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PCDF investiga denúncia de golpe de R$ 136 mil em venda de Mercedes

Vítima buscou concessionária para uma venda consignada de uma Mercedes-Benz C300. Loja que vendeu o veículo e não teria repassou o dinheiro

atualizado

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Jim Fawns/Pexels
Imagem colorida da parte dianteira de um veículo modelo C300 da marca Mercedes-Benz
1 de 1 Imagem colorida da parte dianteira de um veículo modelo C300 da marca Mercedes-Benz - Foto: Jim Fawns/Pexels

Um morador do Distrito Federal teme ter sido vítima de um golpe na venda de um carro de luxo. Ele deixou o veículo para venda em uma loja de automóveis de luxo, no Setor de Indústria e Abastecimento (SIA), e a venda foi concluída. Porém, o cliente alega que não recebeu o dinheiro. O prejuízo chegaria a R$ 136 mil.

A Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) apura o caso, inicialmente registrado como estelionato. O estabelecimento nega a acusação de golpe. Argumentou que teria pago uma parcela da venda e que teria ficado acordado a quitação do valor com o cliente (leia abaixo).

Em março deste ano, o bancário Armando Morato Júnior, 46 anos, fez um acordo de consignação junto a na GR8 Motors, loja de carros localizada no trecho 2 do Setor de Indústria e Abastecimento (SIA) para vender uma Mercedes-Benz C300 prata. Segundo Armando, em 4 de julho, a loja repassou o carro por cerca de R$ 195 mil a uma compradora.

De acordo com Armando, debitadas taxas gerais e de comissão — a concessionária ficaria com 6% do valor da Mercedes-Benz C300, o que foi aceito pelo cliente — o total a ser transferido a ele pela loja seria de R$ 136.884,30. O homem, no entanto, afirma que não recebeu o dinheiro.

Em meio a ligações, mensagens e visitas presenciais, o bancário diz estar sendo “enrolado” pelo dono da concessionária e pelo vendedor que intermediou o negócio inicialmente. O ex-proprietário da Mercedes-Benz diz que ainda não recebeu centavo algum pelo veículo.

Dinheiro na conta

O gerente da loja teria dito a Armando que já havia recebido o valor da venda do automóvel, mas que estava com um bloqueio judicial na conta bancária e, por isso, não teria consguido acesso ao dinheiro. Ao Metrópoles o cliente disse que procurou a loja, porque foi lá que ele comprou o veículo, em 2020. “À época, deu tudo certo”, conta.

Armando fala que já recebeu várias as desculpas da concessionária. “O atual argumento deles é que eles tiveram um bloqueio judicial na conta e perderam o dinheiro. Prometeram pagar em 10 dias, depois, em mais 10, e até agora, nada. De julho pra cá, falaram que a transferência para o novo dono teve atraso, que a financeira que pagaria demorou no processo… Eles montam todo um teatro, com os funcionários da loja inclusos, ficam só enrolando”, argumenta o bancário.

O homem lamenta o transtorno. “Tive que pegar dinheiro emprestado aqui e ali para arcar com os meus compromissos. Eu tinha dívidas de R$ 35 mil, R$ 40 mil, que eu pagaria com o dinheiro da venda do carro”, comenta Armando.

Outras reclamações

O Reclame Aqui, site onde consumidores podem reunir reclamações e mais informações sobre empresas brasileiras, a na GR8 Motors acumula queixas de outros clientes, que parecem ter tido problema semelhante aos de Armando.

“Um veículo Volvo V40 2017/18 foi consignado para venda pela concessionária. Em junho de 2024, recebi uma proposta de venda. A primeira parte do pagamento só foi feita cinco dias após a data combinada, e o saldo restante foi pago apenas parcialmente”, contou um cliente no site, em julho deste ano. “Até o momento não obtive sucesso em receber o valor devido.”

Outra cliente, em agosto deste ano, citou mais um caso. “Eles me procuraram para comprar o meu carro. Assinei um contrato, mas fui enganada e furtada. Até agora não me pagaram. A dona me agrediu quando eu fui lá, e o dono me ameaçou.”

Outro lado

O Metrópoles entrou em contato com o proprietário da loja de carros, Conrado Augusto Aires, 45. O empresário confirmou a negociação e a venda. No entanto, argumentou que já pagou uma parcela do valor devido a Armando. Segundo a empresa, teriam sido pagos R$ 46.415,70 ao antigo dono do carro. O pagamento não foi concluído por conta de problemas judiciais, mas a empresa já ofereceu um acordo para assegurar a quitação.

Segundo a loja, o carro tinha débitos em aberto junto ao Departamento de Trânsito (Detran-DF), incluindo o Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores (IPVA). O automóvel não podia rodar dessa forma. De acordo com a empresa, foram pagos R$ 21.337. De acordo com a loja, os valores foram descontados do montante devido à Morato.

Além disso, a Mercedes Benz ainda não estava quitada antes da revenda. A loja alegou pagou via PIX diretamente para Armando R$ 23.078,70 referentes as últimas parcelas em aberto para a quitação carro de luxo. A empresa ainda gastou R$ 2 mil em reparos no veículo.

O proprietário da loja argumentou que após a venda, sofreu um bloqueio na conta bancária por decisão judicial. A conta estaria bloqueada até está quarta-feira (25/09). O imbróglio seria consequente de um empréstimo não pago pelo ex-sócio do estabelecimento.

Tentativa de acordo

Ressaltando que teria pago uma parte do veículo, a loja destacou que chamou o cliente para negociar o pagamento do restante devido. Seria um acordo, como um termo de confissão de dívida, definindo uma data de pagamento para os próximos meses. O empresário ressaltou que jamais declarou que não pagaria o cliente.

“Eu vou pagar. Vai ser pago. Só que eu prefiro fazer o acordo porque estou com o problema de bloqueio nessa conta. Então, não estou tendo recurso agora disponível para pagar ele à vista. E está tendo a boa-fé da gente chegar e conversar com ele”, afiançou Conrado.

Tréplica

Diante das alegações da GR8 Motors, o Metrópoles entrou em contato novamente com o ex-proprietário da Mercedes-Benz. Morato reafirmou que não recebeu valor algum. “O que ele pagou? O saldo devedor do carro, IPVA, oficina e multas. Eu não recebi nenhum centavo. Ele pagou para entregar o carro. É diferente dele ter me pagado. Ele me deve R$ 136.884,00. Desse valor, ele não pagou nenhum centavo”, assinalou.

Morato apresentou sua versão sobre a tranfesrência do PIX. “Eles me ligaram dizendo que não estavam conseguindo pagar o saldo devedor e perguntou se não poderia me passar o dinheiro para eu pagar. Era referente a quitação do saldo devedor do veículo. Eu disse que sim. Ele passou o PIX e paguei”, explicou.

Morato admitiu os débitos pendentes do carro, a exemplo do IPVA. Mas destacou que desde o início das negociações não pleiteou os valores das despesas necessárias para a venda. “Não estou pedindo R$ 200 mil. Estou pedindo os meus R$ 136 mil, que é a minha parte do carro”, reforçou.

Sobre a questão do possível acordo, Armando argumentou que não pode aceitar um novo parcelamento. “O carro foi vendido em junho. Estamos em setembro. Não recebi um centavo. O que pude fazer e fiz foi ter dado mais tempo. Concedi mais prazo para ele me pagar. Vocês não têm a mínima noção do transtorno que isso me causou. Precisei tomar remédios. Tive que pegar dinheiro emprestado com minha esposa. Tenho compromissos financeiros”, concluiu.

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