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Morador de rua que se relacionou e roubou deputado é preso no DF

O homem em situação de rua foi detido no Setor Comercial Sul. Ele conta que, antes do assalto, realizou um fetiche do parlamentar

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A Divisão de Capturas e Polícia Interestadual (DCPI) da Polícia Civil (PCDF) prendeu, nesta quinta-feira (9/6), Alisson Santiago de França, o quarto envolvido no assalto ao deputado federal Israel Matos Batista (PSB-DF), conhecido como Professor Israel. O homem em situação de rua foi detido no Setor Comercial Sul (SCS).

Alisson será indiciado por roubo qualificado, e a prisão dele encerra a procura pelos suspeitos no crime ocorrido no dia 20 de abril. Ele e mais três renderam e ameaçaram o político com um facão. O parlamentar entregou carteira, celular e as chaves do carro.

As investigações da 5ª DP (Área Central), no entanto, revelaram um episódio marcado por algumas contradições, que foram reveladas em primeira mão pela coluna.

Em sua versão, Israel sustentou ter sido rendido pelos bandidos quando deixava uma loja de conveniência no Posto da Torre, no Setor Hoteleiro Sul. O lugar ficou famoso no Brasil por ser o epicentro das negociatas que deram origem à Operação Lava Jato. Durante duas madrugadas seguidas, o deputado frequentou o local, que também é um ponto de tráfico de drogas e de prostituição.

O Metrópoles apurou que, naquela noite, Israel interagiu amistosamente com um de seus algozes antes de ter sido vítima de um assalto. As câmeras de segurança flagraram os dois homens caminhando tranquilamente nos momentos que antecederam a emboscada ao político.

Dias depois do ocorrido, a PCDF conseguiu ouvir os suspeitos. Entre eles, Alisson, que, na ocasião, foi liberado após depor. O homem confessou à polícia, na época, ter armado com seus comparsas uma arapuca para o parlamentar. Com a mesma frieza que admitiu o crime também relatou o motivo de estar na companhia de Israel. Até aquele momento, ele não sabia que se tratava de um político.

Israel Batista é vice-líder do PSB na Câmara dos Deputados, integra a Frente Parlamentar em Defesa dos Direitos da População em Situação de Rua e preside a Frente Parlamentar de Educação.

Em relato à polícia, o morador de rua descreveu, detalhadamente, as interações que manteve com o político. Ele contou ter aceitado R$ 50 de Israel para realizar um fetiche do parlamentar. Afirmou também ter comprado três pedras de crack na Rodoviária a pedido do integrante do Congresso Nacional.

O homem, que foi indiciado pela Polícia Civil, descreveu, no último dia 24/5, que estava perto do Posto da Torre catando latinhas e fumando crack, quando foi abordado por Israel. Em determinado momento, segundo o dependente químico, o parlamentar teria perguntado se ele gostaria de ganhar R$ 50. Em troca, teria de realizar um fetiche sexual do congressista. O homem sustentou em seu depoimento que aceitou a proposta, e o ato teria sido realizado em via pública, próximo ao prédio do Sicredi.

O morador de rua também disse aos policiais que Israel teria pedido para ele indicar onde poderiam comprar três pedras de crack. Segundo contou em depoimento, os dois foram juntos adquirir a droga. No retorno, o deputado, então, foi abordado pelo trio de bandidos. Ao notar que Israel era um alvo fácil, o morador de rua armou com seus comparsas um assalto.

O que disse o deputado

Em conversa telefônica com a reportagem no dia 31/5, o deputado afirmou que estava embriagado na noite do ocorrido e que havia tomado “hiperdosagem de Alprazolan”, medicamento usado no tratamento de distúrbios de ansiedade. “Eu estava muito bêbado, e estou fazendo um trabalho psiquiátrico sobre cigarro e bebida”, disse Israel na ocasião. Em seguida, o parlamentar enviou nota, que segue na íntegra:

Quanto à reportagem publicada pelo Metrópoles, o deputado Professor Israel afirma que:

Foi vítima de uma cruel e armada emboscada, como consta em todos os depoimentos dos envolvidos, seguida do crime de roubo, em que foi agredido e ameaçado com arma branca.

Todos os envolvidos foram devidamente indiciados e já respondem na Justiça como réus pelo crime. Os depoimentos, que só foram prestados após ampla divulgação na mídia da condição de parlamentar da vítima, são contraditórios e apresentam uma versão que parece ser apenas uma tentativa desesperada dos envolvidos de se furtarem à responsabilidade pelo crime que cometeram.

Além de apresentarem fatos inverídicos, teceram diversos comentários preconceituosos, que indicam claros objetivos de prejudicar a vítima, provavelmente por ser ela pessoa pública e assumidamente homossexual.

Ao sofrer o assalto, a vítima imediatamente procurou as autoridades competentes e teve todo o suporte necessário da Polícia Militar e da Polícia Civil.

O parlamentar tem um mandato combativo e relevante e confia na Justiça para elucidar este episódio“.

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