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O batismo de sangue do PCC que levou sobrinho de PM a ser morto a tiros

Os delinquentes aceitaram a exigência da facção para o “batismo” e mataram a vítima — um sobrinho de PM — à luz do dia, em Brazlândia

atualizado

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1 de 1 PCC-840×577 - Foto: Divulgação

Durante as investigações que precederam a segunda fase da Operação Sicário, que terminou com dois integrantes do Primeiro Comando da Capital (PCC) presos, a 18ª Delegacia de Polícia (Brazlândia) descobriu que a maior facção criminosa do país recrutava novos soldados no Distrito Federal e exigia, como prova de fogo de “batismo”, a execução de parentes de policiais militares da capital da República.

O recrutamento foi levado à risca pelos candidatos. Os delinquentes aceitaram a proposta, e a vítima — um homem de 37 anos sobrinho de PM —, foi morta à luz do dia, na Quadra 58 da Vila São José, em Brazlândia, em 25 de setembro de 2022. Os dois criminosos, atualmente integrantes do PCC, foram presos na ação desencadeada nesta segunda-feira (29/5).

A Operação Sicário cumpre 12 mandados de busca e apreensão, em Brazlândia, em Samambaia, no Riacho Fundo e em Monte Alto (GO), além de 12 ordens de prisão. Entre os alvos, há 11 integrantes do PCC e um do Comando Vermelho (CV). Alguns deles haviam sido condenados e cumprem pena no complexo penitenciário da Papuda. Um deles é Walter Pereira de Lima Júnior, conhecido como “Waltinho”.

Veja imagens da Operação Sicário:

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Integrante do PCC preso nesta segunda-feira
Armas apreendidas pela PCDF na Operação Sicário
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Operação contra o PCC foi deflagrada pela Polícia Civil do Distrito Federal

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Integrante do PCC preso nesta segunda-feira

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Armas apreendidas pela PCDF na Operação Sicário

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Tribunal do crime

Outros recados interceptados pelas investigações mostram dois integrantes do PCC baseados em Brasília decidirem sobre a tortura e o assassinato de um integrante e da companheira dele. Os dois alvos teriam “traído” a facção.

De acordo com as conversas, em meio à tortura, os executores deveriam dizer aos traidores que eles sobreviveriam. Para a facção, isso garantiria a coleta de informações sensíveis antes do assassinato do casal. Os investigadores também captaram a deliberação e a decisão sobre a morte de um inimigo local da organização criminosa.

Recrutamento

Conduzidas pela 18ª DP, as investigações começaram há dois meses, com a prisão de um integrante do PCC responsável pelo recrutamento de novos faccionados. O alvo é filho de Waltinho, identificado como Gabriel dos Santos Lima. À época, as equipes interceptaram ordens de ataque às forças de segurança e à população de Brazlândia.

Após passar pelo “batismo” da facção, o filho de Waltinho teve a missão de “elevar” o nome do PCC na região administrativa e cometer uma série de crimes. Em trocas de mensagens obtidas pelas coluna Na Mira, o faccionado comenta com a companheira dele que havia acabado de entrar para a maior facção criminosa do país: “Agr eu tenho que batiza os cara meu pai me colocou ne uma
facção ak mais n fala pra ninguém n [sic]”.

Em seguida, o criminoso, na mesma conversa, faz ameaças à população de Brazlândia e às polícias: “Nois vai taça fogo nos ônibus e nas viaturas [sic]”. A conversa continuou, e Gabriel disse: “Oxi vai ser uma facção tenebrosa… Aí nois vai manda mata os cara do comboio do cão já [sic]”. A mensagem era uma ameaça a outra facção criminosa, o Comboio do Cão.

Primeira fase

O filho de Waltinho e a companheira dele, Grasielly dos Santos Lima, haviam sido presos na primeira fase da Operação Sicário, em 15 de março último. Na ocasião, Gabriel foi detido em Brazlândia, na Quadra 35 da Vila São José, e a investigada, na QR 512 de Samambaia Sul.

Na casa de Grasielly, a polícia encontrou uma pistola calibre 380, além de porções de maconha e cocaína. Na de Gabriel, porções das mesmas drogas, prontas para o varejo.

As investigações da 18ª DP revelaram que o objetivo do PCC era gerar pânico na cidade, não apenas por meio do recrutamento de integrantes, mas também de ataques contra grupos rivais, policiais e a população. Nos recados transmitidos pela facção e captados pela polícia, os recrutados deveriam retomar as “guerras de sangue” da cidade.

A 18ª DP pediu o compartilhamento com a Vara de Execuções Penais (VEP-DF) dos elementos colhidos, para inclusão do pai do preso no Regime Disciplinar Diferenciado (RDD).

“Há 10 anos, criminosos de Brazlândia matavam uns aos outros em disputas de bairro, chamadas ‘guerras de sangue’. Atualmente, alguns se filiaram ao Comando Vermelho e ao PCC, buscando maior lucratividade na venda de drogas. Cabe à Polícia Civil a identificação e a responsabilização dos faccionados, para restabelecimento da ordem pública”, afirmou Fernando Cocito, delegado-chefe da 18ª DP.

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