Marcola, Beira-Mar e 157. Onde estão os bandidos mais temidos do país
Enquanto chefões do PCC cumprem pena em Brasília, os cabeças do rival Comando Vermelho estão em Porto Velho (RO)
atualizado
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Órgãos de segurança pública estaduais e federais seguem em alerta máximo para reagir em casos de ataques desencadeados pelo Primeiro Comando da Capital (PCC). O “salve”, espécie de ordem da cúpula da facção para matar policiais ainda está em vigor. Uma das datas supostamente marcada pelos criminosos cai neste domingo (3/12).
Uma série de transferências envolvendo integrantes do alto escalão de algumas das maiores organizações criminosas ocorreram para tentar quebrar a comunicação entre as lideranças encarceradas e o exército de soldados do crime nas ruas. Ao passo em que os chefões do PCC estão nas celas individuais na Penitenciária Federal em Brasília (PFBRA), os cabeças do Comando Vermelho (CV) estão na Penitenciária Federal em Porto Velho, Rondônia.
A coluna levantou que os principais líderes do CV estão detidos em Porto Velho. A unidade mais afastada entre as cinco penitenciárias é a que mais sofre com policiais penais afastados por problemas psicológicos e de saúde. “Muitos estão sobrecarregados. Precisamos que a categoria seja valorizada e que o efetivo aumente”, disse um dos servidores, sem se identificar.
CV em RO
Um dos líderes do Comando Vermelho, Néstor “Bigode” Báez Alvarenga, foi preso em setembro de 2018 em Assunção, capital do Paraguai. Considerado um dos homens mais procurados da América do Sul, o narcotraficante estava desaparecido desde 2011 depois de ser preso e liberado por falta acusações contra ele.
Bigode é considerado um dos braços direito de Fernandinho Beira-Mar, que atualmente está encarcerado no Presídio Federal de Campo Grande (MS). Eles atuavam juntos no tráfico de drogas e lavagem de dinheiro no abastecimento do CV nos morros do Rio de Janeiro. Mesmo depois de detido, Beira-Mar enviava aos seus comparsas bilhetes dando ordens para a continuidade do tráfico de cocaína que chegava até as favelas cariocas sob o comando do paraguaio.
Outro integrante da mais alta cúpula do CV, preso em Campo Grande, é o traficante Rogério Avelino da Silva, conhecido como Rogério 157. Preso desde 2017 e conhecido pela violência, principalmente por ordenar que rivais fossem queimados vivos no chamado “micro-ondas” — quando vítimas eram incineradas dentro de pneus —, Rogério foi até visto como troféu entre integrantes das forças de segurança. Equipes da Polícia Civil do Rio de Janeiro chegaram a posar para selfies ao lado o traficante.
Regalias
Nesta semana, a coluna relevou a existência de uma lista com algumas regalias que deveriam beneficiar, também, os criminosos que estão encarcerados no Complexo Penitenciário da Papuda, em Brasília. O Metrópoles teve acesso à série de exigências feitas pelos faccionados. Entre elas, estão a ampliação do tempo das visitas e a melhoria na qualidade da comida servida nas cadeias.
A coluna apurou que os detentos querem o retorno do antigo sistema de visitação, quando os parentes entravam nas cadeias às 9h e permaneciam até as 15h. Atualmente, as visitas ocorrem em blocos de duas horas. O descontentamento do PCC pode provocar ataques violentos ao redor do país, além de manifestações organizadas por parentes de apenados em frente ao Conselho Nacional de Justiça (CNJ),
Veja regalias exigidas pelo PCC para recuar em ataques:
- Extensão do tempo de visitas – das 9h às 15h;
- Melhoria na qualidade da alimentação servida para os detentos;
- Reduzir a superlotação das celas, redistribuindo os encarcerados para outras unidades prisionais;
- Aumentar o rol de critérios de análise para que a visita íntima possa alcançar mais presos.
Superlotação incomoda
Entre as regalias que fazem parte do rol de exigência dos presos, está a redução do número de detentos nas celas da maioria da cadeias públicas espalhadas pelo país. Os facionados querem que ocorram remanejamentos para unidades com quantidade menor de internos.
A qualidade da comida servida cinco vezes por dia em todas as unidades prisionais também consta na lista da facção. A coluna apurou que a revolta dos condenados ganhou força após o fechamento das cantinas, que ofereciam uma série de alimentos, como bolos, biscoitos e chocolates. No entanto, o dinheiro que circulava dentro da Papuda também fomentava o tráfico de drogas.
Por fim, os facionados também querem flexibilização relacionada à questão das visitas íntimas. Atualmente, o benefício é muito restrito, e a massa carcerária quer aumentar os critérios de análise para que mais presos sejam alcançados pela benesse.
Leva e traz do PCC
Uma detenta que cumpre pena no Presídio Feminino (PFDF) e estava em regime de trabalho externo foi interceptada enquanto levantava e repassava informações de servidores para criminosos que atuam nas ruas.
A descoberta ocorreu há cerca de seis meses, e a presidiária perdeu o direito ao trabalho externo. Depois, ela foi incluída na chamada “tranca” — quando o interno fica no regime fechado.
Um advogado também teria sido identificado por levantar informações sobre servidores. Ele atenderia a um grupo de faccionados supostamente ligados ao PCC e atuava como um “leva e traz” de ordens, de dentro das cadeias para a rua.