“Lobo de Ceilândia Street” fez fortuna com venda de falsos robôs
Isaque Nilton Dias teria mudado rapidamente seu estilo de vida após lançar nas redes sociais um projeto financeiro chamado Botmoney
atualizado
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Com a promessa de lucros diários garantidos por um robô que garimpa as melhores oportunidades no mercado de renda variável, um operador financeiro obteve a confiança de dezenas de investidores no Distrito Federal. No entanto, o que seria uma forma de multiplicar os valores aportados se transformou em prejuízo aos clientes que acusam o trader de estelionato.
Isaque Nilton Dias da Silva é morador do Sol Nascente e teria mudado rapidamente seu estilo de vida após lançar nas redes sociais um projeto financeiro chamado Botmoney. A proposta do “Lobo de Ceilândia Street” – uma referência ao filme Lobo de Wall Street – era simples: o cliente comprava o robô virtual por cerca de R$ 480 e, depois, teria acesso a um suporte com orientações fornecidas pela equipe do investidor.
Com as ferramentas em mãos, os clientes eram incentivados a aportar valores em dólares a fim de fazer a banca girar e, assim, o robô começava a garimpar as melhores oportunidades de ganhos. “O Botmoney não deixa você se expor ao mercado apenas com seus conhecimentos. Ele analisa e entende o mercado como um todo, buscando o melhor cenário para realizar as operações”, garantia Isaque em postagens em seu perfil no Instagram.
Veja postagens do “Lobo de Ceilândia Street”:
Metas financeiras
Em postagens nas redes sociais, o trader fazia lives, gravava vídeos e mostrava indicativos financeiros pela tela do computador, apontando como conseguia ganhar dinheiro rápido e sem riscos graças à suposta assertividade do robô. “O Botmoney, em alguns minutos, realiza as operações por você e não é necessário ficar o dia inteiro na frente do computador para tentar alcançar suas metas financeiras”, garantia o operador em suas postagens.
Amigos próximos e pessoas conhecidas foram os primeiros compradores do robô oferecido por Isaque. Ainda foram criados grupos no WhatsApp que deveriam funcionar como uma espécie de canal para atendimento de suporte e tirar as dúvidas sobre como era preciso agir para operar o robô no mercado de capitais. Com o passar do tempo, segundo as vítimas, o trader não respondia aos questionamentos.
Confiante, Isaque começou a expor sua nova vida de luxo nas redes sociais, inclusive ostentando carros novos. Um deles foi filmado deixando a concessionária. Cada vez mais evitando o contato dos clientes que haviam investido dinheiro no robô, o trader foi alvo de ocorrência registrada na Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF).
Veja como trader oferecia o robô nas redes sociais:
Prejuízo de R$ 3o mil
A coluna conversou com duas pessoas que investiram quantias no projeto do Botmoney e viram o dinheiro evaporar. Um deles, empresário de 46 anos, relata que questionou vários amigos sobre a idoneidade do operador. “Amigos em comum recomendaram e eu acreditei. Coloquei 10 mil dólares na banca para que o robô fizesse os melhores investimentos. Depois descobri que o Isaque não me repassava os lucros”, disse.
O empresário afirmou que o “Lobo de Ceilândia Street” usava as contas bancárias da mãe e da noiva para lavar e ocultar a movimentação financeira. “Sempre achei muito estranho quando ele falava que o meu dinheiro havia sido depositado na conta de parentes dele. Depois de muita pressão, ele me devolveu cerca de R$ 3 mil, mas o prejuízo foi imensamente maior. Fiquei sabendo que ele usou meu dinheiro para comprar carro zero-quilômetro”, detalhou.
Veja vídeo do trader:
O outro lado
Procurado pela coluna para comentar as denúncias, o operador financeiro afirmou desconhecer qualquer investigação da Polícia Civil. “Todos os clientes já sabiam do risco dentro do mercado financeiro. Foi explicado que qualquer aplicação, de qualquer valor, é de total responsabilidade do cliente”, ressaltou.
Isaque Nilton destacou, ainda, que o conteúdo abordado nas videoaulas explica o procedimento para aplicar o dinheiro.” Porém, o valor, é o cliente quem define, com total responsabilidade do mesmo”, finalizou.