Mensagens em redes sociais propagam operação tartaruga na PMDF
A antecipação estava prevista para agosto, mas foi vetada pelo GDF. O interstício é o intervalo de promoção de uma patente para outra
atualizado
Compartilhar notícia
Policiais militares do Distrito Federal têm usado as redes sociais para se manifestarem contra a vedação à redução de interstícios para promoções nas carreiras militares durante o período das eleições de 2022. A antecipação estava prevista para agosto, mas foi vetada pelo Governo do Distrito Federal (GDF). Com isso, a próxima promoção deverá ocorrer apenas em dezembro.
O interstício é o intervalo de promoção de uma patente para outra, pretendida por praças e oficiais. Atualmente, soldados levam até 10 anos para conseguir uma chance de promoção para cabos no DF.
A PMDF depende da redução do interstício para acelerar as promoções, diferentemente do Corpo de Bombeiros Militar do DF (CBMDF). No caso da Polícia Militar, a corporação precisa sempre de decreto do governo para diminuir o tempo de espera.
“No passado, em períodos eleitorais, sempre ocorrera a redução de interstício, sempre fora considerada legal e constitucional, não se sabe o porquê de agora não mais ser. Ficamos mais confusos ainda quando o Corpo de Bombeiros fez (a promoção), mas a determinação a nós foi outra”, criticou Carlos Vitório, presidente da Caserna, associação de PMs.
Na sexta-feira (19/8), militares reuniram-se em frente ao Palácio do Buriti a fim de cobrar uma posição do governador Ibaneis Rocha (MDB). Segundo o grupo, a antecipação estaria garantida para este mês.
“De repente, recusam-se a reconhecer aqueles que bateram todos os recordes de apreensões, prisões em flagrante e redução de criminalidade. Ficar em casa aguardando que milagrosamente tomem uma postura por nós não é mais opção”, destacaram em nota que circula em grupo de militares.
Diante do veto da redução de interstícios, perfis do Instagram não oficiais e grupos de WhatsApp formados por policiais militares do DF transmitem informações e palavras de ordem orientando a tropa a relaxar o policiamento ostensivo de modo a promover a chamada “operação tartaruga” — quando diminuem o volume e a velocidade de trabalho na corporação intencionalmente.
Transitar com as viaturas na velocidade da via e evitar utilizar aparelho celular e internet pessoal são algumas das iniciativas sugeridas para a desaceleração no rendimento dos policiais militares.
Veja os prints:
A Caserna, que representa parte dos praças da PMDF, não compreende como lícito o que se denomina de “operação tartaruga”. “Para nós, como missão constitucional, os policiais militares devem se ater ao princípio da legalidade, bem como nas recentes decisões do Superior Tribunal de Justiça, as quais, em cunho garantista, asseguram maior proteção aos direitos dos indivíduos sob o trato das forças de segurança pública. Assim como os demais servidores do Estado, os policiais militares devem fazer só o que está na lei”, afirmou em nota.
Recomendação do MPDFT
Integrantes do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) participaram de uma reunião, em 4/8, no auditório do Colégio Tiradentes, gerido pela PMDF, com todos os comandantes de unidades da corporação. O recado foi claro: parlamentares ligados à PMDF e gestores militares devem se abster de propor ou editar ato efetivando a redução de interstício para as promoções de oficiais e praças.
A coluna apurou com representantes do MP que, caso a recomendação não seja seguida, haverá punição aos responsáveis: “Se insistir, há um risco de multa”, disse um promotor ouvido pela reportagem.
A decisão ocorreu após candidatos utilizarem a suposta redução para tentar angariar votos e capitalizar as promoções como se fossem uma vitória pessoal. A organização de eventos pelas redes sociais, como feijoadas, para reforçar a mobilização pelas promoções, foram rechaçadas pelo MP.
“Considerando a publicação em redes sociais de proposta formulada por parlamentar distrital candidato à reeleição no sentido de que o comando promova a redução do interstício para a promoção de oficiais e praças”, aponta trecho da recomendação.
Leia a recomendação do Ministério Público:
O que diz a PMDF
O Metrópoles entrou em contato com a Polícia Militar do DF para posicionar-se sobre o assunto, mas não obteve resposta até o fechamento desta reportagem. O espaço segue aberto para futuras manifestações.