Vítima de feminicídio denunciou ex e disse que era “ameaçada 24 horas”
Agressor tinha histórico de violência e ameaças contra a vítima. A mulher chegou a pedir medidas protetivas
atualizado
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Assassinada pelo ex-companheiro, Andreia Crispim de Lima Silva, 50 anos (foto em destaque), já havia registrado ocorrências de ameaça e agressão antes de ser executada na noite dessa quinta-feira (24/8), na Estrutural, no Distrito Federal.
Na última denúncia, registrada em fevereiro deste ano, a mulher chegou a relatar aos policiais que era “ameaçada 24 horas”. O autor, Luis Carlos Ferreira de Vasconcelos, 35, morreu ao tentar atacar policiais militares com uma faca, logo após cometer o feminicídio, na Estrutural.
Na ocasião, a mulher relatou que não tinha coragem de registrar ocorrência contra ele para não prejudicá-lo. Porém, detalhou que era “perturbada dia e noite na porta de sua casa”. Lembrou que, quando dava meia-noite, Luis Carlos passava, dava “pesada” no portão da casa dele e saía correndo.
O homem, constantemente, a chamava de “burra, otária, prostituta e vadia”. Ele chegou a quebrar a lanterna do carro da mulher e discutia devido à divisão de bens. O casal conviveu junto por cerca de seis anos, mas estava separado havia dois. Eles não tinham filhos juntos.
Em outro episódio de agressão, a mulher denunciou que o ex fazia uso de bebidas e cocaína. Em uma das brigas, registrada em março do ano passado, Luis Carlos disse que a vítima merecia morrer. Ela tinha medida protetiva contra o agressor.
Feminicídio
Morto pela Polícia Militar após o assassinato da ex-companheira, Luis Carlos ameaçou explodir a casa onde morava, na Estrutural, quando as guarnições chegaram. O agressor chegou a ligar o gás da residência e pegar um isqueiro. Este foi o 25º feminicídio do Distrito Federal registrado neste ano.
De acordo com policiais militares, as equipes foram acionadas pelos vizinhos, que ouviram uma discussão acalorada entre o casal e relataram que Andreia Crispim de Lima Silva estava gritando muito.
Os militares tentaram negociar a rendição com o agressor. Porém, ainda segundo o depoimento, ele estava muito agitado dentro do imóvel.
O criminoso chegou a confessar que havia esfaqueado a esposa. Os PMs, inclusive, conseguiram ver a mulher deitada ao chão sem se mexer. Durante a negociação, ele também ameaçou matar, supostamente, o filho do casal que também estaria na casa. A todo momento, o homem segurava uma faca e um isqueiro. Gritava que tinha ligado o registro de gás e iria explodir o local. Ele também chegou a pedir para os policiais ligarem para o seu pastor. A ligação, contudo, não surtiu efeito, pois Luis Vasconcelos permanecia alterado.
Conforme o tempo passava, o cheiro do gás ficava mais forte e a vítima permanecia imóvel. Os militares contam que chegaram a fazer um disparo com arma de choque, mas o suspeito teria permanecido em pé. Logo em seguida, os policiais contam que o agressor saiu da casa e tentou ferir as equipes, que reagiram e atiraram ao menos duas vezes.
O Corpo de Bombeiros foi acionado e constatou a morte da mulher. Ela, a princípio, não tinha marcas de perfurações pelo corpo. Dessa forma, os policiais acreditam que a vítima pode ter sido atingida na cabeça, provavelmente com um martelo, que foi apreendido próximo ao corpo.
A vítima já havia registrado ocorrência contra o autor.
O autor chegou a ser encaminhado ao Hospital de Base do Distrito Federal (HBDF), mas não resistiu. Não havia criança na casa. Os vizinhos, no entanto, afirmaram que as brigas eram frequentes na casa. O caso foi registrado na Delegacia especial de Atendimento à Mulher (Deam I), na Asa Sul.