 15,3 mil (segunda classe), R$ 14,1 mil (terceira classe);
- Salário em 2026: R$ 25,2 mil (especial), R$ 19,6 mil (primeira classe), R$ 16,7 mil (segunda classe), R$ 14,7 mil (terceira classe).
Policiais rodoviários federais:
- Salário em 2023: R$ 18 mil (teto) e R$ 10,7 mil (piso);
- Salário em 2024: R$ 18,5 mil (teto) e R$ 11,1 mil (piso);
- Salário em 2025: R$ 19,5 mil (teto) e R$ 11,6 mil (piso);
- Salário em 2026: R$ 23 mil (teto) e R$ 12,2 mil (piso).
Negociações
As correções não foram bem recebidas por todos os servidores, que negociavam há meses com o governo. A gestão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) trouxe de volta a Mesa Nacional de Negociação Permanente, ligada ao MGISP, com participação de integrantes do Executivo e de entidades da administração pública.
Instalada em 2003, no primeiro mandato de Lula, a Mesa de Negociação Permanente ficou paralisada no governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), até voltar em 2023.
Apesar dos diálogos frequentes, os servidores de diversos ramos se dizem insatisfeitos, clima que se reforçou na última semana, quando o governo não incluiu os cargos administrativos nas mudanças salariais anunciadas para a PF e a PRF, bem como publicou normas mais restritivas para funcionários públicos grevistas.
Além disso, a última negociação geral do ano incluiu uma proposta tida como insuficiente pelos servidores, com elevação de salário em 9%, parcelada em duas partes, e ganhos de auxílios para alimentação, saúde e creche.