metropoles.com

Mansão de R$ 40 mi e Porsche: como ex-PM fingia riqueza para dar golpe

Por um ano, Djair alugou uma mansão avaliada entre R$ 35 e R$ 40 milhões, no condomínio Mansões, na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro

atualizado

Compartilhar notícia

Google News - Metrópoles
Reprodução
mansão na Barra da Tijuca
1 de 1 mansão na Barra da Tijuca - Foto: Reprodução

Mansões milionárias, carros superesportivos e viagens internacionais estampavam as redes sociais do ex-policial militar Djair Oliveira de Araújo. A rotina de ostentação registrada em vídeos e fotos servia para inspirar e estimular investidores a despejarem grandes quantias em sua empresa de investimentos. Com a promessa de pagar mensalmente dividendos que alcançariam 5% do valor aportado, policiais venderam imóveis e contraíram empréstimos consignados para aportar no negócio.

Por cerca de um ano, Djair alugou uma mansão avaliada entre R$ 35 milhões e R$ 40 milhões, no condomínio Mansões, na Barra da Tijuca, um dos mais caros e exclusivos do bairro na zona oeste do Rio de Janeiro. A coluna teve acesso a extratos bancários que comprovam o pagamento de aluguel mensal no valor de R$ 65,9 mil.

Para se ter ideia, o meia Lucas Paquetá, que atualmente joga no time inglês West Ham, e o atacante Vinícius Jr., do Real Madrid, são os jogadores de futebol que têm imóveis no condomínio de luxo. Outro famoso que reside no Mansões é Marcelo Falcão, músico, compositor e ex-integrante da banda O Rappa.

Veja imagem da mansão alugada pelo ex-PM:

Carrões superesportivos

Quando o assunto era circular pelas ruas do Rio de Janeiro, o ex-militar não poupava recursos. Postagens feitas por ele nas redes sociais sempre ostentavam carrões esportivos de marcas alemãs como Mercedes e Porsche. Djair costumava gravar conteúdos à bordo de uma  GLC 63 AMG blindada.

O veículo de luxo  custa em torno de R$ 1 milhão e possui mais de 500 cavalos de potência. A SUV esportiva aparece em vários vídeos gravados na orla do Rio de Janeiro pelo trader que se apresentava um “gênio” do mercado financeiro. Apenas uma das vítimas, um engenheiro civil que acreditou no suposto potencial do ex-PM, transferiu um total de R$ 595 mil. Ele perdeu todo o dinheiro.

A ostentação era o chamariz para captar militares que queriam investir e supostamente ganhar altos rendimentos. O ex-policial montou um luxuoso escritório para as operações financeiras em um prédio no Recreio dos Bandeirantes, zona oeste do Rio. Um grande número de policiais militares e profissionais liberais de outras áreas começou a fazer parte da carteira de clientes de Djair, que garantia ter lucro entre R$ 10 mil e R$ 20 mil todos os dias operando no mercado financeiro.

Veja imagens da Mercedes usada pelo ex-militar:

Rastro de vítimas

O ex-militar se apresentava como CEO da empresa Dektos, que buscava investidores para injetarem capital e assim aumentar as operações da empresa.

Pelo menos 20 pessoas que perderam grandes quantias se reuniram em um grupo de WhatsApp para trocar informações e tentar reaver o dinheiro perdido.

A coluna conversou com duas vítimas que perderam muito dinheiro. Um ex-policial militar, que serviu ao lado de Djair na Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) do Morro dos Macacos e depois na Babilônia, foi atraído pelas promessas de altos ganhos e depositou R$ 330 mil nas contas do colega de farda.

A vítima, que preferiu não ter o nome divulgado, afirmou que Djair prometia 5% de juros sobre os valores aportados e que não haveria risco nas operações financeiras.

“Parte das pessoas que botaram dinheiro na empresa havia trabalhado com ele. Como Djair tinha um amigo no Bope [Batalhão de Operações Especiais (Bope) , ele conseguiu ter acesso a outros policiais de lá e chegou a levar três ou quatro para trabalharem com investimento. Um desses “caveiras” chegou a fazer a segurança do Djair”, contou.

Perda de R$ 330 mil

O ex-policial que se tornou cliente de Djair explicou que o suposto trader também criou a “Trade in flow”, um projeto de mesa proprietária para operar uma série de produtos no mercado nacional e internacional.

“Meus R$ 330 mil ficaram na empresa por quatro anos e eu fazia poucos saques, uns cinco em todo o período. Eu deixava o montante rendendo juros sobre juros. No entanto, um um belo dia, o dinheiro desapareceu”, afirmou.

Ao todo, caso o ex-soldado da PM fluminense tivesse de pagar os dividendos de rentabilidade, o valor chegaria próximo de R$ 2 milhões, segundo a vítima.

“Tentei todos os acordos judiciais possíveis, pedindo apenas que ele devolvesse o valor que havia sido aportado. Ele nunca deu retorno. Após as cobranças constantes, ele me bloqueou no WhatsApp e nas redes sociais”, disse.

Outro lado

Procurado pela coluna para comentar as acusações, o CEO da Dektos afirmou que existe um procedimento investigatório em andamento e que está “muito tranquilo a respeito das acusações”. Djair ressaltou que sua empesa não quebrou e segue operando normalmente. “Minha empresa continua em atividade, tivemos uma fase difícil no início do ano, mas essa acusação de golpe é infundada”, garantiu.

O ex-militar se defendeu afirmando que duas pessoas que o acusam de golpe eram funcionárias dele e receberam valores equivalentes ou superiores ao montante que aportaram na empresa. “Cabe ressaltar que eles trabalham em média dois anos na empresa comigo, inclusive no setor financeiro e só investiram na empresa por trabalharem nela”, disse.

Djair ressaltou que possui comprovantes de transferências que superam os valores aportados pelos clientes:  “Nunca fiz captação de recursos de forma indiscriminada. Minha empresa trabalha com a venda de sistemas e infoprodutos e toda receita obtida vem disso”, defendeu.

Por fim, o trader destacou que a alegação de que deu golpe em milhões não é real: ” Todos que investiram na empresa eram funcionários (95%) e os demais, parentes meus ou amigos muito próximos. A empresa segue em atividade e sigo pagando a outras pessoas normalmente. Essas pessoas que me acusam, querem receber valores incompatíveis com o que é devido e eu estou aguardando a decisão da justiça. Porém a maioria não entra no âmbito civil para que seja discutido pois o real motivo é que estão tentando usar o Judiciário para me coagir”, finalizou.

Quais assuntos você deseja receber?

Ícone de sino para notificações

Parece que seu browser não está permitindo notificações. Siga os passos a baixo para habilitá-las:

1.

Ícone de ajustes do navegador

Mais opções no Google Chrome

2.

Ícone de configurações

Configurações

3.

Configurações do site

4.

Ícone de sino para notificações

Notificações

5.

Ícone de alternância ligado para notificações

Os sites podem pedir para enviar notificações

metropoles.comNotícias Gerais

Você quer ficar por dentro das notícias mais importantes e receber notificações em tempo real?