Mecânico denuncia que perdeu R$ 72 mil com golpe de corretora
A vítima investiu o dinheiro da rescisão contratual que recebeu de uma empresa e fez empréstimo bancário
atualizado
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A Delegacia Especial de Repressão aos Crimes Cibernéticos (DRCC) investiga uma corretora de investimentos que opera por meio de Bitcoins. Alegando altos lucros e saques instantâneos, a empresa AE Contrade afirma ter sede no Reino Unido e ampla experiência no mercado financeiro. O problema é que, após o investimento, as vítimas são orientadas a pagar diversas taxas para poder reaver a quantia, muitas ainda não receberam.
No Distrito Federal, um mecânico de 53 anos, morador do Recanto das Emas, lamenta prejuízo de R$ 72.480. Sem se identificar, por medo de represálias, ele conta que conheceu a empresa por meio de outro investidor.
“A pessoa que me convidou mostrava alguns saques que ele mesmo tinha feito. No site, eles diziam ser líderes de mercado. Vi que policiais e advogados também acreditaram e entraram. A empresa se diz internacional, atua em 80 países, e está ativa no momento”, explicou. O mecânico, então, investiu o dinheiro da rescisão contratual que recebeu de uma empresa e fez empréstimo bancário.
O site da corretora garante que os saques são instantâneos e gratuitos. Porém, segundo as vítimas, não é verdade, uma vez que há taxas que não constam nos contratos.
“O investidor tenta sacar e não consegue. Ao falar com o administrador, ele responde apenas que esqueceu de avisar. Os valores são altos, e ninguém sabe exatamente quantas taxas são, nem eles mesmos. A pessoa paga até o suporte dizer que acabou a dívida”, reclamou o brasiliense.
Ele alega que realizou diversas transferências, via Pix, na tentativa de reaver o investimento. “Entrei em contato e inventaram mais uma taxa altíssima, que não paguei, pois não tinha mais dinheiro nem crédito no banco para mais empréstimos. Hoje, aparece na minha conta da AE Contrade uma taxa como pendência que impede de sacar. Não reconhecem que erraram. Não negociam”, desabafou.
Quando não tinha mais como esconder as taxas, o investidor que convenceu o mecânico a fechar negócio afirmou que também teve de pagar e acabou se tornando membro da empresa.
“Eles são tipo fantasmas e mentem o tempo todo, não atendem telefone e não estão nas redes sociais. Já descobri até membro de lá com nome e foto falsa no telegram. A pessoa entra fazendo um depósito mínimo de 100 dólares, vai aplicando, com o intuito de poder sacar o rendimento a qualquer hora, sem gastos e instantaneamente”, completou outra vítima.
O outro lado
A Polícia Civil do Distrito Federal confirmou que o caso está em apuração, mas não forneceu mais detalhes. A empresa não foi localizada pela reportagem. O espaço segue aberto para manifestação.