“Matança generalizada”, extorsão e propina: como agem milicianos no RJ
Milícia de Zinho foi alvo de operação da PF e do MP no Rio de Janeiro, que investiga mortes e outros crimes cometidos pelo bando
atualizado
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Operação deflagrada nesta quinta-feira (25/8) no Rio de Janeiro pela Polícia Federal e o Ministério Público traz mais detalhes de como agem os milicianos na Zona Oeste da capital carioca. Segundo as investigações revelaram, os alvos, que chefiam organizações criminosas, comandam um esquema de extorsão, posse e porte de fuzis, comércio ilegal de armas de fogo, pagamento de propinas a agentes das forças de segurança, além de diversos homicídios, que “são incessantemente planejados e executados contra criminosos rivais, que integram a milícia comandada por Danilo Dias, conhecido como “Tandera”.
Quem é Zinho, chefe da maior milícia do Rio e alvo da Polícia Federal
De acordo com o MP, as provas colhidas até o momento evidenciam uma “matança generalizada” fomentada pela organização, que tem como pilar para o seu funcionamento e a sua manutenção a destruição dos integrantes da milícia rival e de quaisquer pessoas que possam auxiliar os seus inimigos, ou prejudicar o andamento de suas atividades criminosas. A investigação ainda revelou que há criminosos destacados exclusivamente para fazer, de forma incessante, o levantamento de dados pessoais e a vigilância dos alvos que devem ser “abatidos”.
A quadrilha também extorque, de forma reiterada, cobrando pelo pagamento de “taxas” de comerciantes e prestadores de serviço que ousam empreender nas áreas que são por ela subjugadas, independentemente da capacidade financeira dos empreendedores. Até as informais barraquinhas de rua, que vendem lanches, são achacadas pelos criminosos, diz o MP.
Entre os alvos da ação está Geovane da Silva Mota, o GG — um dos chefes da milícia —, que foi encontrado em um hotel de luxo na cidade de Gramado, no Rio Grande do Sul.
Luís Antônio da Silva Braga, conhecido como Zinho, é outro alvo da operação. Ele é suspeito da morte do ex-vereador Jerônimo Guimarães Filho, o Jerominho, no dia 4 de agosto, em Campo Grande, na Zona Oeste do Rio. Ao todo, oito pessoas foram presas.
Executado a tiros, o ex-vereador Jerônimo Guimarães Filho, conhecido por seus eleitores como Jerominho, era apontado como um dos fundadores da milícia na cidade do Rio. Ao lado do irmão Natalino Guimarães, ele criou o grupo batizado de Liga da Justiça, que estabeleceu o domínio de milicianos (inicialmente) no bairro de Campo Grande, na zona oeste carioca.
Zinho é suspeito de comandar organização criminosa que tem a participação de policiais e ex-policiais. O paramilitar é irmão do também miliciano Wellington da Silva Braga, o Ecko, morto em operação policial em junho do ano passado, que comandava a organização então chamada de “Bonde do Ecko”.
Na ação desta quinta, cerca de 120 policiais federais saíram às ruas para cumprir 23 mandados de prisão temporária e 16 de busca e apreensão, todos na região da Zona Oeste, expedidos pelo Juízo da 1ª Vara Especializada no Combate ao Crime Organizado da Capital.
Caveirão da milícia
Esta semana, a Polícia Civil do Rio encontrou um carro-forte usado como uma espécie de “caveirão” pela milícia liderada por Danilo Dias Lima, o Tandera. O veículo, que tem indícios de ser comercial, vai passar por perícia.
O “caveirão” foi encontrado nessa terça-feira (23/8), em Cabuçu, em Nova Iguaçu, Baixada Fluminense, durante investigação sobre o desaparecimento de quatro jovens no município. Agentes da Coordenadoria de Recursos Especiais (Core) e da Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas e Inquéritos Especiais (Draco) participaram da ação.