Mãe denuncia clínica por negar atendimento a filho autista: “Chocada”
Ao marcar a consulta em uma clínica especializada em desenvolvimento infantil, mãe recebeu a recusa de atendimento ao filho. Veja mensagens
atualizado
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Uma clínica em Taguatinga Sul é acusada de negar atendimento a uma criança com Transtorno do Espectro Autista (TEA), de 6 anos. Ao tentar marcar uma consulta para o filho Eduardo, que tem autismo nível 3 de suporte, a professora Malu Nogueira recebeu como resposta: “Esse grau de autismo nós não atendemos”.
A mensagem foi estarrecedora para a mãe, que denunciou a suposta negligência à Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF). O caso ocorreu em 26 de abril.
A clínica Allegra nega que tenha havido negligência e discriminação com a criança. De acordo com a coordenadora de autismo da unidade, Thalyta Macaúba, a clínica atende cerca de 400 pacientes com autismo nível 3. Segundo ela, a mãe teria conversado com uma funcionária que não era especializada no atendimento.
“A mãe nunca conversou com as pessoas especialistas da clínica. Ela tomou como discriminação o que uma funcionária passou”, completou.
A mãe disse que a resposta criou um espanto. “Na hora, me faltaram lágrimas, porque fiquei extremamente chocada. Não imaginava que um local destinado a crianças como meu filho teria essa segregação relacionada aos níveis de autismo”, destacou a mãe.
A mulher havia procurado a clínica para agendar sessões de fonoaudiologia, psicologia e psicopedagogia para a criança. Inicialmente, conseguiu marcar, mas quando informou o autismo da criança teve o atendimento recusado.
“Dói. É o mesmo que ouvir ‘Aqui atendemos todas as crianças, mas a sua não’. E quando olho para ele em casa, é um menino de 6 anos, ingênuo, puro, amoroso, que só precisa de amor e muito estímulo”, completou a mãe.
No site da clínica, a unidade oferece atendimento a pacientes com necessidades especiais pediátricos. No local, entre outras especialidades, há pediatria, odontologia, psicologia, fonoaudiologia, nutrição, psicopedagogia, testes psicológicos e avaliação neuropsicológica.
Após o ocorrido, a mãe publicou em grupos de pais de crianças autistas e recebeu apoio. Ela, então, decidiu fazer a denúncia na segunda-feira (29/4).
“O preconceito é frequente, mas esse é o tipo de lugar onde esperamos encontrar acolhimento, apoio e tratamento de qualidade, não o capacitismo. A clínica chegou a usar um tom ameaçador que iria me identificar para processar quando divulguei para alertar outras famílias atípicas.”
De acordo com a Lei Brasileira de Inclusão, é proibido recusar, retardar ou dificultar internação ou deixar de prestar assistência médico-hospitalar e ambulatorial à pessoa com deficiência.
Após a reportagem, a clínica Allegra explicou que foi feita a orientação para os funcionários e que a própria coordenadora Thalyta Macaúba ligou para a mãe para informar a situação da clínica. Segundo a especialista, uma clínica só pode também atender em caso de estrutura. “Aqui é algo pediátrico, se alguém vir pedir um atendimento ginecológico não vai ter estrutura para receber”, alegou.
A profissional alegou que nunca houve discriminação e que foi apenas um mal-entendido. “A clínica tem um espaço específico para atender pacientes autistas e atende mais de mil, sendo cerca 40% nível 3.